Número 363
Um Banho de Primeiro
Mundo
Música
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
No mês passado,
estive na cidade de Lucerna, na Suíça. Antes de entrar no assunto principal
deste artigo, gostaria de falar das maravilhas visuais do lugar, como os lagos
cristalinos, que parecem verdadeiros aquários, as pessoas se banhando no meio de
cisnes, e as montanhas, ao fundo, com suas neves eternas. Algo deslumbrante!
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Visitei três montanhas, de mais de 2000m de altura, e
percebi que os bondinhos são extremamente seguros, pois a possibilidade
de acidente é menor que zero. Tudo é muito limpo e organizado.
O propósito deste artigo é falar a respeito do festival
de Lucerna, que faz parte de uma série de festivais de música clássica.
Fundado em 1938, foi privatizado a partir de 1966, quando foi criada a
Fundação dos Amigos do Festival de Lucerna, onde empresas como a Nestlé,
o Banco Credit Suisse, os Laboratórios Roche, entre outras, o
patrocinam.
Atualmente produz três festivais por ano, atraindo cerca de 110 mil
visitantes desde 2004, principalmente no Lucerne Culture and Congress
Centre (KKL).
Cada festival apresenta orquestras e solistas convidados,
ao lado de apresentações de conjuntos, como quartetos, orquestras de
câmera e artistas internacionais. Neste ano de 2017, foram incluídas a
Filarmônica de Berlim, a Orquestra Real Concertgebouw e a Filarmônica de
Viena, entre muitas outras.
O maior
festival que acontece é o festival de verão, que será realizado no
período de 11 de agosto a 10 de setembro, e conterá mais de 100 eventos.
Desde 2003, foi lançada, pela orquestra do festival de
Lucerna, a orquestra de amigos de Claudio Abbado, dirigida por Riccardo
Chailly, e composta por solistas, músicos de câmara, professores e
membros da Orquestra de Câmara Mahler, internacionalmente aclamada,
desde 2016. As várias performances ocorrem em igrejas, em toda Lucerna.
Está
agendada também uma masterclass para jovens, no KKL, que
apresentará maestros, como Bernard Haitink, e apresentará também a
Lucerne Festival Strings, além de que haverá apresentações anuais da
Bavarian Radio Symphony Orquestra and Coro.
O festival de Lucerna teve sua origem, em 1938, com o
chamado concerto de gala, nos jardins da vila de Richard Wagner, em
Triebchen, conduzido por Arturo Toscanini, que formou uma orquestra com
membros de diferentes orquestras e solistas de toda Europa.
Aqui no Brasil, temos a respeitada orquestra da OSESP. No
entanto, embora esse padrão alcançado lá fora seja muito alto, devido
aos custos, artistas de renome internacional deixam de vir se apresentar
no Brasil. Os nossos músicos são excelentes, mas a estrutura que existe
lá fora é diferenciada. Por exemplo, em Lucerna, teremos a apresentação
da West-Eastern Divan Orchestra, dirigida por Daniel Barenboim,
interpretando Richard Strauss e Tschaikowsky. Teremos também a Lucerne
Festival Orchestra, dirigida por Riccardo Chailly, interpretando
Felix Mendelssohn. Teremos uma apresentação de Maurizio Pollini, ao
piano, interpretando Schumann e Chopin, English Baroque Soloists
com o Monteverdi Choir, dirigida por John Eliot Gardiner. Se
apresentarão também a Filarmônica de Berlim, dirigida por Sir Simon
Rattle, interpretando Schostakowitch, a Royal Concertgebouw Orchestra
de Amsterdam, com o maestro Daniele Gatti, interpretando Haydn e Mahler,
e a de Pittsburgh, dirigida por Manfred Honeck, com Anne Sophie Mutter
ao violino. Além de tudo isso, teremos também a Royal Philharmonic
Orchestra, dirigida por Charles Dutoit, com Argerich ao piano,
interpretando Beethoven, Debussy e Ravel.
Esses são apenas alguns exemplos, para se ter noção do nível
desse festival. Os preços das principais apresentações partem dos 30,00
e vão até os 320,00 francos suíços, nos lugares mais privilegiados.
O que me resta é a esperança de ganhar alguma loteria, para
reservar um hotel 5 estrelas, à beira de um lago, e passar um mês em
Lucerna tomando um banho de civilização.
Ótimas audições a
todos! Aquele abraço!
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