Número 267
O Som Mágico do Vinil
Mídia Gravada
José Olímpio Sousa
olimpiosousa@gmail.com
No
início da década de 80, o consórcio Sony/Phillips anunciava ao mundo a entrada
em produção e comercialização da mídia digital CD. Em 1984, precisamente, já
tínhamos vários títulos gravados. A novidade prometia o som perfeito, sem
atrito, chiados, ruídos, plocs e alta relação sinal/ruído. Inicialmente houve
grande euforia, levando a maioria dos audiófilos a se desfazerem de suas antigas
coleções de discos de vinil, rendendo-se ao apelo da praticidade, do controle
remoto e da ausência de ajustes requerida pelo toca discos analógico, como
tracking e anti-skating, etc.
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Naquela
época, o laser comercializado era o laser verde e a mídia de gravação digital do
CD possuía 700MB de capacidade de armazenamento e palavra digital de 16 bits,
que evoluiu mais tarde para 20 e 24 bits. Foi escolhida uma freqüência de
amostragem do sinal de 44.1KHz pois, segundo o Teorema de Nyquist, para
reproduzirmos uma freqüência de 20KHz (limite de audição do ouvido humano), teríamos
que amostrar com pelo menos o dobro desta freqüência.
Nyquist
mostrou que, se um sinal arbitrário é transmitido através de um canal de largura
de banda BHz, o sinal resultante da filtragem poderá ser reconstruído pelo
receptor, através da amostragem do sinal transmitido, a uma freqüência igual a,
no mínimo, 2B vezes por segundo. Esta freqüência, denominada Freqüência de
Nyquist, é a freqüência de amostragem requerida para a reconstrução adequada
do sinal (interpolada, conforme mostra a figura acima, não contínua).
O sinal analógico,
captado pelo microfone, é convertido em um sistema binário de seqüências de “0”
e “1” de 16/20 ou 24 bits, amostrados 44100 vezes por segundo, num algoritmo
matemático que usa processos complicados de interpolação digital e que nem
sempre coincide com a freqüência real daquele exato instante. O resultado disto
é que, quando reconvertido para analógico, pelo DAC do CD player, por exemplo, já não
conseguimos a senóide analógica original (onda fundamental), muito menos os
harmônicos (ondas secundárias), além de necessitarmos de alto controle do clock
digital para minimização do jitter. O som digital não se apresenta de uma
forma contínua e sim descontínua. É claro que, com o avanço do laser para
vermelho e mídia digital de 4.7GB (DVD Áudio), armazenamento em camadas, palavra
digital de 24bits, melhores controles do clock e freqüência de amostragem de
96KHz, houve uma melhora significativa, principalmente agora, com o uso da
mídia de Blu-Ray para gravação de áudio, laser azul, 192KHz de amostragem, alto
controle do clock, 25GB/camada de armazenamento e tendendo mais recentemente
para o uso de laser violeta.
As gravações realizadas
pela gravadora norueguesa 2LNordicSound, usando mídia Blu-Ray para áudio, soam
melhores que as gravações em CD ou DVD (simples e dupla camada), porém ainda não
comparável com o bom sistema analógico. As gravações baixadas na internet, com
taxas de amostragem de até 384KHz, também deixam a desejar, em relação à
sonoridade dos velhos bolachões, a despeito de toda euforia com o lançamento de
Media Servers pelo mercado audiófilo. Resta, então, a seguinte pergunta:
o que o vinil tem de tão mágico, para soar tão musical, com timbres corretos? Segundo os especialistas (incluindo o articulista Dick Olsher, da
the absolute sound, entre outras revistas), o segredo está no fato de que, a
cada giro da agulha no vinil, é lido o equivalente a 1Gb de informação, num modo
contínuo e não interpolado conforme é feito no som digital. Um toca discos
analógico gira a 33+ 1/3 rpm (33.33 rpm). Dividindo-se este valor por 60,
teremos 0.56 rps (0.56 rotações por segundo). A cada período de rotação, temos
1GB de informação, então teríamos uma freqüência de amostragem de 0,56 GB por
segundo. Como no sistema binário temos que 1GB é igual a 1024MB, teremos que a
freqüência de amostragem corresponde a 0,56 multiplicado por 1024Mb por segundo,
ou seja, 573MHz. Dividindo este valor por 2.82MHz (freqüência de amostragem do
SACD), encontraremos que o vinil tem cerca de 203 vezes mais resolução que o
SACD. Este, por sua vez, tem 64 vezes mais resolução que o CD. Isto é o
suficiente para explicar o porquê do vinil possuir um som mais encorpado, com
mais harmônicos que influenciam diretamente na qualidade do timbre. Com certeza,
o vinil é superior na microdinâmica também.
Como vocês podem ter
notado, apesar de todos os esforços para se conseguir um bom resultado (e esses
esforços não foram poucos!), parece que alcançamos um limite e esse limite
chegou ao ponto máximo possível que o digital poderia oferecer.
Isso explica porque as
vendas de vinis no mercado americano, ainda pequenas em relação as mídias
digitais, cresceram muito no ano passado 52%, na Inglaterra
subiram 65% e, em ambos os países, os downloads de música digital pela internet caíram
mais do que 10%. No ano passado, foram vendidos 1,8 milhões de vinis, somente na
Alemanha (conforme a revista stereoplay 08/15).
Depois disso, nada mais a dizer!
Ótimas audições a todos e aquele abraço!
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