Número 89
Música ao Vivo
Flávio Adami
flavioadema@uol.com.br
Um Bálsamo para os Ouvidos
No dia 22 de março, tive a oportunidade de escutar, na Sala São
Paulo (OSESP), num ambiente chamado Sala do Coro, a música
de Franz Schubert (1797-1828). Este concerto fez parte de uma série de programas
intitulados Um Certo Olhar, onde se tem a oportunidade de
obter um contato mais íntimo com os músicos. Essa obra foi
executada através de um octeto em fá maior D 803, interpretado
pelos músicos Andreas Uhlemann e Gheorghe
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Voicu nos violinos, Galina
Rakhímova na viola, Adriana Holtz no violoncelo,
Alexandre Rosa no contrabaixo, Daniel Rosas no
clarinete, Francisco Formiga no fagote e André
Gonçalves na trompa.
A interpretação foi soberba e confesso que tive, durante uma
hora, momentos de um verdadeiro bálsamo para meus ouvidos,
dentro de uma sala com acústica bastante satisfatória para a
execução de um octeto de cordas e sopro e, também, pelo fato de
estar sentado na primeira fila a uns 2 (dois!!) metros de
distância do conjunto. Não querendo fazer nenhuma analogia com
qualquer sistema de reprodução eletrônica, por mais sofisticado
que seja, haja vista que a diferença é simplesmente brutal,
mesmo assim, como audiófilo, resolvi tecer alguns parâmetros
apenas como simples curiosidade. Alguns detalhes chamaram minha
atenção. Primeiro, a óbvia ausência de eletrônica, que salta aos ouvidos,
me impactou pela limpeza sonora que chegou aos meus tímpanos na mais
perfeita informação analógica. Segundo, a dinâmica, junto a uma
óbvia ausência de compressão, e também a textura me deixaram
arrepiado. E, por último, o corpo harmônico,
onde se distingue com absoluta clareza, por exemplo, o timbre
do violino com relação à viola, mostrando de forma muito clara a
diferença de volume dos dois instrumentos, de forma quase
palpável, junto a uma deliciosa
sonoridade de madeira, mais parecia o sabor e aroma de um puro
malte envelhecido trinta anos em
tonel de carvalho. Outro destaque, também, foi o corpo harmônico
tanto do cello como o do contrabaixo, mostrando uma textura reproduzida pelo
toque dos arcos raspando as cordas, onde se percebe claramente
que nenhum alto falante, por mais
rápido que seja, tem a capacidade de reproduzir tal velocidade,
não só na macro como também na micro dinâmica. Isso foi
claramente demonstrado pelo ataque da trompa e também do fagote.
Na minha opinião, uma coisa que serve de consolo e que tenho
percebido ao longo do tempo, é que, apesar da reprodução
eletrônica estar muito longe,
aquilo que mais se aproxima de uma apresentação ao vivo, em termos
de textura e corpo harmônico, é sem dúvida o velho vinil. Isso, desde
que seja reproduzido por um excelente toca discos, junto a uma
excelente cápsula e também a um phono stage de alto
padrão, em um sistema de referência absoluta, dentro de uma sala
com perfeito tratamento acústico e com uma elétrica otimizada.
Boas audições ao vivo !!
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