Número 71
MITOS DO ÁUDIO: VOCÊ OS CONHECE?
O Áudio como Um Todo
Jorge Knirsch
jorgeknirsch@byknirsch.com.br
Introdução
Com a publicação dos nossos últimos Audiophile News,
recebemos muitos e-mails a favor e contra o que dissemos, o que mostra que os conceitos que regem o
mercado nem sempre estão alinhavados com a melhor prática do áudio e, principalmente, com a
sua melhor técnica. O áudio requer um aprendizado bastante longo e muitas vezes penoso,
e isto envolve muito mais técnica do que a vã filosofia possa imaginar!! Para
podermos esclarecer os mitos existentes em nosso meio, em primeiro lugar, seria
aconselhável criarmos o hábito de ouvir música ao vivo com regularidade. Esta
prática é de suma
importância, pois, caso contrário, será muito difícil adquirirmos um norte
fidedigno para
nos guiar ao "Topo do Pinheiro" que, com certeza, é o objetivo
de cada um de nós (Vejam o artigo:
O Áudio
e o Pinheiro - 1º Parte), neste nosso hobby, que é um dos mais
cativantes, salutares e prazerosos hobbies que existem. Os nossos ouvidos
precisam ser treinados para sabermos qual o caminho mais correto a ser trilhado.
Por
outro lado, precisamos ter muita técnica para entendermos, de forma abrangente,
todos os fenômenos físicos envolvidos na reprodução, desde a propagação de ondas
sonoras na sala, passando pela parte elétrica da instalação, e chegando até a
abranger os
processos eletrônicos dentro dos aparelhos. Ou então, caso alguém não tenha a
possibilidade de passar por este aprendizado, que encontre um
bom técnico para estar ao seu lado.
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Os Maiores Mitos do Áudio
Vamos aqui enumerar alguns mitos muito comuns, no
áudio de reprodução, e que, infelizmente, por questão de espaço, não esgotarão o assunto
de forma alguma.
-
Os Equipamentos são os Elementos mais
Importantes em uma Reprodução. Infelizmente, ou felizmente, não é bem
assim. Este item, coloco-o logo bem no início da lista, pois
é o mais controverso de todos! É
verdade que os equipamentos são muito importantes, mas não nos levarão ao Topo do
Pinheiro necessariamente. Os
equipamentos não estão em primeiro lugar, na ordem de importância, para
alcançarmos
uma boa reprodução sonora e, sim, a sala. A nossa sala já lança a sorte
quanto ao resultado sonoro final que obteremos, de forma muito marcante, ao ponto de
equipamentos iguais tocarem diferentes, muito diferentes, em diferentes salas.
E esta é uma das razões porque, para equipamentos iguais, existem tantas
avaliações distintas, algumas até contraditórias. Testes de equipamentos
deveriam sempre ser feitos em salas padronizadas, como a apresentada pela proposta de norma IEC
60268-13. Quanto aos equipamentos em si, as caixas acústicas têm uma relevância
bem alta em relação aos outros aparelhos. Ou seja, todos os equipamentos
que transformam as formas de energia do sinal de áudio/vídeo têm maior peso
para uma boa reprodução.
-
O Uso de Cortinas e Tapetes resolvem a
Acústica da Sala. Muitos de nós não temos idéia da dimensão da importância da
acústica da sala onde montamos o nosso sistema de reprodução. Cortinas e tapetes, na melhor
das hipóteses, irão reduzir os agudos, mas não têm capacidade de tratar os
médios e, principalmente, os graves, e, quando usados em excesso, tornam
nossas
salas mortas, ou surdas, como as denomina o pessoal dos estúdios.
-
Potência é Qualidade Sonora. Este é outro equívoco de grande penetração no
nosso meio. Muitos acham que a potência dos seus integrados, ou amplificadores de
potência, determinará a qualidade sonora do sistema, quando isto está muito
longe da realidade. Aqui, a única condição importante é que o amplificador
de potência consiga tocar as caixas acústicas com uma potência adequada para a
sensibilidade que elas possuem. A revista alemã AUDIO traz o
índice AK de compatibilidade entre powers, integrados e caixas
acústicas. Este índice ajuda muito na escolha correta do amplificador para a
caixa acústica eleita. Veja o artigo no site:
O
Áudio e o Pinheiro - 3º Parte. Mas mesmo esta compatibilidade, tendo sido atingida,
ainda não diz nada sobre o resultado sonoro final do conjunto.
-
Condicionadores de Energia tiram a Dinâmica
do Sistema. Nenhum dos dois tipos de condicionadores de energia causam
compressão dinâmica. O que acontece é que os condicionadores de energia,
que usam componentes em série com a rede elétrica, provocam um desequilíbrio
tonal, aumentando, em muito, o volume da região dos agudos. A esta sensação auditiva de redução dos graves
é que
muitos chamam de compressão dinâmica. Na realidade, o que ocorre é apenas um
desequilíbrio tonal, resultando num volume maior dos agudos. Os condicionadores de energia,
que usam componentes de proteção e filtragem em paralelo com a rede elétrica,
não sofrem deste problema.
-
Pré e Power Separados Tocam Melhor! Esta afirmação não é
necessariamente verdadeira. Existem muitos integrados que tocam melhor do que
muitas combinações de prés e powers com os seus cabos
correspondentes! E o integrado ainda tem a vantagem de não precisar de cabos de
interconexão!
-
Toe-in Tira Palco Sonoro. Estou, no momento, fazendo muitas
experiências com a minha nova caixa acústica Revel Performa F52. O
fabricante recomenda que o toe-in seja colocado diretamente em cima do
ouvinte, para se obter timbres mais corretos, e tenho constatado que não há perda de palco
sonoro quando as caixas estão corretamente posicionadas na sala. O palco sonoro depende muito mais da distância das caixas acústicas
em relação às paredes, principalmente em relação à parede que fica atrás
delas, do que do toe-in.
Lembrem-se que, nas técnicas de estúdios, onde são realizadas as mixagens dos cd´s
e onde o palco sonoro é criado, via de regra, os monitores
são posicionados com toe-in total.
-
Válvula é Melhor do que Transistor.
Esta afirmação hoje não tem mais fundamento algum. É possível obtermos um
som bem "valvulado" com bons equipamentos com FET´s, que são os novos transistores de
efeito de campo e que se aproximam muito da sonoridade das válvulas, mas sem os
seus problemas de distorção. Inclusive, muitos sistemas usam prés valvulados
junto
com powers transistorizados, e tocam com maior facilidade as caixas
acústicas, com resultados surpreendentes.
Sugestão: analisem seus sistemas segundo
conceitos fundamentados. As ações práticas que dai resultarem melhorarão o resultado
sonoro!
O MAIOR SEGREDO PARA OBTERMOS UM BOM SOM É, ANTES
DE TUDO, TRATARMOS CORRETAMENTE O GRAVE DA SALA!
Aquele
abraço!! Ótimas audições a todos!! E até a próxima!
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