Número 351
Coisas do Passado
Equipamentos e Cabos
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
Acho que estou realmente ficando velho, pelo fato de me lembrar de coisas do
passado do áudio, que alguns, talvez, principalmente os mais jovens, provavelmente
nunca ouviram falar.
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Me lembro que, no início da década de cinqüenta, havia diversos toca
discos que vinham com a velocidade de 16 rotações por minuto, coisa que
durou muito pouco. Existiam também discos de 10 polegadas, de vinil, 78
rotações, substituindo os velhos discos de massa (baquelite), usados nas
velhas vitrolas de corda (de manivela). Havia também os compactos 45
rotações, que possuíam um buracão no meio, e também os
compactos simples e duplos 33 rotações.
As cápsulas, daquela época, eram de cristal ou cerâmica e tinham um som
horrível. Talvez as melhores, até meados dos anos cinqüenta, eram as GE
magnéticas, que vinham com duas agulhas, uma para discos 78 e outra para
discos 33. Bastava apertar um botão, que havia em cima, girar, e
escolher a agulha certa para os discos que havia na época. As agulhas
eram todas cônicas ou esféricas. As de tipo elíptica, ou birradial, e as
shibata surgiram depois. Nessas cápsulas GE, podíamos encontrar dois
tipos de agulha no mercado, ou seja, safira ou diamante. As de safira não
passavam de trezentas horas e as de diamante duravam bem mais, porém não
tanto, porque os braços trabalhavam muito pesados naquela época.
A maioria dos
toca discos eram automáticos. Suportavam dez discos, um em cima do
outro, que iam caindo, conforme terminavam. A transmissão na totalidade
era feita por polias acopladas ao prato, que transmitiam ruídos, o
famoso rumble.
A transmissão por correias e, depois, o sistema direct drive, onde o
próprio motor é acoplado ao eixo do prato, dispensando qualquer
tipo de transmissão por correia ou polia, surgiram um bom tempo depois.
Naquele
tempo, ainda não havia uma definição exata das curvas de equalização nas
gravações. Muitos amplificadores, até o início dos anos sessenta, vinham
com opções de equalização diferentes, como RIAA ou NAB, por exemplo. Logo
depois, a curva RIAA se tornou definitiva.
Todos os amplificadores, daquela época, mesmo os mais sofisticados,
tinham controles de graves e agudos e alguns tinham até controle de
médios. O botão de loudness era obrigatório, pois era baseado na
curva de Fletcher-Munson que, através de uma pesquisa auditiva, concluiu que o ouvido humano é deficiente em volumes baixos, com
relação aos graves e agudos, reforçando essas freqüências. Nesses
amplificadores, conforme o som ia aumentando, essa função ia diminuindo,
até a desativação total, a partir da metade do volume.
Naquela época, a grande maioria dos amplificadores vinha com uma tecla
chamada subsonic filter. Como os velhos toca discos eram muito ruidosos,
os altos volumes criavam roncos insuportáveis, e os alto falantes
pareciam que iam ser arrancados das caixas, tal o descontrole dos cones.
Esse filtro cortava freqüências abaixo dos 20 Hertz, minimizando o
problema.
Os amplificadores, daquela época, obviamente eram todos valvulados. Os Marantz, McIntosh, Fischer e Scott foram os que mais me impressionaram.
Mais tarde, quando surgiram, os transistorizados deixaram uma marca sonora de má
qualidade, que ficou até hoje na memória de muitos audiófilos. Porém,
atualmente, os tempos são outros. Muita tecnologia envolve os novos
transistorizados, os novos toca discos, as novas cápsulas, que agora possuem uma qualidade de áudio excepcional.
Os valvulados continuam vivos e hoje existe tipos de sonoridade para
todos os gostos. Resta apenas muita saudade dos velhos tempos.
Ótimas audições a
todos! Aquele abraço!
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