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Número 357

 

Ouvir Música não é Fácil

Psicoacústica

Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br

          Digo, por experiência própria, que por melhor que seja o equipamento, ouvir música, às vezes, pode nos trazer surpresas auditivas agradáveis ou desagradáveis.

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          Uma boa audição depende muito do nosso estado psicológico. Ou seja, se estivermos tensos, a coisa pode soar desagradável, fazendo com que achemos que nosso equipamento está com problemas. Se estivermos sonolentos, ou relaxados demais, a nossa percepção, pelo menos no meu caso, é sentirmos uma perda sensível nos agudos e também um pouco de perda nas baixas freqüências.
            Os ruídos externos também incomodam e fazem com que o som se torne desagradável, como os ruídos do trânsito, buzinas, e obras em construção, por exemplo, que é exatamente o meu caso.
             Uma sala ressonante, com sonoridade muito viva, devido a área envidraçada, pode também nos deixar nervosos. Se não for possível fazer um tratamento acústico, pelo menos um bom tapete e cortina podem tornar a audição mais agradável. Na maioria das vezes, dependendo do ambiente, achamos que nosso equipamento não está bom, mas, na verdade, quem não está bom é o nosso sistema nervoso que influi na capacidade auditiva.
              Já afirmei várias vezes que, num equipamento, independentemente do seu valor, o equilíbrio tonal é a coisa mais importante. Se tivermos proeminência nos agudos, ou nos graves, por exemplo, esse problema, aos poucos, vai causando uma fadiga auditiva que, após algumas horas, já não suportamos mais ouvir música. A qualidade do equipamento também é fundamental, entretanto, este é apenas mais um item numa enorme cadeia de detalhes. Muitas pessoas se irritam com sons altos e contínuos, o que é normal. Outras, porém, são especialmente sensíveis e não conseguem tolerar nem mesmo níveis normais, aqueles do dia a dia, perfeitamente suportáveis para a maioria das pessoas.
          As palavras hiperacusia e fonofobia significam audição excessiva. Mas vale ressaltar que os ouvintes com hiperacusia possuem uma audição perfeitamente normal, não necessariamente escutam melhor do que os demais. O que varia, entre as pessoas, é a intensidade do volume sonoro, ou do ruído, necessária para alcançar o desconforto, ou seja, pessoas com hiperacusia têm uma tolerância menor.
              Quando fico muito tempo fazendo algumas alterações no equipamento, mudando cabos, por exemplo, ou alterando qualquer item do sistema, isso também me causa cansaço auditivo. Por diversas vezes, fiz modificações que, na hora, pareciam soar melhor e, depois  de descansar os ouvidos, cheguei à conclusão que o resultado ficou pior e voltei atrás.
               Conclusão: um ouvido descansado, num dia de silêncio, após uma noite bem dormida, são os ingredientes perfeitos para ouvirmos música e tentarmos corrigir qualquer eventual problema no nosso sistema.

         Ótimas audições a todos! Aquele abraço!


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