A ACÚSTICA E O ÁUDIO HIGH-END
Acústica
Jorge Knirsch
Introdução
Nestes
últimos anos, tenho estudado a acústica a fundo, procurando aprender
como aplicá-la aos mais diversos ambientes possíveis. Para isso, venho
assistindo diversos cursos, tenho comprado vários livros importados
sobre o assunto e também venho adquirindo diversos equipamentos de
medição, justamente para executar a parte prática no nosso
Laboratório de Acústica e Áudio. Neste laboratório montamos os
aparelhos acústicos e fazemos as medições acústicas necessárias para
obtermos uma avaliação objetiva dos resultados.
Quero reiterar aqui meu
convite a todo interessado por som e música para que venha nos visitar e se
inteirar dos trabalhos que estamos realizando. Inclusive agora já
estamos também dando aulas de acústica, elétrica e percepção musical nos
estúdios da Audiobrazil.
www.audiobrazil.com.br
A influência da acústica
na reprodução do áudio tem se mostrado de importância fundamental, de
uma relevância de ordem tal, ainda não descrita e compreendida no nosso
meio. Até a nós mesmos, à medida que nossos
estudos se aprofundam e abrangem maiores detalhes, a sua importância
cresce de forma tão marcante, que hoje lhe atribuímos a parte mais
importante em qualquer reprodução sonora. Podemos fazer esta afirmação,
levando em conta que a
sala é determinante na reprodução das baixas freqüências, isto é, dos
graves, influindo em torno de 80% do resultado final. Já na reprodução
das altas freqüências, a influência da sala é tão grande quanto a influência
de todos os outros fatores restantes juntos, ou seja, ela se equipara à
influência da parte elétrica somada à do
aterramento e à dos equipamentos eletrônicos. A acústica ganha na
reprodução sonora uma posição de tal destaque que quem não a levar em
consideração já estará perdido em algum “galho do pinheiro” da parte
inferior do tronco!!! Qualquer conclusão, análise, avaliação de
equipamentos ou de outros aspectos sonoros nesta situação, poderá estar
profundamente equivocada!!!!
Nesta nova série que iniciamos aqui, inédita,
temos como objetivo mostrar a vocês a importância da acústica, as razões
porque tão pouco se fala dela no nosso meio, principalmente na mídia de
áudio/vídeo e porque seus princípios são tão pouco divulgados. Temos a
intenção também de permitir a informação técnica circular, para
iniciarmos uma discussão em torno deste tópico, a fim de elevar o nosso
nível de entendimento, para que todos nós cresçamos juntos. A intenção
também é a de melhorar o nível das salas, principalmente dos
estúdios e das técnicas, Brasil a fora. Portanto, sob este prisma, toda
informação e contribuição de cada um de vocês, a respeito do assunto,
será muito bem vinda. Nosso e-mail continua a disposição de todos:
jorgeknirsch@byknirsch.com.br
© 2006-2016 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os direitos reservados
http://www.byknirsch.com.br
Qual a Opinião Geral
quanto a Acústica?
A acústica é de uma
abrangência impressionante e as opiniões a seu respeito têm sido de um
nível de diversidade assustador. A maioria das pessoas nem ainda ouviu falar deste
assunto. Esta
maioria é formada, de modo geral, de jovens que desejam montar um
sistema em casa para ouvir música e assistir a um filme. Normalmente é
assim que as coisas começam. Hoje, o grande desejo da juventude é, sem
dúvida, montar o seu Home Theater. E na montagem deste primeiro
Home
Theater o que mais importa, para o iniciante são, sem dúvida, os
equipamentos que ele precisará adquirir para poder instalar o seu HT em algum cômodo que ele tem na sua casa. A mídia o ajuda na
escolha, sugestionando equipamentos que nem sempre estão na melhor
relação custo/benefício, muitas vezes, por falta de conhecimento do
próprio editor ou, devido à força dos anunciantes desta mídia. A
neutralidade, na nossa mídia, infelizmente, muitas vezes deixa a
desejar.
Mal sabe este jovem, novo
proprietário de um Home Theater, que a sala onde ele está instalando o
seu HT é preponderante no resultado final auditivo que ele vai obter e
ouvir!!! Como já mencionamos, esta sala, com suas dimensões e com tudo que está no seu
interior (portas, janelas, cortinas, tapetes e móveis de uma forma
geral), vai ter uma influência maior no resultado auditivo final do
sistema, do que a influência devida à própria qualidade sonora do
equipamento comprado. Inclusive, levando este fato ao extremo,
observamos que o tipo de alvenaria das paredes influi também. Enfocando
este mesmo fato de outra forma, podemos dizer que a acústica da sala
não tratada, na verdade, é mais um instrumento a tocar, porém não
um instrumento identificável como tal, mas sim, um com uma peculiaridade
toda especial, que é a de alterar a característica original de todos os
outros instrumentos e vozes, alterando por conseqüência o equilíbrio
tonal e o palco sonoro do acontecimento musical. Como se diz no jargão
popular: a sala canta junto!!! Mas isto o nosso jovem novato do HT
ainda não conhece e talvez nem venha a se dar conta tão cedo.
Outros, já mais
experientes, ouviram falar da acústica, mas ainda não têm idéia da
dimensão da sua importância. Por isso não lhe atribuem grande valor. Em parte
porque nunca ouviram os efeitos benéficos que uma sala tratada pode
trazer, pois poucas são as boas salas tratadas que se tem por aí, que sejam
passíveis de serem visitadas.
Da mesma forma, muitos
entre nós podem até ter um excelente sistema, porém a sala de audição
continua e continuará sem tratamento. É neste estágio que se encontra a maioria dos
amantes da música e dos audiófilos de forma geral. Eu mesmo passei
dezenove anos ouvindo música sem dar a menor importância à acústica, nem
cogitando a sua magnitude e profundidade. Aqui também se encontra a
maioria dos trocadores de equipamentos, que vivem trocando
tudo e não chegam a lugar algum!! Estão sempre insatisfeitos! Estão lá
perdidos em um “galho do pinheiro” tentando chegar ao
topo. Porém só conseguem chegar à ponta do galho onde estão e nada
mais!! E infelizmente, muitas vezes, nem se apercebem disto!!
Aqui também é importante
mencionar que a mídia, principalmente a mídia escrita, fala muito pouco de acústica,
pois está mais interessada em vender equipamentos do que oferecer
soluções tecnicamente corretas para se obter uma boa audição. Inclusive
muitas revistas que testam equipamentos de áudio, emitindo opiniões
ditas audiófilas, não possuem nem salas adequadas para tal fim e acabam atribuindo aos
aparelhos em teste os resultados característicos da sala mal tratada. A
mídia realmente não tem ajudado, bem ao contrário, tem criado um circulo vicioso
de onde a maioria não consegue mais sair, ficando desorientada, gastando rios de
dinheiro na troca de equipamentos. É uma roda sem fim!
Outros, devido a “cara
metade” não conseguem mexer na acústica da sala. Mesmo sabendo que é
possível realizar um tratamento acústico com muita estética, os maridos
não conseguem muitas vezes convencer suas esposas destas possibilidades e
o projeto acústico não anda. Acho que, nestes casos somente uma sala
dedicada poderia permitir um progresso, mas isto nem
sempre é possível.
Ainda outros, acham o
tratamento acústico muito caro e não investem nele. Para estes, não lhes
parece de bom senso gastar mais com a acústica do que com os equipamentos em si, o que nem
sempre é necessário. Acham que seria mesmo um despropósito. Conheço vários entre
nós com sistemas beirando ou até mesmo passando a cifra do primeiro milhão de dólares e não
tratam as salas!! Em geral, estes sistemas não tocam o que deveriam
devido à
salas não tratadas!! Ficam abaixo de suas possibilidades. E
aí muitos chegam a conclusões equivocadas, afirmando que equipamentos caros
não valem o que custam. Ledo engano!! Vejam como surgem
conceitos e premissas sem base técnica no nosso meio!
Por outro lado os
profissionais do ramo apresentam opiniões muito diversificadas, não se
entendendo entre si e trazendo com isso uma grande insegurança para o
cliente final. Uma das razões para isso talvez seja a grande diversidade
de salas existentes, como por exemplo, salas de
concerto, salas de operas, auditórios, teatros, igrejas, salões de
culto, salas de reuniões, estúdios de gravação e somente neste tipo já
existem diversas variantes como estúdios para vozes e para
diversos instrumentos,
técnicas de mixagem, salas de masterização, salas de Home Theater, salas
de audição, salas de audição critica, entre muitas outras que ainda
poderíamos mencionar. Cada ambiente destes tem um objetivo acústico
específico e, em
conseqüência, também necessitam de soluções diversificadas, que nem todos acústicos têm condições
técnicas de dominar no seu todo. O fato é que há muita
confusão no meio. Como resultado desta situação, muito pouco se fala sobre acústica, em parte por
desconhecimento, e em parte por não se querer revelar “segredos acústicos”. Em
conseqüência, o nível geral entre nós pode ser bastante melhorado.
Tenho certeza que estou
esquecendo
de mencionar vários outros aspectos e opiniões existentes no mercado. No
entanto o
desconhecimento nesta área é muito grande e quem sabe um pouquinho do assunto faz um segredo
enorme, sem perceber que provavelmente detém apenas uma pequena parte do
saber e que talvez até já esteja ficando tecnicamente desatualizado.
A Acústica: Técnica e
Audição
A acústica é uma parte da física que estuda os sons, a
sua geração, transmissão, isolação, reflexão, refração, absorção e
difusão. Os sons são ondas sonoras que se
propagam nos meios físicos levando informações em forma de energia!!
Existe contudo, uma outra matéria,a psico-acústica, que estuda a percepção
sonora, buscando aquilo que mais agrada aos nossos ouvidos humanos. Evidentemente
estas duas matérias andam juntas, onde a técnica procura nos oferecer as
melhores soluções auditivas para cada tipo de sala, cada qual com as
suas mais diversas finalidades.
A nossa intenção aqui será trazer os poucos
conhecimentos que adquirimos nestes últimos anos, os quais temos
procurado sempre atualizar, com o objetivo de contribuir de forma
efetiva na melhoria das nossas audições. Longe de nós a pretensão de
esgotar as questões, pela enorme magnitude e diversidade de
conhecimentos que a acústica engloba, e ainda onde o progresso
vertiginoso do conhecimento científico nesta área, de tão veloz, se
torna de difícil acompanhamento.
Nesta série,
pretendemos dar maior importância às salas de audição
crítica e as técnicas de gravação, as salas de masterização e
evidentemente, às salas para Home Theater que hoje estão muito em moda.
Isto tudo embasado na teoria necessária para o bom
entendimento dos conceitos que vamos procurar apresentar ao longo destes
artigos. Faço aqui a recomendação àqueles que me acompanharão nesta
nova jornada, para darem uma olhada lá nos livros da escola, do científico
ou agora do colegial, na parte de ótica e também procurem rever os conceitos de
pressão e de logaritmos. Estes três tópicos muito têm a ver com
acústica e nós os usaremos aqui.
Conclusão
Iniciamos com este primeiro artigo, uma nova série inédita
a respeito de acústica. Pretendemos apresentar a base teórica
necessária para entendermos do assunto e depois mostrar, na prática, como aplicar
a acústica
as nossas salas de audição crítica. Para isto nos valeremos dos nossos
conhecimentos técnicos, aliados a todas experiências realizadas no nosso Laboratório de Áudio e Acústica. Usaremos
vários sites da Internet, para não sermos repetitivos e
podermos adiantar os assuntos.
Todas as nossas
considerações estarão mais voltadas para as salas de audição crítica.
Estas, na verdade, são as salas que todos nós deveríamos ter tratadas para podermos
desfrutar das audições e que estas permitam avaliações mais corretas dos
equipamentos.
Para começar, quero lhes
sugerir colocarem no site de procura
www.google.com as palavras “ondas sonoras” e verem todos os tópicos
que aparecem lá. Leiam, com muito cuidado, os assuntos teóricos, pois
temos observado vários equívocos técnicos nestes tópicos.
Não temos aqui a
pretensão de esgotar o assunto visto que nossos conhecimentos são
limitados também. Mas tenho certeza que poderemos contribuir para uma
significativa melhoria das salas de audições. Até a próxima e aquele
abraço!
Desejo a todos uma excelente
audição de qualidade!
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