Número 367
A Boa Era Brasileira
Equipamentos e Cabos
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
Foi uma época
difícil. Vivíamos uma ditadura e, como conseqüência, uma reserva de mercado, onde
as importações de produtos de áudio praticamente não existiam. Por outro lado,
foi uma época interessante, onde a
criatividade do brasileiro desenvolveu produtos de áudio de ótima qualidade.
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Por volta
de meados da década de sessenta, num local que ficava na Avenida Santo
Amaro, em frente ao hospital São Luis, comprei o primeiro Gradiente, que
foi também o meu primeiro equipamento de toda linha de produtos. Tinha 18 watts por canal, e até
que tocava bem pela simplicidade do projeto. Utilizava transistores de
germânio, na saída, que ficavam colocados na parte traseira sem nenhuma
proteção. Por várias vezes, ao trocar os cabos de caixa, com aqueles
minúsculos parafusinhos, encostava a chave de fenda nos transistores e
eles se queimavam. Após as óbvias reclamações dos usuários, logo surgiu o 36S, com
dissipadores e transistores internos, de silício, isso bem antes da
empresa ser adquirida pelo Eugênio Staub. Era o começo de uma historia
de sucesso.
Depois de um tempo, tive o Lab 500, o Lab 1000, e assim por diante, até
chegar na linha Esotec, que tinha um padrão de qualidade excelente, com
uma ótima sonoridade.
Inesquecível também foram os amplificadores da Quasar. O que mais marcou,
sem dúvida, foi o QA 5500, pois me acompanhou um bom tempo, quando fazia
sonorizações em festinhas. O painel tinha dois enormes VUs e possuía
mixer para 2 toca discos, e auxiliares para os gravadores de rolo, e
também tape decks cassete.
Outra marca de peso, na época, foi a Polyvox, principalmente com a linha
pré e power CM e PM 5000. Tocavam muito bem, e cheguei a ligá-los nas minhas Ar 3a, e não ficavam nada a dever a muitos
amplificadores importados da época. Eram muito requisitados, em projetos
de sonorização de ambientes e, principalmente, em boates pela grande
potência que tinham.
Outra marca que passou pelas minhas mãos, foi a Cygnus, com seu
amplificador PA 1800 D que, visualmente, era a cara dos amplificadores da Threshold. Tinha muita qualidade e também potência, e era muito
requisitado em sonorizações e também em boates.
A Tarkus também deixou sua marca, e um modelo que muito me impressionou
foi o Tp 2170 com seus 85 watts de potência por canal. Tinha um
visual simples, porém muita qualidade de áudio.
O fato mais curioso, que alguns talvez nem se recordem, foi que,
naquela época, havia uma febre pelas caixas Ar 3a. Todos meus amigos audiófilos tinham caixas Ar. As Ar LST, com seus quatro médios e quatro
tweeters de domo, foram uma das coisas mais impressionantes que
ouvi.
Entretanto, a curiosidade
foi que tanto a Polyvox como a Gradiente se aventuraram a fazer copias
da Ar 3a. A Polyvox, com seu modelo Stradivarius, e a Gradiente, com a GR
30, tentaram, porém de forma meio frustrada. Duraram pouco no mercado,
pelo fato de que, além de não tocarem como a Ar original, tinham uma
construção muito artesanal, pelo fato de os médios e tweeters
exigirem uma construção muito delicada, principalmente por causa da
dificuldade
de centragem que causava muitos problemas de manutenção.
Esses são alguns poucos
exemplos do que, sem dúvida, foi uma época inesquecível que deixou uma imensa saudade.
Ótimas audições a
todos! Aquele abraço!
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