Número 64
Equipamentos e Cabos
Flávio Adami
flavioadema@uol.com.br
Um Choque de Tecnologias
Dando continuidade ao assunto do último
Audiophile News 62, que escrevi a respeito da época dos anos dourados do
áudio, gostaria de dar um exemplo do que
aconteceu com o áudio analógico em relação à revolução digital
que existe nos dias de hoje.
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Em 1966, quando ainda era moleque, mas já
apaixonado por áudio, instalei meu primeiro equipamento no
apartamento de um amigo jazzista fanático. Consistia em um par
de caixas AR 3, um pré 7 e um power 8 B, ambos da Marantz, junto
a um toca discos também AR, com cápsula Pickering. Quando aquilo
começou a tocar, quase cai de costas, tal a qualidade de áudio
que saia daquele equipamento há 45 anos atrás. As AR, com
suspensão acústica, tinham graves secos e profundos. A
naturalidade dos médios e agudos, junto à docilidade sonora que
saia daquela amplificação Marantz me impressionaram de tal forma
que esse som ficou na
minha memória até os dias de hoje.
Outro dia, me veio à mente um paradoxo muito interessante. A
qualidade daquele equipamento, que ouvi há 45 anos atrás, era
igual ou até melhor do que muitos dos equipamentos que escuto nos dias
de hoje. Ou seja, a evolução dos equipamentos foi mínima ou
quase nenhuma. E, ainda por cima, naquela época só existia vinil.
O toca discos AR já tinha um conceito construtivo moderníssimo
para época, com suspensão e braço independente, criado por
Edgar Vilchur. O pré e o power Marantz dispensam comentários,
pois são desejados até hoje com inúmeras réplicas lançadas no
mercado. As caixas AR foram as primeiras a terem médios e
tweeters de domo, outra idéia genial de Edgar Vilchur
e Henry Kloos. Fazendo um contraste entre épocas, se
pegarmos a imagem de um televisor dos anos sessenta, em preto e
branco, com aqueles tubos arredondados e aquela imagem horrível,
que existia na época, e compararmos com uma projeção digital em
alta definição 3D, que existe nos dias de hoje, chegamos à
conclusão que a qualidade sonora dos equipamentos praticamente
não evoluiu nada, enquanto que os sistemas de alta definição, junto aos
equipamentos multicanal, evoluíram sobremaneira. Não digo em
qualidade de áudio, mas em relação aos efeitos sonoros
pirotécnicos, que até eu me encanto quando vou ao cinema e ponho
aqueles óculos ridículos para ver aqueles efeitos de imagem
pulando para fora da tela.
Toda essa evolução digital,
além das inúmeras imagens maravilhosas e mais os Tablets,
I Phones, I Pods, criados pelo genial Steve
Jobs, junto aos Blu Ray e servidores de áudio e
imagens de alta definição, são perfeitamente aceitáveis por essa
nova geração, ligada em som e imagem, e não mais pelo áudio
estéreo, como nós saudosistas vivíamos dentro de uma era
dourada. O palco sonoro, criado pela nossa mente, através de um
equipamento de alta resolução, nos
levava e ainda nos leva à
sensação da presença dos músicos tocando ao vivo à nossa frente.
Os jovens, nos dias de hoje, já não querem mais isso. Gostam de
som e imagem, não se importando com a qualidade do áudio. Ficam
cada vez mais encantados com a magia que as sensações em
terceira dimensão oferecem aos nossos olhos, deixando cada vez
mais os ouvidos cegos de uma boa qualidade
sonora
verdadeiramente high end.
Boas audições a todos!
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