Número 292
Mortos Enterrados
Equipamentos e Cabos
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
Há um tempo atrás, estava consultando algumas revistas bastante antigas e me
veio à lembrança produtos que existiram a partir dos anos cinqüenta e
sessenta. Tenho a certeza de que as novas gerações nem se recordam, e também a
maioria dos leitores do
Audiophile News, com certeza, também não vão se lembrar
das coisas que vou desenterrar neste artigo.
© 2006-2016 Jorge Bruno Fritz Knirsch
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Prá
quem não se recorda, a Phillips, nos Estados Unidos, se chamava Norelco e tinha
uma linha de alto falantes, caixas acústicas e gravadores de excelente
qualidade. A famosa marca de gravadores Akai, nos Estados Unidos, se chamava
Roberts, e a Trio, japonesa, é a Kenwood, que está viva até hoje e fabrica bons
produtos populares.
Outra famosa, que desapareceu, foi a Leak, fundada por Harold Leak, que fabricava
produtos high end para a época. Ficou famosa pelo seu valvulado, o modelo stereo
60. Outra enterrada foi a American Electronics Inc, que
fabricava os gravadores da Concertone, que possuíam uma linha profissional
excelente.
Outra empresa, que tinha uma excelente linha de produtos, foi a Pilot Radio
Corporation, fundada em 1919, com ótimas caixas, amplificadores, pré
amplificadores e tuners.
Duas
fabricantes, que também fizeram muito sucesso, foram a Heath Company, com a famosa Heathkit, e
a Dyna Corporation que, através da Dynaco, fabricava os Dynakit. Esses kits
fizeram a alegria dos hobbistas americanos, que adoravam montar amplificadores
nas suas pequenas oficinas de fundo de quintal.
Outra empresa muito bem sucedida foi a Lafayette Radio que, através de seus
enormes catálogos, contendo uma gigantesca linha de produtos, oferecia uma linha de
áudio com o próprio nome Lafayette, mas que, na verdade, eram componentes
fabricados pela Trio
japonesa.
Outra marca famosa foi a Scott. Seu integrado, o modelo 222, o qual tive a
oportunidade de escutar, tocava como gente grande. Naquela época, os
transistorizados estavam começando, mas quem exigia um som de qualidade nem
pensava em transistores, apenas as válvulas reinavam absolutas.
É bom lembrar que a Altec Lansing, famosa pelas suas caixas acústicas, naquela época
também fabricava amplificadores, e o 353 A fez muito sucesso no meio audiófilo.
Eu também
cheguei a ter um toca discos da Collaro e, para quem não se
recorda, o modelo TC-99, que tive, visualmente parecia uma porcaria, mas até que tocava bem. Os
toca discos da Empire, naquela época, já eram de alto nível. Esta empresa também fabricava o
famoso braço modelo 98 e a excelente cápsula modelo 88.
Outra marca, que tinha um som de se tirar o chapéu, era a Fischer. Eu me recordo
do pré 400-CA que, em conjunto com o power SA-300, tocava melhor que muitas coisas que
existem nos dias de hoje.
Não podemos nos esquecer da Bozak, que fabricava excelentes caixas e também
vendia seus falantes em kits, com uma vasta linha para todos os gostos e
bolsos.
Também havia uma divisão da Precision Eletronics, a Grommes, que também fabricava
excelentes amplificadores. Existiam também os amplificadores da Paco Eletronics
e Realistic, os braços, cápsulas e toca discos da Fairchild e também da
Pickering, os alto falantes e caixas da University, gravadores da Ecotape e
também da Newcomb, e mais um monte de produtos e marcas, que fizeram a delicia dos audiófilos daquela época e que, até hoje,
me fazem recordar de um tempo
apaixonante do áudio.
Como vocês podem ter notado, poucas marcas sobreviveram ao longo desses quase 60
anos. Muitas coisas surgiram em empresas de fundo de quintal, geridas por audiófilos apaixonados,
mas que sucumbiram com o tempo, ou foram absorvidas por
outras empresas que investiram em algumas marcas de sucesso daquela época. Esses
malucos projetistas, com certeza, não deixaram morrer projetos que até hoje
mantém suas idéias vivas, através dos novos valvulados, dos novos toca discos,
das novas cápsulas, das novas caixas, através de novas marcas que surgiram no
mercado, mostrando que, em termos de qualidade de áudio, a coisa evoluiu muito
menos do que se esperava, e serviu apenas para mostrar que o analógico continua
reinando absoluto, no mundo audiófilo, como aconteceu há sessenta anos atrás.
Boas audições
a todos!
Bandejas Antirressonantes Bandstand
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