No momento de
escolher um sistema de áudio, o audiófilo se depara com vários tipos
diferentes de caixas acústicas, que o mercado high-end lhe
oferece.
Os principais tipos, ao nosso dispor, são
as cornetas, as caixas planares (eletrostáticas e eletrodinâmicas) e as
caixas de cones, além de alguns tipos “exóticos” que não se encaixam em
categorias preestabelecidas. É interessante lembrar que todos estes
tipos de caixas surgiram nas décadas iniciais do século XX, quando os
Laboratórios Bell e seus contemporâneos patentearam muitas das soluções
físicas que vêm se perpetuando até os dias de hoje.
© 2006-2016 Jorge Bruno Fritz
Knirsch
Todos os direitos reservados
http://www.byknirsch.com.br
Abordarei as caixas de corneta em primeiro
lugar, por serem muito antigas e por seu princípio físico constituir o
ouvido humano em reverso, ou seja, elas nada mais são do que o ouvido
externo humano realizado em grande escala e tendo, em seu centro, o
diafragma emissor (driver) ao invés do tímpano. Estas caixas primam pela
grande eficiência, ou seja, aproveitam muito bem poucos watts do
amplificador, para produzir um som de alta intensidade, o que é um ponto
ao seu favor. Mas apresentam um aspecto desfavorável, por pedirem geralmente
salas grandes e certa distância, para que o som de suas várias cornetas possa
se integrar corretamente na posição do ouvinte.
Já as caixas planares
eletrostáticas são painéis de material sintético que trabalham como
“grandes capacitores” elétricos. Têm, como vantagem, o fato de que
produzem agudos muito bonitos, em termos de timbre, com grande
delicadeza, finesse, “ar”, leveza e velocidade.
O problema eventual
destas caixas é que este alto desempenho geralmente não se verifica na
região dos graves, o que faz com que tenham de ser “híbridas”,
necessitando adotar woofers convencionais. E essa transição do som, em
relação às partes altas, destoa, pois é facilmente percebida pelo ouvido, provocando uma ruptura
indesejável na uniformidade do “tecido sonoro”.
As caixas
eletrodinâmicas também são de geometria planar e feitas de painéis
sintéticos, que trabalham como “grandes resistores” elétricos. Seu bom
posicionamento na sala não é muito fácil de ser encontrado, no sentido de
se conseguir obter bons
graves. Solicitam grandes potências do amplificador e também pedem salas
de um tamanho razoável. Sua vantagem é a de proporcionarem uma imagem sonora ampla, alta e
larga, de grande majestade na apresentação.
E, por fim, temos as caixas
de cones, que são, de longe, o tipo mais empregado em áudio. O cone
é o tipo de falante mais versátil já inventado, porque se presta a
incontáveis aplicações e soluções técnicas. A caixa de cones
apresenta a grande vantagem de cobrir todo o espectro sonoro, desde o extremo
grave até o mais alto agudo, através de falantes que possuem um mesmo princípio
de funcionamento. Uma caixa de cones “completa” pode conter até cinco
vias, sendo cada faixa de freqüências coberta por cones de diferentes diâmetros. Os
diâmetros típicos, em que os cones são encontrados, são: 15, 12, 10, 8, 5, e
1 polegada para tweeters. Modernamente, as marcas têm evitado utilizar cones de
grande diâmetro, tais como os de 15 polegadas, já que seu tamanho e o
conseqüente custo da caixa acústica se eleva muito; ao invés disto,
cones deste tamanho são substituídos por pares de cones de um diâmetro
inferior. Podemos observar isto, quando, por exemplo, dois cones de 10 polegadas
são utilizados para fazer a mesma
função de um só cone de 12, com o benefício de apresentarem uma maior velocidade e
também por se deixarem impulsionar com maior facilidade pelo
amplificador. Ocorre que o grave,
assim obtido, não apresenta, subjetivamente, tanta “majestade e peso” como
o produzido por um woofer maior. Porém, as tendências atuais apresentam as já citadas vantagens de um
menor tamanho e de um custo final mais acessível.
Outra configuração clássica, presente em
muitas caixas de cones, é a chamada configuração “D’Appolito”, em
homenagem ao seu projetista, e que consiste em um tweeter situado
verticalmente entre dois médios idênticos, localizados respectivamente
um acima e outro abaixo, o que teoricamente melhora a dispersão espacial
e a imagem produzida.
Outro tipo de caixa acústica de cones, que
me vem à
mente, é o chamado line array, no qual um mesmo falante, por exemplo um
cone de médios, é utilizado verticalmente em multiplicidade, de cima até
embaixo, numa coluna alta.
Por fim, há as caixas de cones abertas, ou
open baffle, que tentam, assim, se livrar das colorações do gabinete,
embora pagando um certo preço em extensão de resposta. Os cones podem
apresentar diafragmas sintéticos ou de papel, para obterem sons
respectivamente “mais precisos e velozes” ou “naturais”. E os crossovers,
que distribuem os sons pelos falantes, podem ser de “alta” ou de “baixa”
ordem, isto é, com grande separação interfalantes (os de alta ordem), ou com áreas de
overlap (os
de baixa ordem).
Eis o vasto espectro de opções que dispomos, ao
escolher uma caixa acústica para nossa audição. Com certeza, temos
possibilidades fascinantes ao nosso dispor!
www.byknirsch.com.br