Número 452
Qual o Elo mais Fraco de um Sistema?
5ª. Parte
Acústica
Jorge Knirsch
jorgeknirsch@byknirsch.com.br
Introdução
No
Audiophile News 450,
falamos a respeito de dois itens muito importantes da acústica, um referente à
montagem do sistema ao longo da largura da sala, com o ouvinte sentado ao longo
do comprimento, e outro a respeito das medidas e do cálculo de posicionamento das caixas
acústicas, DPF e DPL. Neste artigo, vamos falar a respeito da isolação, que é um
outro item bastante importante. E, no próximo artigo, falaremos a respeito do tratamento
acústico.
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Acústica: 4A. Isolação
Existe muita confusão entre isolação e tratamento
acústico. Já publicamos dois artigos a respeito desta diferença (Audiophile News 215 e
Audiophile News 217).
Um princípio básico e
óbvio da isolação é que o ambiente a ser isolado deve ser totalmente vedado e
fechado. Aqui, pretendemos trazer outros princípios básicos da isolação, muito
importantes e, para isto, vamos nos aprofundar um pouco mais no assunto. Observem, na figura ao
lado: uma onda sonora, emitida por um alto falante, está batendo em uma superfície
que pode ser, por exemplo, uma parede de alvenaria ou uma placa de lã de vidro. Uma parte desta
onda sonora está sendo refletida e voltando para o mesmo ambiente, outra parte
está sendo absorvida pelo material
e se dissipando no interior dele, e
uma terceira parte está sendo transmitida pelo material a um outro ambiente,
invadindo-o. Um aspecto
muito importante é que a proporção de cada uma destas partes, refletida, absorvida e transmitida, dependerá muito da
freqüência da onda incidente, e da espessura e das características do material
em que ela vai de encontro. Se a superfície for a de uma
parede de alvenaria, com reboco liso, a grande maioria da onda incidente (acima de
90%) será refletida, independentemente de qual seja a sua freqüência. Se a superfície for de vidro,
a maioria das freqüências também serão refletidas, dependendo da espessura da chapa de
vidro, com exceção das freqüências baixas, que também não serão absorvidas pelo vidro e sim transmitidas para o ambiente contíguo. Somente para vocês terem uma
idéia, uma chapa de vidro de 3mm vai deixar passar em torno de 35% da freqüência
incidente em 125Hz!
Já um anteparo de lã de
vidro terá um comportamento muito diferente. Dependendo da espessura e da
densidade da lã de vidro, a maior parte do som será transmitida para outro
ambiente e uma pequena parte será absorvida internamente. Portanto, o uso de lã
de vidro, para isolação, é totalmente inadequado, pois deixará transpassar a maior parte do som.
Além da reflexão, absorção e transmissão
usadas na acústica, queremos falar também de difusão, difração ou dispersão, e
refração. Na figura ao lado, temos um material com uma superfície rugosa. A onda
sonora bate nesta superfície e é decomposta e refletida em várias outras ondas,
normalmente com freqüências mais altas, em todas as direções. São os famosos
difusores, hoje muito usados e abusados na acústica, onde se inclui: os
difusores QRD, também chamados de difusores de Schröder, os difusores
fractais, os nossos difusores Waveline, e vários outros. A difusão acústica
destes aparelhos será tanto maior e mais efetiva quanto mais profundas forem as
rugosidades da superfície. Portanto, pouca profundidade levará a um resultado
sonoro de menor difusão.
Aproveitando a
oportunidade, queremos mencionar que hoje há um abuso no uso de aparelhos de difusão,
para tratamento acústico. Inclusive, vários Show Rooms renomados a
empregam em regiões da sala
que deveriam ser destinadas à absorção, da qual também não se deve abusar.
É necessário haver um equilíbrio entre absorção e difusão, em uma sala de
audição, para se obter um belo equilíbrio tonal e um palco sonoro profundo e
correto, com largura e altura presentes. Aqui, a avaliação musical de vocês,
para colocar tudo no seu devido lugar, será muito importante!
Outra palavra bastante
usada é difração (ou dispersão), que tem uma importância muito grande em
tratamentos acústicos.
A difração é a capacidade da onda sonora de contornar um objeto à sua frente e se reconstituir
novamente do outro lado. Assim, ondas sonoras com
grande comprimento de onda, como as das baixas freqüências, conseguem contornar
moveis, mesas, etc, e se reconstituir após a passagem, praticamente sem serem
atenuadas, seguindo em frente sem mudar a direção em que já vinham vindo.
Portanto, a absorção dos graves é um aspecto muito importante. Em uma sala de
audição, usamos absorvedores acústicos de membrana que, através de suas
membranas, absorvem essas ondas, eliminando-as.
Já, a refração é quando uma
onda sonora passa de um meio para outro, ou seja, de um material para outro. Por
exemplo, é quando a onda, que estava caminhando no ar, passa a caminhar dentro da água. A densidade da água é maior e, assim, a
velocidade do som também se torna maior na água (1.483m/s) do que no ar (343m/s),
no entanto a
propagação dessa onda muda de direção.
Na isolação, a refração tem alguma importância no princípio do desacoplamento, que
iremos ver nos próximos artigos, embora, no tratamento acústico, a refração não
seja muito
usada. A formação do arco íris é um exemplo típico de reflexão, refração e dispersão,
visto nas gotículas de água
espalhadas no ar.
PS.: Com o grande sucesso dos workshops de Avaliação Musical, realizados neste
início de ano, iremos oferecer mais um curso, que ocorrerá nos dias 10, 11 e 12
de maio. Este próximo workshop lhes permitirá avaliar seu sistema de som e
realizar correções técnicas, além de permitir, a cada participante, saber que
tipo de ouvinte é: sintético ou analítico! Cada curso tem vaga apenas para 4
participantes e a inscrição será por ordem de chegada. Vejam o
Audiophile News 438, para obterem maiores informações.
Ótimas audições a todos! Aquele abraço! E até a próxima!
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