Número 471
Bons Tempos
Equipamentos e Cabos
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
Confesso que minha memória auditiva é realmente excelente. Se me perguntarem o
que tomei hoje no café da manhã, sou capaz de não me lembrar, entretanto, se me perguntarem
sobre os
sistemas de áudio que ouvi a 50 anos atrás, me lembro de todos! A revista the absolute sound, na última publicação da primavera, edição 296, colocou as 15 caixas acústicas mais
importantes de todos os tempos. Farei uma descrição das que ouvi,
em minha casa e em casa de amigos, nos bons tempos das grandes salas.
© 2010-2020 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os direitos reservados
https://www.byknirsch.com.b
As Infinity IRS V ficaram na minha lembrança, após escutá-las. Tinham um som
gigantesco e tamanho também gigantesco. As IRS foram introduzidas em 1980 e as
IRS V em 1988. O sistema chegava a pesar 681 kg, com 12 midranges, os EMIM, e 36
tweeters EMIT, sendo que 12 deles ficavam virados para trás, todos tipo
ribbon. Cada
unidade de
graves possuía 2 amplificadores internos, com 2KW de potência cada,
e 6 woofers de 12". A resposta de
freqüências ia dos 15 Hz aos 45 KHz, muito além da capacidade do ouvido
humano. Entretanto, em termos de fidelidade, principalmente no quesito
naturalidade, não foi a coisa que mais me impressionou. Essas caixas exigiam salas enormes,
coisa rara nos dias de hoje.
Indo de um extremo a outro, as Rogers LS3/5A, foram uma das minhas paixões em
termos de fidelidade. Eram pequenos monitores de Studio, originados pela BBC, com
apenas (7.5"+12"+6.25"), com um woofer de 5" e tweeter soft dome de 1". A BBC
concedeu licenças a um pequeno número de empresas britânicas, que fabricaram o
produto pela primeira vez em 1975. Mas isto passou por uma mudança, em 1987, devido a
problemas de consistência na fabricação e, depois novamente, em 2003, quando as peças
originais da KEF deixaram de existir. Mais de 60.000 pares foram fabricados e
fizeram nome! Os
articulistas das principais revistas reconheceram sua enorme importância na
história do áudio. Talvez seja um dos sons mais gostosos que ouvi, apesar da
limitação nos graves.
Outro produto que possuía
um som interessante, com bastante dinâmica, apesar da baixa eficiência, eram os
painéis Magnepan
Tympani IV-A, caixas estas diferenciadas das outras, tanto em aparência quanto em princípio de funcionamento. Pareciam dois enormes biombos,
cada um com três painéis articulados. Dois
painéis eram para os graves, operando até 3.2 KHz, e o terceiro painel era para
os médios e agudos. As superfícies radiantes eram painéis finos de mylar (isto é,
feitos de uma forte película de poliéster, que tem resistência térmica e
propriedades de isolamento), o que levava o sistema
a se parecer com um desenho eletrostático. Mas, em vez das caixas usarem uma carga
eletrostática variável, para produzir o movimento do diafragma, usavam uma grade fina
de fios, presos à superfície dos radiadores. Isto, de maneira tal que, uma série de imãs, em forma de
barras, fornecia um forte campo magnético ao redor dos fios, produzindo uma
sonoridade bastante natural. O problema, no entanto, era a baixa eficiência,
pois essas caixas exigiam
amplificadores potentes. Também eram difíceis de serem posicionadas, pelo fato de irradiarem som
por ambos os lados. Mas, quando bem ajustadas, proporcionavam um som
bastante agradável, gostoso de se ouvir e, sem dúvida, enchiam a sala de música
com qualidade!
As Quad ESL-57 possuíam
um princípio parecido, porém com uma tecnologia diferente. Escutei-as pela primeira vez na loja Raul Duarte,
mas nem me lembro mais quando, de tanto tempo que
faz! O uso da tecnologia eletrostática remonta ao início do século 20. Quem a
utilizou, pela primeira vez, foi um cientista do Reino Unido, Lawrence Frederick
Richardson, que estava desenvolvendo uma técnica para detecção de objetos
submersos. Mas, depois dessa tecnologia ter sido usada para pesquisa científica,
a curiosidade de Peter Walker levou-o a utilizar essa mesma idéia para
desenvolver alto falantes eletrostáticos!
Recordo-me que o som era maravilhoso,
destacando-se principalmente a região média, com uma
naturalidade absurda, porém os graves tinham pouca extensão e a potência era
limitada, exigindo muito do amplificador valvulado Quad II, que possuía apenas 15W de
potência. Para corrigir esta deficiência, depois de algum tempo, surgiram os amplificadores Quad transistorizados e
também as Quad ESL-63. E, um pouco mais tarde, apareceram os subwoofers Gradient, que ficavam embaixo das Quad, com o mesmo acabamento, formando um painel único, com uma
sonoridade inesquecível! A naturalidade da região média, com as audições de
música clássica, era de arrepiar!
PS.: Abrimos o grupo do Audiophile News no WhatsApp. Caso desejem participar, informem seu
nome e número de
celular, que teremos prazer em acrescentá-los.
Aquele
abraço!
Não desejando mais receber Audiophile News
responda a este e-mail com a palavra descadastrar.