Número 434
Uma Invenção Mágica
Mídia Gravada
Jorge Knirsch
jorgeknirsch@byknirsch.com.br
Vocês
já imaginaram ter em mãos um cd, gravado com músicas tocadas pelo próprio Debussy
ao piano, em
qualidade audiófila? Pelo próprio Debussy? Como assim, se ele viveu de 1862 à 1918?
Como seria isto possível? Descobrimos que isto foi possível, sim, e hoje é um produto comercial
normal que todos nós podemos adquirir. A AUDIO alemã, de setembro de 2018, trouxe um
cd, um brinde da revista, com gravações realizadas pela TACET Musikproduktion,
que é um sampler de faixas de diversos cd´s, os quais contêm músicas tocadas pelos
seus próprios compositores, como Mahler, Max Reger, Richard Strauss, Enrique Granados, Alexander Glasunov, Revel, Debussy,
e também músicas de alguns pianistas menos conhecidos, da época desses compositores.
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O que nos chamou a atenção, em primeiro lugar, foi a qualidade destes cds,
que apresentam um refinamento sonoro digno de nota, com excelente dinâmica, uma
textura magistral, e um sensacional corpo harmônico observado em cada nota. O
segundo ponto, que se destacou para nós, foi que a interpretação musical, da
época, difere em vários aspectos das interpretações que os pianistas de
hoje têm dado a estas obras. Por exemplo, as composições de Debussy, tocadas por ele
mesmo, apresentam uma coerência e um envolvimento muito maior do que as
tocadas pelo seu
maior interprete, de todos os tempos, Pascal Rogé, que estão nos fantásticos cds da
gravadora inglesa Onyx Classics (www.onyxclassics.com),
gravados na Suíça, entre 2004 e 2011!
Isto tudo começou em
1904, quando a empresa M. Welte & Söhne, na
cidade de Freiburg, que pertence ao Estado de Baden-Württemberg, Alemanha, registrou uma
patente mágica, denominada Welte-Mignon. A Welte & Söhne desenvolveu um dispositivo que, adaptado a um
piano, permitia gravar uma música, que estava sendo tocada, em um rolo de papel, imprimindo a
intensidade e as variações de cada nota, exatamente como o
pianista executava a obra. No final da impressão, esse rolo se
apresentava como uma fita larga e perfurada que, nas suas duas bordas,
continha informações quanto ao uso dos pedais, pelo pianista, gravando
as nuances da
dinâmica e a reverberação dada pelo músico. Para a reprodução, este rolo de papel
era, então,
colocado em um equipamento automático, desenvolvido pela empresa, contendo pequenos
martelos envoltos em feltros, que podiam ser acoplados aos mais
famosos pianos da época, como o Steinway, Bechstein ou Blüthner, e
reproduzir a obra da mesma forma como o pianista havia tocado, com a mesma
intensidade e reverberação. Com o excelente marketing que esta
empresa realizou, os rolos de papel e os automáticos foram muito
apreciados pela aristocracia da época, e atingiram valores muito altos.
Foram tocados em saguões de hotéis e outras áreas públicas, mas seu
maior uso foi em residências.
A gravadora audiófila
alemã TACET (www.tacet.de) recuperou 26
rolos de papel daquela época (a mais de 100 anos atrás!) e, a partir de um
automático mais elaborado, produziu 26 cds da série Welte-Mignon. Seu
sucesso se deve, em grande parte, ao arquiteto Hans-W. Schmitz, que
aperfeiçoou a técnica Welte-Mignon, premiada no mundo todo,
principalmente pelo valor
histórico que estes cds representam. Algumas outras gravadoras também
gravaram cds com os rolos da Welte-Mignon, como a MDG, a Tudor a Teldec,
porém a qualidade da TACET é realmente digna de nota. Vale a pena
conferir!
Ótimas audições a todos! Aquele abraço! E até a próxima!
Welte-Mignon Cd´s
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