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Número 469

 

As Deficiências Auditivas
 

 

Acústica

Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br

        

          Recordo-me que, nas décadas de sessenta e setenta, a grande maioria dos amplificadores possuía duas coisas que praticamente não existem mais. Uma chave chamada rumble filter, que anulava as baixas freqüências que estão fora do nosso campo audível, abaixo de 20Hz, evitando que os alto falantes ficassem descontrolados, principalmente em volumes altos. E outra chave, de loudness, que teoricamente corrigia as deficiências dos nossos ouvidos, em volumes baixos. Isto porque nossos ouvidos têm deficiências para ouvir altas freqüências e, principalmente, freqüências baixas, quando o som está em baixo volume. Quanto mais baixo o volume, menos graves e agudos nós ouvimos. Assim, em volumes baixos, precisamos aplicar uma curva de correção, para tornar a nossa curva de audição mais plana possível, curva esta chamada de Fletcher Munsen, cujo gráfico está abaixo. À medida que o volume aumenta, nossos ouvidos começam a ficar mais planos, necessitando de menor correção. Por isso, ouvir um sistema, no volume adequado para cada pessoa e situação, é fundamental para se obter uma boa audição.

 
 

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          Com o retorno triunfante do vinil, atualmente seria uma boa opção o rumble filter, pois me recordo que nos vinis, principalmente nos vinis mal impressos, quando tocados em volumes altos, as baixas
freqüências causavam um certo descontrole dos alto falantes e, inclusive, uma interferência na qualidade sonora.
          A chave loudness também era uma opção interessante, naquela época, pois não havia a preocupação que existe hoje, com relação aos equipamentos high end que, teoricamente, precisam ser flat. Segundo a curva de Fletcher Munson, há uma incoerência em se pensar que tornar tudo flat é o ideal, pois nossos ouvidos, dependendo do volume, na realidade não são flat. Portanto, a questão de se obter uma curva plana, não garante uma melhor reprodução, e ainda mais se a sala tiver deficiências acústicas. Os equalizadores, principalmente os de baixa qualidade, criam rotações de fase que alteram o timbre e a textura, não proporcionando uma solução audiófila.
          A maioria dos amplificadores, daquela época, possuía uma chave loudness que, quando acionada, fazia efeito conforme o volume ia abaixando, e ia perdendo esse efeito à medida que o som ia aumentando, até chegar em torno da metade do volume, pois a nossa audição, a partir daí, vai ficando mais plana. Eu tive, na década de sessenta, um pré C20 da McIntosh, cujo loudness era um potenciômetro variável, onde se podia escolher a melhor posição para a audição.
          Como exemplo, o pré da McIntosh C50 tem, no seu painel, 8 potenciômetros para ajuste de freqüências, ou seja, com possibilidade de equalização em 25, 50, 100, 200, 400, 1k, 2k e 10kHz. Assim, dependendo das deficiências da sala, ou do equipamento, pode-se ter um resultado sonoro bem interessante.
          Devido às deficiências dos nossos ouvidos, quando ouvimos uma música em um volume baixo, as faixas de freqüências dos médios nos soam mais proeminentes, enquanto as faixas das freqüências baixas e altas parecem ficar de fundo. Mas se a música estiver sendo tocada num volume alto, os graves e agudos já soam com maior presença, enquanto os médios agora nos parecem relativamente mais suaves pois, em volumes mais altos, os nossos ouvidos possuem uma curva mais plana.
          Podemos, no entanto, minimizar esse efeito, com um bom equipamento, tocando numa sala acusticamente bem tratada. Esta condição, geralmente, nos proporciona uma audição agradável, quando ajustamos o som a um volume adequado. Porém, às vezes podemos detectar um problema oriundo das próprias gravações, quando não existe um padrão definido, e isto depende muito da mixagem e da captação. Por isso, algumas vezes escutamos gravações com proeminência nos agudos e outras vezes com proeminência nos graves.
          Uma boa gravação, de referência, com o equilíbrio tonal perfeito, tocando numa sala bem projetada acusticamente e no volume adequado é a melhor forma de se escutar música com qualidade, sem cansaço auditivo, que é a coisa mais importante, mesmo com as deficiências auditivas naturais do ser humano.      

          PS.:
          1. Com o grande sucesso dos workshops de Avaliação Musical, realizados neste início de ano, iremos oferecer mais um curso, que ocorrerá nos dias 13, 14 e 15 de setembro deste ano que, no momento, ainda tem 2 vagas. Este próximo workshop lhes permitirá avaliar seu sistema de som e realizar correções técnicas, além de permitir, a cada participante, saber que tipo de ouvinte é: sintético ou analítico! Cada curso tem vaga apenas para 4 participantes e a inscrição será por ordem de chegada. Acessem o Audiophile News 438, para obterem maiores informações.
          2. Estaremos também realizando um outro curso, organizado pelos participantes, nos dias 30 e 31 de agosto e 1° de setembro, mas este curso já está completo.
          3. Abrimos o grupo do Audiophile News no WhatsApp. Caso desejem participar, informem seu nome e número de celular, que teremos prazer em acrescentá-los. 

          Aquele abraço!                                                                                


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