Número 282
Casamento Difícil
Equipamentos e Cabos
Flavio Adami
flavioadema@uol.com.br
Recordo-me que, quando fui ao evento CES (Consumer Electronics Show), em Las
Vegas, a cerca de dez anos atrás, havia um local destinado exclusivamente para
a exposição de equipamentos de áudio high end. Foi lá que tive a oportunidade de
escutar diversos sistemas montados com caixas bookshelf acopladas com
subwoofers. Não me esqueço como fiquei impressionado com a qualidade de áudio
que ouvi e até comecei a pensar
na possibilidade de adotar essa idéia, a qual, de fato, utilizo atualmente, tendo em
vista que possuo uma sala de pequenas dimensões.
© 2006-2016 Jorge Bruno Fritz Knirsch
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Me lembro que, naquele evento, foram utilizadas caixas bookshelf, como as B&W, JM Lab, Dynaudio,
entre outras, utilizando subwoofers da
mesma marca ou de marcas diferentes.
O
resultado realmente me impressionou e, só muito tempo depois, vim a perceber que
atingir uma boa qualidade de áudio, com este casamento, é algo bem mais complexo
do que se possa imaginar.
Quando
usamos essa solução, para um simples home theater, não existe um
comprometimento maior com a qualidade de áudio. Entretanto, quando exigimos um
resultado high end, a coisa fica bastante complicada.
Como vocês sabem, os subwoofers normalmente necessitam de três ajustes: volume, corte de
freqüências e fase.
O primeiro problema já começa com a fase. Os subwoofers
geralmente vêm com as unidades de graves voltadas para baixo, ou seja, suas
unidades vêm defasadas
com os woofers das caixas satélites. Acontece que, com a fase invertida, os
graves geralmente morrem. E o ajuste requer muitas horas de audição, pois é
feito através daquele
aparelho chamado ouvidômetro, que é, sem dúvida, a melhor forma de se ajustar o
ponto. Temos que ir pacientemente detectando o som até conseguirmos discernir onde se dá a melhor extensão dos graves.
O corte parece um pouco mais fácil, mas também não é algo tão simples. Basta observarmos a resposta
da caixa. Por exemplo, se a caixa responde a partir dos 60Hz, teoricamente
deveríamos colocar
o subwoofer a partir dos 60Hz, mas geralmente essa regra também não
funciona. Se a sala for pequena e os satélites ficarem muito próximos à parede do
fundo, haverá um reforço natural dos graves nessa região dos 60Hz. Então,
teremos que utilizar o corte nos 50 ou 40Hz para conseguirmos um acoplamento perfeito. Se
elas ficarem bastante afastadas da parede, poderemos utilizar esse corte num
ponto um pouco
mais alto.
Quanto ao volume, a coisa fica um pouco mais fácil. Basta ajustá-lo no ponto
onde encontrarmos o melhor equilíbrio tonal que, na minha opinião, é o fator mais
importante para alcançarmos um resultado audiófilo excelente. Se os graves
ficarem proeminentes, perderemos a sensação de transientes dos médios e a extensão dos
agudos.
Essa solução, de utilizarmos subs com satélites, quando bem ajustada, trás
uma vantagem que considero importante e que consegui perceber naquele
evento. Se tivermos uma sala de dimensões maiores, poderemos colocar as caixas
satélites posicionadas bem à frente, longe da parede, onde obteremos um palco sonoro
bastante mais arejado e uma profundidade muito melhor, sem perda nos graves. Isto, pelo fato
de podermos deixar o subwoofer próximo à parede, onde continuaremos a ter
uma excelente extensão dos graves.
Entretanto, os problemas não terminam por aí. Existe também a dificuldade de
encontrarmos o ponto ideal do sub na sala, para que os graves fiquem
corretos. É uma loucura, mas se a coisa funcionar, será como uma caça ao
tesouro, realmente valerá a pena todo este
sacrifício.
Ótimas audições e aquele abraço!
Bandejas Antirressonantes Bandstand
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