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Número 312

 

Uma Convivência Pacífica

Mídia Analógica e Digital

 

Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br

          Recordo-me que, em meados dos anos oitenta, o cd surgiu e, sem dúvida, criou um reboliço no mercado. Os audiófilos fanáticos logo torceram o nariz, e não aceitaram aquela sonoridade infinitamente inferior aos discos de vinil.

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          Costumávamos brincar, dizendo que aquilo parecia melancia japonesa: linda por fora, porém, ao provar, não tinha gosto de nada.
          Vivemos, atualmente, uma realidade muito diferente. O vinil ressurgiu das cinzas e reacendeu um mercado que, há muito tempo, vivia respirando por aparelhos e que, agora, voltou a ser a grande e incontestável mídia audiófila, segundo os apaixonados por música de qualidade.

          Eu, particularmente, achava que as gravações digitais de primeira geração, por exemplo, gravações como os selos grp e TELARC, soavam duras, comprimidas e com pouco grave. Estas limitações fizeram com que o cd, para os audiófilos que curtiam um som verdadeiramente high end, fosse execrado. Entretanto, as gravações digitais não se deixaram abater e, na minha opinião, sem dúvida, hoje a realidade é bastante diferente. Os reprodutores de cd evoluíram muito e os processos digitais de gravação evoluíram mais ainda.
          Temos, como exemplo, a Bauer Studios, na Alemanha, que voltou a gravar praticamente tudo, em equipamentos analógicos, nos famosos gravadores Studer de fita. O processo digital, responsável pelo lançamento dos cds e de outras mídias digitais, evoluiu muito, a ponto de não percebermos quase diferença entre o cd e o vinil, com a vantagem daquela ausência de ruído que o cd proporciona.
          O que gosto mesmo, de ouvir, é as minhas velhas coleções de vinis, de jazz e clássicos, gravações com mais de cinqüenta anos, puramente analógicas que, na minha opinião, têm uma sonoridade imbatível. Ainda mais que aquelas gravações realizadas em 45 rpm são absolutamente incontestáveis, em termos de qualidade sonora, dinâmica e relação sinal/ruído.
          Alguns apregoam o fim do cd, como formato comercial viável, pela própria utilização do streaming, e também pelo ressurgimento do single como uma opção para conjuntos que lançam apenas uma música de sucesso e querem ter seu trabalho divulgado de forma rápida.

          O vinil é incontestável, e está aí, novamente, encantando os ouvidos dos audiófilos puristas. Entretanto, o digital não está, nem um pouco, dormindo no ponto, e temos hoje soluções como o MQA (Master Quality Authenticated - Vejam o Audiophile News 305), da Meridian, que promete uma qualidade sonora igual à que sai de dentro dos estúdios. Existem também pesquisas para que, no futuro, os vinis possam ser registrados a laser, sem a necessidade de uma matriz para prensagem, o que seria fantástico. Segundo essas pesquisas, a qualidade sonora melhoraria em torno de 30%.
          Definitivamente, ainda vem muita coisa por aí. Eu convivo muito bem com o vinil e com o cd. E o meu conselho é que não joguem fora seus cds, como fazem muitos audiófilos radicais.
          Ainda é muito bom escutar um cd de forma relaxada, trocando as faixas, sempre que necessário, sem preocupações com chiados e pipocas e, de preferência, ouvindo uma gravação atual, aproveitando toda evolução dos sistemas digitais. É isso aí!          
          Ótimas audições a todos! Aquele abraço! E até a próxima!                                

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