Número 69
Mídia Gravada
Humberto
Santilli
humbertosantilli@uol.com.br
O que é Compressão? - 2ª.
Parte
A Compressão de Dados
Como tivemos um grande retorno após o
Audiophile News 66,
que versou sobre compressão sonora, estamos dando continuidade ao assunto,
para trazermos maiores esclarecimentos aos muitos leitores
interessados em aprofundar o tema.
Muitas pessoas apenas ouviram a palavra
compressão, mas não sabem o
que ela significa na prática em áudio. Compressão vem do
conceito de “espremer”, compactar algo que ocupava um
determinado espaço em
um espaço menor. Dentro deste conceito, em áudio, podemos ter
dois tipos de compressão bem distintos. Um seria a compressão do
áudio em si, que pode ser feita em estúdio durante a gravação, mixagem e masterização,
e que pode ocorrer tanto no domínio analógico quanto
no domínio digital. A outra seria a compressão de dados ou
arquivos,
exclusiva do áudio digital, nosso foco neste Audiophile
News.
© 2006-2016 Jorge Bruno Fritz Knirsch
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A compressão de dados existe por motivos que no início do áudio
digital eram mais relevantes do que são hoje, como espaço para
armazenamento de dados em disco rígido e transmissão de dados
por internet.
Como muitos devem lembrar, nas primeiras
duas décadas de popularização dos personal computers, os
HDs tinham capacidade diminuta, obrigando o usuário a
compactar e “backupear” constantemente seus arquivos por falta
de espaço. Outro problema era a transmissão em si, em tempos de
internet dial-up (discada) por linha de telefone que
alcançava um máximo de 56,6kbps (kilo bits por segundo).
Um arquivo de áudio digital sem compressão
ocupa 10 MB (mega bytes) por minuto de áudio estéreo em um
padrão de CD 44.1kHz/16bit. Com este tamanho, em uma
conexão discada com velocidade máxima, cada minuto de áudio
demora por volta de 25 minutos para ser transmitido. Foi por
causa desta limitação de transmissão que surgiu o MP3 (ou
MPEG Layer 3), formato de codificação capaz de compactar um
arquivo PCM (Pulse Code Modulation) de áudio sem
compressão em um tamanho compactado até vinte vezes menor do que
o arquivo original. A qualidade sonora gerada por este tipo de
compressão é muito inferior à dos arquivos originais sem
compressão, mas mesmo com qualidade muito inferior este formato
se popularizou a ponto de ser o formato dominante em arquivos de
áudio hoje.
Essa popularização aconteceu graças a um
programa chamado Napster, que permitia acesso a livrarias
de MP3 entre usuários (rede P2P) de forma gratuita
(pirata). Este programa mudou a forma de se adquirir música, e
graças à péssima qualidade de som dos sistemas de som integrados
aos computadores, na época, sua baixa qualidade de áudio passou
despercebida. O foco deste padrão de arquivo é a compactação
para transmissão, tanto que sua qualidade é medida em kbps (bitrate
/ taxa de bits) , unidade usada para medir tempo de transmissão
por internet e não a qualidade do áudio em si.
Em resumo, quem espera qualidade
máxima de um áudio digital
para reprodução ou trabalha profissionalmente com áudio não leva em consideração o uso de
arquivos compactados / comprimidos, ainda mais nos dias de hoje
onde há HDs de alta capacidade
por um baixo preço e internet banda larga. Os
formatos de arquivo sem compressão adequados são .wav,
.aiff, .aif, .bwf ou formato de CD (
codificação Red
Book audio standard,
que só pode ser lida por um CD player).
No próximo Audiophile
News sobre este assunto falaremos sobre a compressão de
áudio em estúdio.
Boas audições a todos, com um som de qualidade, sem compressão!
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