Número 247

Wynton Marsalis no Ibirapuera

Música ao Vivo                                          

 Flávio Adami
flavioadema@uol.com.br

                Confesso que fui ao Ibirapuera, assistir a apresentação de Wynton Marsalis e sua banda, com um pé atrás. Uma apresentação ao ar livre é sempre um problema, pelo fato de estarmos escutando o som que vem direto dos monitores e não aquele que vem dos instrumentos com sua sonoridade natural.               

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                Estava, de certa forma, sentado à frente, num lugar privilegiado, embora o excesso de lotação, que não me permitiu ficar postado no centro, tenha prejudicado bastante a qualidade da audição.

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                 A minha posição teoricamente seria péssima, pelo fato de estar do lado direito, a oito metros de distância de nove gigantescos monitores e mais quatro subwoofers, e pensei com meus botões: vou ter que usar um tapa ouvidos para enfrentar esse inferno.
                 Mas, quando a Lincoln Center Orquestra começou a executar uma obra de Hermeto Pascoal, quase cai de costas! Primeiro, pela excelente qualidade da banda, com seus quinze músicos, dentro do mais alto nível artístico e profissional. Me recordo de ter ouvido coisa semelhante apenas nos idos tempos do Teatro Municipal, com bandas como Duke Ellington por exemplo. Segundo, me surpreendi pela qualidade sonora que aquelas enormes caixas reproduziam, onde, a uma distância de oito metros, bem em frente a elas, podíamos conversar normalmente, sem jamais sentir os ouvidos incomodados. E, apesar do volume considerável, os graves, médios e agudos soavam com perfeição. A distorção simplesmente não existia.
                 Essa empresa chamada Meyer Sound, sediada nos Estados Unidos, em Berkeley, é especializada em som profissional. Fundada em 1979, por John e Helen Meyer, com o objetivo exclusivo de desenvolver produtos de alta qualidade, para reprodução de grandes eventos ao vivo, a Meyer Sound conta hoje com 300 funcionários.

                 Não tenho o costume de escutar música em ambientes abertos, pois já tive grandes decepções. Porém, este evento foi uma agradável surpresa para mim. Tudo estava perfeito, desde o show de uma banda simplesmente fantástica, junto ao notável Wynton Marsalis com sua total ausência de estrelismo. Algumas pessoas até perguntavam se ele não estava presente, pois ficava escondido lá em cima da banda, junto ao naipe de trompetes, onde não se levantava nem na hora em que solava. A sua presença apenas era notada pela sua sonoridade e capacidade de improviso, habilidades que fazem dele um músico diferenciado.
                 Marsalis nasceu e viveu em New Orleans, no sul dos Estados Unidos, e absorveu a sonoridade característica do seu local de origem para sempre. Executa seu instrumento com absoluta perfeição e tudo isso é notado com clareza, pelo seu virtuosismo, que o faz, sem dúvida, um dos maiores músicos vivos do jazz.
                 Ponderando o que escutei musicalmente, somado a uma qualidade sonora simplesmente fantástica, ou seja, o que ouvi, em termos de profissionalismo, principalmente quanto à formação dos músicos e à precisão sonora, em especial quanto à equalização e ao controle acústico, isto tudo me leva a dizer que ainda temos muito a aprender. 

                 Ótimas audições a todos!
              

Bandejas Anti-Ressonantes

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