Tenho notado, já há algum tempo, muita confusão entre o tratamento
acústico de um estúdio e o de uma sala de audição. Em ambas as salas toca-se
música, porém a sala de estúdio é adequada à gravação de música proveniente
de instrumentos musicais acústicos, enquanto que a sala de audição é
adequada à reprodução sonora eletrônica. Assim, face aos objetivos
diferentes, o tratamento acústico precisa ser específico e diferenciado para
a finalidade que cada uma das salas se propõe.
Para respondermos a esta pergunta, precisaremos primeiramente entender o que
vem a ser tempo de reverberação. Tempo de reverberação (RT), explicado de
forma bem simples, é o tempo necessário, medido em segundos, que um som
emitido em um ambiente leva para se extinguir. Quanto maior o volume da sala
e quanto mais reflexivas forem as suas paredes, maior será o tempo de
reverberação. Assim, em ambientes grandes, com paredes de alvenaria,
normalmente um som emitido leva até alguns segundos para ser extinto. Já em
salas menores, este tempo poderá ser reduzido a frações de segundos.
Salas de conserto são salas vivas, onde as reflexões são desejadas, pois,
por exemplo, ajudam a melhorar a audição dos instrumentos acústicos de uma
orquestra. Normalmente, as salas com RT maiores do que 1s são consideradas
salas vivas. Já nas salas de audição, onde queremos reproduzir música
através de equipamentos eletrônicos, desejamos ouvir apenas o que foi
gravado e nada mais. Portanto, esta sala precisa ter um RT baixo,
normalmente abaixo de 1s em todas as frequências. Sendo assim, pouco
acrescentará à reprodução.
Salas mortas, também
chamadas de salas surdas, são salas vivas nos graves e secas nos médios e
agudos. Ou seja, são salas com graves não controlados e com tratamento
acústico para médios e agudos. Infelizmente, a maioria das salas dos nossos
estúdios aqui são mortas.
A sala ideal para o estúdio é a que tem graves secos e médios e agudos
vivos, para que a gravação dos instrumentos seja de audição agradável. A
curva do RT deverá ser semelhante à retratada ao lado. Tempos de
reverberação baixos em baixas freqüências e mais altos nos médios e agudos.
O eixo das ordenadas (y) são os tempos de reverberação e o eixo das
abscissas (x) são as freqüências.
Portanto, as salas de estúdios devem possuir uma curva do RT não plano,
diferentemente das salas de audição, que devem ser planas e, normalmente,
com RT abaixo de 1s em todas as freqüências. Assim, a resposta à pergunta
do nosso título é que a melhor sala para nós, entre seca, morta ou viva,
dependerá da aplicação que quisermos destinar a ela.
Caso desejem se aprofundar no tema,
recomendo-lhes a leitura dos seguintes artigos:
Dicas Gerais - Acústica - Parte 2
Qual a Melhor Sala Para se Ouvir Música? 1º Parte
Qual a Melhor Sala Para se Ouvir Música? 2º Parte
Qual a Melhor Sala Para se Ouvir Música? 3º Parte
Sala de Audição Crítica
Nunca
se esqueçam que mais da metade do resultado sonoro de uma audição vem do
ambiente. O ambiente faz a música!
Ótimas audições a todos! Aquele abraço e até a próxima!