Número 96
Acústica
Flávio Adami
flavioadema@uol.com.br
A Dispersão Sonora
Vamos falar um pouco de dispersão sonora. É sabido que as
freqüências, conforme vão subindo dentro do espectro audível,
vão ficando cada vez mais direcionais, considerando uma resposta
normal de 20 Hz a 20 kHz. Comparemos essa dispersão, de forma
imaginária, a um leque totalmente aberto, formando um círculo
perfeito. Nas freqüências muito baixas, em torno dos 20 Hz, a
dispersão dos graves é total. Podemos observar este fato nos sistemas que
utilizam subwoofers, onde os mesmos não necessariamente
precisam ficar num ponto específico da sala para terem uma radiação omnidirecional. Qualquer localização pode produzir graves de
baixas freqüências, porém, dependendo do lugar onde os subwoofers
forem colocados, os graves poderão ganhar vulto. Por exemplo, se
os colocarmos próximos ou encostados a um canto de parede, um
reforço natural é criado e, obviamente, os graves se ressaltarão.
Voltando ao nosso leque, conforme ele vai se fechando, significa
que as freqüências estão subindo até o ponto de ficarem
absolutamente direcionais em torno dos 16 kHz, até o limite de
audição.
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Muitos projetos de tweeters foram desenvolvidos com o
intuito de melhorar a dispersão nas altas freqüências. Esse desenvolvimento
se iniciou, no final dos anos cinqüenta, com os
domos, projetados por Henry
Kloss e Edgard Vilchur, criadores das famosas caixas
AR3 e AR3A (Acoustic Research). Estes tweeters
formavam uma
espécie de cúpula, o que melhorou muito a dispersão, se comparados
aos velhos e pesados tweeters de cone, que além de terem
uma dispersão limitada, não chegavam a respostas de
freqüências muito altas pela própria massa excessiva do cone.
Há também os projetos de corneta de alta eficiência que,
através da compressão do ar no gargalo de saída, podem elevar as
caixas acústicas a níveis de pressão sonora acima dos 100 dB,
dependendo do projeto. As cornetas longas casam bem com grandes
ambientes, inclusive para shows, capazes de projetar o som a
quilômetros de distância. Existem também as médias cornetas, que
se adaptam bem a ambientes de volumes médios, e também os domos
de agudos, montados em pequenas cornetas que, quando bem
projetados, proporcionam agudos de ótima qualidade.
Tomando, por exemplo, as excelentes caixas Revel Performa F52,
o projeto exige que elas fiquem posicionadas com o toe-in
virado diretamente para o ouvinte. Isto porque todos os tweeters
que possuem esse formato de corneta exigem um posicionamento
direto, para que as altas freqüências apareçam em toda a sua
plenitude. As caixas com domos montados sem nenhum recuo,
ou seja, montados diretamente na flange, são caixas menos
exigentes nesse aspecto, entretanto é sempre muito importante o
ajuste do
toe-in que, às vezes, tem um efeito enorme no bom equilíbrio
tonal.
Existem também projetos que têm o intuito de melhorar a
dispersão, em altas freqüências, utilizando o recurso dos
tweeters colocados na parte traseira das caixas acústicas.
Fora isso, loucuras é que não faltam, como tweeters
virados para cima, médios e agudos refletidos através de um
pião colocado à frente, para gerar som em 360 graus. Apareceram
caixas
como as velhas Bose 901, com oito falantes virados para
trás e apenas um para frente, e assim por diante. Projetos esses que caíram em
desuso há muito tempo, por uma série de problemas, inclusive de
posicionamento. Surgiram também tweeters com cúpula de alumínio, titânio, berílio,
soft dome de polipropileno, seda e outros materiais. Médios
com cones de papel misturado com partículas de vidro, ou com materiais como Kevlar, alumínio, cerâmica e ufa! Chega!
Sugestão: escolha as caixas de sua preferência, sem muitas preocupações
com projetos, e vamos escutar música!
Boas audições!!
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