Número 406
Gravações Diretas
Inesquecíveis
Mídia Gravada
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
A qualidade sonora
do vinil é incontestável, segundo a grande maioria dos audiófilos. Na minha
opinião, a fase de ouro pertence à década de setenta quando surgiram as
gravações direct to disc.
© 2010-2020 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os
direitos reservados
http://www.byknirsch.com.
Essas gravações, teoricamente, eram muito simples, pois saíam do estúdio e iam
diretamente para um disco master, num sistema onde não existia todos os
processos que ocorrem dentro de uma gravação convencional, com mesas de som,
gravadores de fita analógicos etc. A grosso modo, seria mais ou menos como o
cilindro de Edson, onde aqueles sons, que entravam por uma corneta acoplada a um
captador com uma agulha, desenhavam os sulcos, no processo analógico mais
simples, pois na época de Edson nem energia elétrica existia.
O único problema é que
não podiam ocorrer erros nas gravações e, caso algum erro acontecesse, perdia-se o
master disc e todo o processo teria que ser repetido novamente.
As principais gravações
diretas foram também lançadas em cd, porque havia um gravador
de fita, dentro do estúdio, que registrava, simultaneamente ao processo direto,
a gravação que iria ser
utilizada para que os cds fossem lançados. Isto, a partir de 1980, num processo de
digitalização, porém com um resultado sofrível.
O primeira gravação
direta, que escutei, foi o fantástico LP Discovered Again, de Dave
Grusin. Realmente, foi um susto quando presenciei aquela dinâmica
impressionante e aqueles graves profundos que saíam das caixas AR com suspensão
acústica.
Dando outros exemplos de
gravações memoráveis, eu citaria The King James Version, com
Harry James e sua banda, gravação Sheffield, que tinha como produtores os
geniais Doug Sax e Lincoln Mayorga, e também o LP Lincoln
Mayorga & Distinguished Colleagues, volume lll, um dos meus favoritos.
Tenho uma memória musical muito boa. Recordo-me, como se fosse hoje, das bandas
de Duke Ellington e Count Basie, que assisti no teatro Municipal, no
início da década de 70, principalmente os instrumentos de sopro, como trombones,
sax e trompetes, com uma pressão sonora impressionante, sem o uso de nenhum
microfone. A única forma, que me fez resgatar grande parte daquela sensação, foi
quando escutei o LP For Duke com Bill Berry e suas Ellington Al Stars.
A dinâmica e pressão sonora dos instrumentos de sopro resgataram, em grande
parte, as sensações que tive no teatro, gravação essa feita pela M&K Real Time
Records em corte direto.
Outro LP memorável é o
LA4 Just Friends, gravação da Concord Jazz, com Laurindo Almeida,
Ray Brown, Jeff Hamilton e Bud Shank. O violão de Laurindo e o
sax alto de Bud Shank possuem uma naturalidade e textura e uma
sonoridade incrível praticamente como se fosse ao vivo.
Mais impressionante
ainda são as gravações diretas em 45RPM como, por exemplo, o LP de Charlie Byrd,
gravação da Crystal Clear Records, com uma dinâmica e relação sinal/ruído ainda mais impressionantes.
Se você tiver um sistema
de áudio de qualidade high end, dentro de uma boa sala, e também tiver um
desses exemplos que eu citei, pode fechar os olhos e escutar música, praticamente
ao vivo, com discos de uma época de ouro, com uma sonoridade que também
ficará para sempre na lembrança.
Ótimas audições a
todos! Aquele abraço!
Não desejando mais receber Audiophile News
responda a este e-mail com a palavra descadastrar.