Número 181
Fusíveis: Influem no Áudio e na Imagem?
Elétrica e Acessórios
Jorge Knirsch
jorgeknirsch@byknirsch.com.br
Introdução
Caro Jorge,
Acompanho os seus textos há
muito tempo e, para mim, são uma referência em temas de eletricidade em áudio.
Mas sobre fusíveis não encontrei muita coisa.. Posso colocar uma questão?
Você acredita que os fusíveis
são importantes? Marcas de fusíveis mais "high-end", como a AMR, fazem diferença?
Já, agora, quando fiz a minha
linha dedicada (fiação)...coloquei 2 disjuntores (são duas linhas) em vez de
fusível. Em sua opinião, fiz bem ou mal? O fusível traria alguma vantagem,
audível.?
Um abraço e obrigado.
Miguel Costa - Lisboa - Portugal
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Fusíveis, Uma Necessidade!
A resposta a estas indagações não é das mais simples, pois envolve muitos
aspectos relacionados aos sistemas e também questões técnicas. Uma resposta bem rápida e direta
seria, em primeiro lugar, que a escolha mais adequada vai depender do sistema de áudio/vídeo ao qual você está
se referindo. Em sistemas de entrada, é muito difícil sentirmos diferenças
entre os fusíveis e os disjuntores, na instalação elétrica, e também em
relação aos fusíveis de
proteção dos
equipamentos. Em sistemas mais elaborados, a partir do nível
High End,
a escolha
já trará uma diferença audível e, neste caso, a análise técnica do disjuntor/fusível
costuma apresentar diferenças tanto na imagem como no som. Estamos, assim, respondendo
a uma das suas perguntas: a opção mais acertada vai depender do seu sistema.
Em que nível está? Quanto melhor for o sistema, que poderá chegar até ao nível de referência, maior
será a influência desta escolha no resultado sonoro final e de imagem.
Em
segundo lugar, temos também que analisar os parâmetros mais importantes do
áudio que, como colocados no
Audiophile News 1,
são:
-
Acústica;
-
Elétrica;
-
Mídia Gravada;
-
Equipamentos e Cabos;
-
Aterramento;
-
Vibrações;
-
Acessórios.
O
fusível/disjuntor, na instalação elétrica, faz parte do segundo parâmetro de
influência no resultado sonoro final, ou seja, faz parte da elétrica. No
entanto, a questão do fusível dos equipamentos de áudio/vídeo faz parte da
categoria acessórios e tem uma influência consideravelmente menor, ou seja,
faz parte do último item da relação de parâmetros. Porém, poderemos analisar
tecnicamente os dois aspectos juntos, pois a física é a mesma para as duas situações de
aplicação.
Na
entrada da energia, é mister usarmos uma proteção, simplesmente para evitarmos
incêndios, que estará protegendo a fiação instalada (e não os aparelhos ligados
à esta rede!!). Esta
proteção poderá ser feita com fusíveis ou disjuntores. Cada um destes dois componentes elétricos
oferece estes dois tipos de proteção: para sobrecarga de corrente e
para curtos-circuitos. Existem várias classes de proteção para sobrecarga
de corrente e para curtos-circuitos. Não vamos arrolá-las aqui, mas
simplesmente mostrar a diferença da atuação dos dois tipos de proteção. O curto circuito, mais simples de ser
entendido, refere-se a uma corrente extremamente alta, fora de controle, que
pode ser causada pelos mais diversos motivos e que
poderá vir a danificar toda a instalação elétrica. Neste caso, a proteção precisa atuar de forma muito rápida para
reduzir os eventuais danos à instalação. Sobrecargas
de corrente são elevações de corrente,
no circuito, acima da corrente nominal do componente de proteção (fusível ou
disjuntor), onde a proteção deverá atuar dentro de um certo limite de
tempo (podendo chegar a atuar até mais de uma hora, caso a sobrecarga de corrente
persista), para não danificar a instalação por
temperatura excessiva. Tanto os fusíveis como os disjuntores,
para realizarem estas duas funções de proteção, necessitam inserir
uma impedância, em série com a rede elétrica. Esta impedância em série, na linha, deveria ser a menor possível, pois
é uma das geradoras de harmônicos em corrente e em tensão que degradam
o som e a imagem. De forma geral, o fusível possui, no seu elemento
interruptor, chamado de lâmina do elo-fusível, uma menor impedância, se comparado
com os disjuntores, e, por isto, em regra geral, o uso de fusíveis oferece um
resultado sonoro e de imagem melhor do que o dos disjuntores. Há uns anos
atrás, a revista AUDIO alemã publicou uma pesquisa, realizada por audiófilos
alemães, que confirmaram que os fusíveis, via de regra, proporcionam uma
melhor qualidade sonora e de imagem, quando comparados aos disjuntores. A
razão para esta conclusão é que a impedância dos fusíveis costuma ser mais
baixa
que a dos disjuntores.
Normalmente, para a entrada de energia,
usam-se fusíveis industriais do tipo NH. Constatamos que há diferenças sonoras entre
as várias marcas de fusíveis existentes no mercado. Aqui, no Brasil, temos testado
algumas marcas e preferimos os fusíveis NH da Siemens, principalmente os de
tamanho 000 que são importados. Mas recomendamos que vocês experimentem
algumas marcas, pois pode haver diferenças, dependendo do material usado no
elo-fusível, que normalmente é de uma liga de cobre-berílio. Quanto menor a
participação do berílio na liga, mais difícil se torna a confecção do elo-fusível, porém mais
baixa será a impedância gerada e assim oferecerá um melhor resultado sonoro
e de imagem.
Quanto à questão dos fusíveis dos
equipamentos, eles são parte integrante dos projetos dos aparelhos lançados
pelos inúmeros
fabricantes existentes no mercado. O fabricante é quem determina a curva
característica do fusível necessária para dar a devida proteção ao aparelho
em questão e também é quem determina qual a sonoridade que este fusível deverá
apresentar para complementar o resultado sonoro do projeto total do
equipamento. Não recomendo a troca deste fusível, pois a
mesma curva característica de proteção para o aparelho não ficará garantida e também, esta troca
poderia acrescentar colorações que retirariam o equilíbrio sonoro projetado pelo
fabricante, desvirtuando o projeto original.
Já realizamos muitos testes
com fusíveis de vidro, tanto grandes como pequenos, para aparelhos de som. Os mais neutros são os
da Littel Fuse (www.littelfuse.com/),
de fabricação mexicana que, inclusive, vários fabricantes conhecidos usam nos seus
produtos, como a Krell, por exemplo. Nós usamos estes fusíveis também
no nosso powerline Audiófilo. As marcas High End de
fusíveis, como você as
denominou, usam ligas fortes de cobre, prata e/ou ouro, juntamente com outros metais,
principalmente níquel ou ródio, que resultam em
colorações muito acentuadas no áudio, além de serem muito caros. Usá-los
seria entrar
por um "Galho do Pinheiro" (O Áudio e o Pinheiro - 1º Parte) e não conseguir mais sair dele!! Evitem estes
modismos!
TODA A EQUIPE DO Audiophile
News DESEJA-LHES UM FELIZ NATAL!
Um grande abraço a todos,
boas audições firmadas numa instalação elétrica de qualidade!
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