Número 454
Qual o Elo mais Fraco de um Sistema?
6ª. Parte
Acústica
Jorge Knirsch
jorgeknirsch@byknirsch.com.br
Introdução
No
Audiophile News 452,
iniciamos a parte básica da isolação e trouxemos as várias formas como as ondas
sonoras se propagam, como reflexão, absorção, transmissão, difusão, difração e refração. Na isolação,
o primeiro princípio básico é que o local a ser
isolado deve estar totalmente fechado e vedado. Qualquer abertura, por menor que
seja, vai proporcionar uma perda de isolação. Conforme a abertura, essa perda poderá
ficar até muito grade, anulando todo o esforço realizado para isolar o ambiente.
Por exemplo, em uma porta acústica bem construída, mas com uma fechadura passante
que ficou
desapercebida, este pequeno orifício poderá deixar passar uma
parte expressiva do som, pondo a perder o efeito da isolação. Outro exemplo,
muito comum, é o de um ambiente, construído de alvenaria, mas contendo portas e
janelas, com baixa isolação, por onde vaza a maior parte do som.
Neste artigo, antes de
entrar no tratamento acústico propriamente dito, vamos apresentar as premissas
básicas necessárias para se obter uma isolação mais efetiva.
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Acústica: 4B. Isolação
Existe um parâmetro de medição da isolação,
chamado TL (Transmission Loss, ou
seja, Perda de Trasmissão), que nos mostra, em decibéis (dB), o quanto de pressão sonora (SPL)
um obstáculo consegue reter, não deixando o som passar. Assim, a diferença entre o
que foi emitido e o que esse obstáculo não deixou vazar é o índice que esse material
possui de Perda de Transmissão (TL). No entanto, o mais usado
comercialmente é o STC (Sound Transmission Class). Este outro parâmetro é um
número adimensional que dá uma idéia da isolação entre 125Hz e 4kHz. Quanto mais
alto esse valor,
maior é o poder de isolação do material ou do conjunto de materiais testados.
Na internet, podemos encontrar várias listas de materiais e suas associações com os respectivos STC.
É preciso tomar muito cuidado,
na isolação acústica, pois é muito mais fácil isolar as freqüências altas do que as baixas, ou seja, isolar
os graves é que são
elas! Abaixo, damos os principais pontos a serem considerados ao se pensar em realizar
uma isolação:
-
Massa;
-
Mistura
de materiais;
-
Desacoplamento e Espaço;
-
Flutuação.
Como vimos, o primeiro passo é fechar totalmente o ambiente e, se possível,
deixá-lo bem vedado. Isto já obriga a instalação de um ar condicionado para
garantir a renovação de ar. O segundo aspecto, muito importante, é a massa, ou
seja, as paredes do ambiente
devem ter uma densidade volumétrica bem alta. Quanto mais alta a densidade da
parede e maior a sua espessura,
melhor a isolação! Assim, uma parede de concreto isola muito mais do que uma
parede de tijolos, ou de drywall mesmo sendo
dupla. Uma parede de concreto, com 7cm de espessura, tem um STC de 45 pontos, que é
considerado alto.
O segundo ponto refere-se
à mistura de materiais, ou seja, uma parede de blocos de concreto, revestida com uma
parede de drywall adquire uma maior isolação. Esta técnica é muito utilizada na confecção de portas
acústicas, onde vários materiais são empregados, como placas de madeira
acopladas à chapas de
aço e à placas de
chumbo para aumentar a isolação. Existem portas, feitas de aço e concreto, pesando até
meia tonelada, que chegam a possuir um STC de 75 pontos, que é um número bem
elevado.
O terceiro ponto muito
importante é o desacoplamento e o espaço. Desacoplar refere-se a tomar uma
parede, digamos, de 40cm e dividi-la em duas de 20cm cada, uma espaçada da outra. Isto aumenta
a isolação. E, se as espessuras
destas duas paredes forem diferentes entre si, o resultado será
melhor ainda,
isolará mais. Além disso, o espaço livre entre uma parede e outra também influi no resultado final. Quanto maior
for este espaço, maior será a isolação. E se, agora, este espaço vazio for
preenchido com lã de rocha de baixa densidade a isolação aumentará ainda mais.
O quarto e último item
relevante, é a flutuação, que consiste em uma
superfície flutuar em cima de outra, ambas separadas por um material elástico como, por
exemplo, borrachas ou molas. O material mais usado é a borracha de neoprene e,
desta forma, se constrói o chamado box in a box, ou seja um ambiente fica flutuando
em cima do piso de outro ambiente maior. Este processo de flutuação é um dos
mais usados para estúdios e técnicas, com excelentes resultados, quando envolve
paredes com alta densidade de massa.
Estes quatro aspectos da isolação
não são tão levados em conta pelos audiófilos. As salas normalmente não possuem
a isolação necessária, pela dificuldade que isto apresenta, ou pelo custo
envolvido, ou porque o local onde a sala se encontra não exige que seja tão
isolada assim.
Aqui, nestas poucas
linhas, apresentamos somente uma idéia bem superficial do
assunto, pois esta fase preliminar é a área mais complexa da isolação, que exige profunda teoria aplicada.
PS.: Com o grande sucesso dos workshops de Avaliação Musical, realizados neste
início de ano, iremos oferecer mais um curso, que ocorrerá nos dias 10, 11 e 12
de maio. Este próximo workshop lhes permitirá avaliar seu sistema de som e
realizar correções técnicas, além de permitir, a cada participante, saber que
tipo de ouvinte é: sintético ou analítico! Cada curso tem vaga apenas para 4
participantes e a inscrição será por ordem de chegada. Vejam o
Audiophile News 438, para obterem maiores informações.
Ótimas audições a todos! Aquele abraço! E até a próxima!
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