Número 382
Velhos Tempos
Equipamentos e Cabos
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
Devo estar perto dos 55 anos
dedicados ao áudio. Quando ainda moleque, escutava alguns
equipamentos mono de qualidade, com caixas JBL, Tannoy, etc.
© 2008-2018 Jorge Bruno Fritz Knirsch
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Sou do tempo dos primeiros amplificadores transistorizados, considerados
de alta fidelidade, mas absolutamente inaudíveis, se comparados aos
valvulados famosos da época, como os da McIntosh, Marantz, Fischer, Scott e
outros. Sou do tempo em que a coqueluche, no meio audiófilo, eram as caixas
AR3 e AR3a. Fantásticas para a época, porém com seus 85 dB de eficiência
e 4 ohms de impedância, faziam com que os valvulados de baixa potência
sofressem muito para tirar um bom som delas. Me recordo das Magnepan
Tympani, com seu três painéis fantásticos, porém de eficiência muito
baixa, dificultando em muito os velhos amplificadores.
Talvez a melhor
recordação que guardo, desse meu tempo de início da audiofilia, tenha
sido um sistema que ouvi no final dos anos sessenta, na casa de um
amigo. Era um equipamento composto de um pré 7 da Marantz, contendo dois monoblocos mono de 70 watts, ou seja,
estou me referindo ao
famoso amplificador Marantz 9; um par de JBL 4350; e um toca discos Thorens
TD 124, com braço SME 3, e cápsula Shure V15 III Supertrack Plus.
A sala desse amigo tinha
dimensões avantajadas, num tempo em que não havia muita preocupação com
cabos, aterramento, filtros de rede, etc. A acústica basicamente
consistia num carpete grosso, cortinas também grossas e sanfonadas, e um
teto de caixas de ovos, muito usados naquela época, inclusive por mim.
Sem dúvida, o mais
impressionante, naquele sistema, eram as JBL 4350, com seus dois woofers
de 15", com bobinas de 4" e uma densidade de fluxo magnético de 12000
Gauss. O médio grave era um 12", além de que possuía também um médio tipo corneta, e o tweeter
era o famoso tipo espremedor de laranja. Respondia dos 28Hz aos 30 kHz, com
uma eficiência de 96 dB.
Quando a agulha batia no
disco, eu quase caia do sofá, pela deslocação de ar causada pelas 60
polegadas de woofer somadas.
Atualmente, temos equipamentos com mais refinamento, devido
principalmente à evolução dos alto falantes e amplificadores, e mais tudo
aquilo que envolve um sistema High End. Entretanto, vai ficar para
sempre, na minha memória auditiva, algumas coisas que ouvi e que, com
certeza, nunca mais irei escutar. Ficarão na minha lembrança o trombone de JJ Johnson, o sax
barítono de Gerry Mulligan, e os solos de bateria de
Louis Bellson e Buddy Rich, que faziam com que os pedais batessem na
boca do estomago, com uma sensação de presença física fora do
comum.
Era a época das grandes
moradias, com suas grandes salas, deixando um saudosismo gostoso. Época em que, com
10 watts, quase derrubávamos nossas casas.
Ótimas audições a
todos! Aquele abraço!
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