Número 420
Um Grande Desafio: Compatibilizar Caixa Com Power
1ª
Parte
Equipamentos e Cabos
Jorge Knirsch
jorgeknirsch@byknirsch.com.br
Outro
dia, em uma visita do Carlos Ho ao nosso laboratório, estávamos trocando idéias
sobre a
questão da compatibilidade entre caixa acústicas, e também bookshelfs, com integrados,
amplificadores de potência e AV receivers. Infelizmente
não é qualquer amplificador que toca qualquer caixa.
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Realmente é um desafio para todos conseguir achar a melhor caixa e, em
seguida, encontrar o power que tocará adequadamente por ser compatível a
ela. Várias tentativas já foram feitas, para se estabelecer um critério
que nos ajude nesta tarefa, mas pouquíssimas sugestões se mostraram de alguma valia.
Existe a sensibilidade da caixa acústica, expressa em dB, que pode nos
dar uma indicação se a caixa necessita de uma potência de entrada muito
alta ou não.
A sensibilidade de uma caixa
acústica é a medição da pressão sonora (SPL), em dB, realizada a 1m da caixa, quando aplicado, na sua entrada, 1W de potência. Assim, as
nossas
experiências mostram que, em uma audição normal, numa sala menor do que 100m3,
se aplicarmos algo entre 5W e 50W, na entrada da caixa, isto já nos proporcionará uma boa audição,
dependendo da sensibilidade da caixa.
Caixas com baixa sensibilidade,
digamos em
torno de 80dB SPL, irão precisar de uma potência sonora maior na entrada,
que poderá chegar até em torno de 50W para nos proporcionar uma audição agradável,
em um volume correto que,
dependendo da sala, ficará
em torno de 75 a 80W SPL no lugar de audição.
Já caixas com alta
sensibilidade, digamos em trono de 93dB SPL, vão precisar, na entrada, somente algo
em torno de até 5W de potência para produzir os mesmos 75 a 80W SPL no lugar de audição
Ao contrário do que muitos pensam, caixas
acústicas não costumam “estourar” devido ao excesso de potência. É mais fácil
ocorrer o oposto: a caixa ser danificada porque está recebendo pouca potência do
amplificador. Quando isso acontece, a pressão sonora se torna insatisfatória, e
a tendência do ouvinte é aumentar o volume. Nestes casos, podem acontecer duas coisas: ou o amplificador
entra em sobrecarga e “clipa” (um sensor interno, se existir, simplesmente desliga o
equipamento), criando uma tensão contínua que faz o tweeter raspar, ou a caixa
distorce nos momentos críticos, quando há picos de
potência. Para evitar estes riscos, o mais seguro é escolher powers com a potência
recomendada pelo fabricante para as caixas acústicas. Porém só isto ainda não
é garantia suficiente de que não haverá algum dano nas
caixas ou nos powers. E nunca é demais lembrar: alta potência não significa som de
melhor qualidade, apenas volume mais alto.
Há muitos anos, a AUDIO alemã criou um
indíce
chamado AK,
que traduzi como sendo um índice de compatibilidade no nosso artigo:
O Áudio e o Pinheiro - 3ª Parte. O AK
existe para caixas acústicas torre e bookshelf, integrados,
amplificadores de potência e AV receivers.
O AK do amplificador deve
ficar sempre acima do AK das caixas ou das bookshelf. Este sistema
de identificação do aparelho é muito bom,
pois nos dá uma possibilidade de comparação, para uma tomada de decisão
mais segura, nos indicando o que é compatível e o que não é. A desvantagem
deste índice é que, apesar de terem sido testadas uma infinidade de
caixas e também de powers, nem todos os modelos e marcas
existentes no mercado mundial foram avaliadas. E, em segundo lugar, no
passado, estas listas nos eram acessíveis no site
www.audio.de e hoje só podemos
obtê-las através da
assinatura digital ou da própria revista. Mas a ferramenta é muito boa.
Queremos
aqui trazer algumas análises, pois algumas marcas possuem tendências que
podem causar problemas de compatibilidade e gostaríamos de mostrar isto para vocês.
Hoje, estamos apresentando as caixas torre e
bookshelf, e falando dos AK médios, máximos e mínimos por classe. No
próximo artigo, iremos apresentar os AK de integrados, powers e AV
receivers e, no último artigo, faremos análises mais detalhadas
quanto à compatibilidade destes equipamentos.
Como já mencionamos, o AK das caixas
acústicas deve ser mais baixo do que o do power. Por exemplo, a melhor
caixa acústica torre, que a AUDIO indica, é a Gauder Akustik Berlina RC9,
com QS=110 pontos e um AK de 69 pontos. Como este AK é relativamente alto, não será
qualquer power que poderá tocar esta caixa. Assim, neste exemplo, o integrado da Ypsilon Electronica Phaeton, com AK de 64
pontos, terá dificuldades para conduzir
a Berlina RC9, e o integrado Technics SU-R1 + SE-R1, com QS=138 pontos e com AK de 49 pontos,
seria uma péssima escolha.
Como podem perceber, a
partir destas análises, vocês irão ter a possibilidade de tomar decisões
mais assertivas e obter um melhor resultado sonoro. Como não podemos,
neste pequeno espaço, lhes apresentar toda a lista da AUDIO, o que seria
impraticável, gostaríamos de lhes mostrar, de forma geral, algumas tendências das marcas. Porém, isto
não exclui a necessidade de uma audição da combinação desejada.
Uma tendência
interessante, que podemos observar, é que a variação do AK médio, em todas
as classes de torres e bookshelf, fica entre 58,6 e 69 pontos. Assim, os AK dos integrados, amplificadores de potência e AV
receivers deveriam
estar bem acima deste valor médio, para que a premissa de compatibilidade fosse satisfeita,
o que veremos nos próximos artigos. Uma das melhores caixas, com um dos
menores AK (35), é
a JBL Everest DD 66000 (QS=108), praticamente compatível com qualquer
amplificador, com exceção do integrado Pathos Inpol Remix (QS=125), que
tem um AK de apenas 21 pontos. Abaixo mostramos os AK das torres e
bookshelf testadas pela revista (edição 08/18):
AK das Classes
de Caixas Acústicas da AUDIO |
Classes |
Torres |
Bookshelf |
QT |
QTa |
AKméd. |
AKMáx. |
AKmín. |
QT |
QTa |
AKméd. |
AKMáx. |
AKmín. |
Referência |
66 |
12 |
58,6 |
89 |
34 |
5 |
3 |
69 |
76 |
63 |
High End |
178 |
13 |
60,6 |
104 |
19 |
20 |
4 |
61,6 |
80 |
40 |
de Ponta |
175 |
6 |
60,9 |
81 |
27 |
130 |
18 |
66,2 |
85 |
51 |
Superior |
51 |
1 |
59,6 |
70 |
47 |
80 |
12 |
65,5 |
83 |
54 |
Média |
4 |
0 |
64,8 |
67 |
61 |
5 |
0 |
65,4 |
67 |
63 |
Standard |
3 |
0 |
61,3 |
67 |
54 |
- |
- |
- |
- |
- |
Legenda: QT= quantidade de
caixas testadas; QTa= quantidade de caixas ativas testadas (caixas que
já contém o amplificador embutido no seu interior); AKméd.= AK
médio da classe; AKMáx.= AK máximo da classe; AKmin.= AK mínimo da
classe. Para fazer as médias foram subtraídas as caixas ativas que não
possuem AK.
Aqui já é possível, a
grosso modo, tirarmos algumas conclusões. A média dos AK das torres gira em torno de 60 pontos, com
exceção da classe média, onde é mais alta. Já nas bookshelf, o AK
médio já é bem mais alto, em torno de 65 pontos, exigindo uma escolha mais
criteriosa do amplificador a ser usado.
A caixa Siberstatic
Callioppe (QS=96) com um AK de 104, na classe High End, tem um AK tão
alto que não existe um amplificador para tocá-la sem problemas e em
volume mais alto.
Ótimas audições a todos! Aquele abraço! E até a próxima!
TOP Wonder Excellence RCA
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