Número 355
Falando de Bossa
Música
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
Sou apaixonado pela bossa nova, desde os tempos em que aprendi os primeiros
acordes de violão no conservatório. A febre era tão grande, que todos os meus
alunos queriam aprender aquela batida do João Gilberto.
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Na década de 50, um novo movimento nascia no Rio de Janeiro. O pontapé
inicial da bossa nova foi dado por Elizeth Cardoso, ao gravar o LP
Canção do Amor Demais em 1958. Logo depois, artistas como João Gilberto,
Vinicius de Moraes e Tom Jobim foram os grandes inovadores desse ritmo,
elaborado harmonicamente, abusando de escalas e sonoridades não usadas
nos outros estilos brasileiros. A bossa nova se tornou uma referência de
qualidade, na música nacional, apoiada sem dúvida por uma influencia do
jazz.
Na noite de 21 de
novembro de 1962, uma quarta feira chuvosa, a bossa nova viveu um dos
capítulos mais importantes da sua existência. Mudaria o rumo da sua
historia e dos seus principais protagonistas. Era a noite da bossa nova,
para os americanos ouvirem ao vivo, num dos seus maiores templos
culturais dos Estados Unidos, o Carnegie Hall, de Nova York.
Os músicos
brasileiros, que se apresentaram, eram bastante jovens. Participaram Tom
Jobim, João Gilberto e Luis Bonfá, os únicos que já tinham grande
prestígio nos Estados Unidos, e mais Oscar Castro Neves, Sergio Mendes,
Roberto Menescal, Carlos Lyra, Chico Feitosa, Milton Banana, Sergio
Ricardo, Agostinho dos Santos, e outros.
De início, o
termo bossa nova era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar
samba, ou seja, uma reformulação estética dentro do moderno
samba carioca urbano. Com o passar dos anos, se tornou um dos movimentos
mais influentes da historia da música popular brasileira em todo mundo.
Um grande exemplo disso é a música Garota de Ipanema, composta em
1962, por Vinicius e Tom Jobim, sem dúvida uma das músicas mais gravadas
da história da discografia, sem deixar de citar, é lógico, Chega de
Saudade, com João Gilberto, o hit que deu start a todo esse
fenômeno musical.
Um embrião do
movimento, já na década de 1950, eram as reuniões casuais, fruto de
encontros de um grupo de músicos de classe média carioca, em apartamentos
da zona sul, como o de Nara Leão, na Avenida Atlântica em Copacabana.
Nestes encontros, cada vez mais freqüentes, a partir de 1957, um grupo se
reunia para fazer e ouvir música. Dentre os participantes estavam novos
compositores da música brasileira, como Billy Blanco, Carlos Lyra,
Roberto Menescal e Sergio Ricardo, entre outros. O grupo foi aumentando,
abraçando também Chico Feitosa, João Gilberto, Luis Carlos Vinhas,
Ronaldo Bôscoli e outros.
Em 1965, Vinicius de Moraes compôs, com Edu Lobo, Arrastão. A
canção seria defendida por Elis Regina, no festival de música popular
brasileira, na extinta TV Excelsior. Era o início do que se rotularia
MPB, gênero difuso, que abarcaria diversas tendências da música
brasileira, até o início da década de 1980, época em que surgiu o pop
rock nacional renovado. Nessa época, a bossa nova perdeu um pouco de
sua força no Brasil. Entretanto, na Europa, America e principalmente
Japão, continuava viva, mostrando a força que esse movimento teve em todo
mundo.
A
MPB nascia com artistas novatos, da segunda geração da bossa nova, como
Geraldo Vandré, Edu Lobo e Chico Buarque, que apareciam com freqüência
em festivais de música popular. Foi um novo movimento, que também
mostrou toda a genialidade e sensibilidade dessa nova geração de artistas,
que surgiram para deixar a nossa música cada vez mais rica em
musicalidade e harmonia.
Ótimas audições a
todos! Aquele abraço!
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