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Número 384

Eles Estão Voltando

Equipamentos e Cabos

Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br

         

          Os discos de vinil voltaram de forma triunfante e, toda vez que ouço uma gravação, me vem à lembrança aquela época, para mim inesquecível, dos gravadores de rolo. Eu tinha o costume de comprar vinis e, aqueles que eu logo gostava, na primeira vez que os ouvia, copiava em uma fita de rolo. Depois, ficava curtindo aquela gravação, sem pipocas nem chiado, praticamente igual à original. E só conseguia obter uma assim cópia tão boa por um simples motivo: eram cópias analógicas!
 

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          Pelas minhas mãos, passaram diversos gravadores de rolo e, talvez, o mais bizarro, dos anos setenta, foi um Akai, X2000SD, capaz de gravar e reproduzir cassetes, cartuchos de 8 pistas, daqueles usados em automóveis, e também, é claro, as fitas de rolo. Eram chamados de open reel (carretel aberto) e alguns, como os Revox, Teac, e outros, admitiam rolos de 10", e os mais simples aceitavam apenas rolos de 7". Eram também chamados de Tape Decks, pois necessitavam de um estágio de amplificação externo, apesar que havia alguns modelos com amplificação própria, dotados de caixas acústicas internas, e até alguns modelos com caixas acústicas destacáveis.
          Existiam gravadores de alta fidelidade, naquela época, que usavam de duas a três cabeças. No modelo de duas cabeças, havia a cabeça de apagamento e a de gravação, que era conjugada com a de reprodução. Nestes modelos, não era possível a monitoração, em tempo real, do sinal gravado. No gravador de rolo de três cabeças, elas eram separadas: uma de gravação, outra de reprodução e a última de apagamento, e permitiam a monitoração da fita simultaneamente à gravação. Outro recurso importante, que continha, era o sistema de redução de ruído Dolby, que eliminava aquele chiado característico das fitas de rolo.
          Quando gravava, no meu Teac 2500, era uma satisfação, pois, simultaneamente, através da tecla record bias, ouvia o sinal gravado, o que me permitia ajustar o som de forma precisa, para que ficasse idêntico ao original. Havia a opção de gravar em 7" 1/2 ips, que era a velocidade mais usada, e havia também, para uso profissional, em estúdios, a velocidade de 15" ips e até a de 30" ips.
          Olhando para trás, ficaram realmente boas lembranças. No entanto, afinal, nem tudo é passado ou está perdido. Junto com o renascimento do vinil, já existe uma opção para os audiófilos com  bolsos sem crise. O gravador Ballfinger M 063 é um indício da volta dos gloriosos gravadores de rolo. A partir de agora, um nicho ainda mais exclusivo, para os apaixonados por áudio, se forma na Europa. O lançamento do Tape Deck Ballfinger M 063, na feira Norddeutsche HiFi Tage, em Hamburgo, em fevereiro deste ano, reflete essa tendência. Além desse gravador maravilhoso, essa empresa alemã, de design industrial, produz equipamentos high end, como toca discos e toda uma linha sofisticada de áudio.
          O preço do M 063 não é muito convidativo, pois fica em torno dos 27 mil euros. Entretanto, identifica o retorno triunfante de um equipamento necessário, para se ter uma gravação puramente analógica, principalmente pelo número crescente de empresas vendendo fitas de rolo. Isso é maravilhoso e muito promissor, para um grupo de audiófilos obcecados pela suprema qualidade da fita magnética master.
          Espero que, no futuro, tenhamos mais opções de gravadores, com preços mais acessíveis, para que os audiófilos menos abastados possam também usufruir dessa paixão que é o analógico.

          Ótimas audições a todos! Aquele abraço!                               


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