Número 62
Equipamentos e Cabos
Flávio Adami
flavioadema@uol.com.br
Sinal dos Tempos
Venho de uma época em que todos curtiam música, debruçados em
enormes "vitrolas" fabricadas nos anos sessenta, aquelas que
tinham enormes caixas, respondendo graves até os limites, todas
obviamente valvuladas. Me recordo que, nas festinhas de fim de
semana, dançávamos ao som de Ray Conniff, junto a um copo de
cuba libre, ao som de uma Telefunken Dominante ou outra
qualquer do gênero, desenvolvidas para os padrões da época, sem
a preocupação com o tamanho das salas, pois geralmente todos
morávamos em casas grandes com ambientes de muito espaço.
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A primeira "vitrola" que meus pais compraram, considerada na
época alta fidelidade, levando-se em conta que a expressão
high end nem existia nos anos dourados, foi uma Invictus,
ainda mono, com uma enorme caixa que ficava virada contra a
parede, com um falante de 12" full range, da Phillips, com
magnético de alnico. Tinha um som poderoso, que enchia a sala da
minha casa, principalmente quando meu pai escutava as óperas de
sua preferência.
Isso era apenas um começo, pois no início dos anos sessenta eu
ainda não era um audiófilo apaixonado, entretanto aquelas
vitrolas serviram de base para que eu começasse a me apaixonar
pela coisa, principalmente porque, na década de 60, tudo era vinil
onde digital obviamente nem existia.
Quando comecei a tomar gosto pela coisa, ficava escutando com
atenção o som de alguns amigos que tinham equipamentos
sofisticados, com caixas Wharfedale ou JBL de primeira linha,
fazendo com que eu viesse a me apaixonar definitivamente por
áudio.
Naqueles tempos, eu tinha por volta de dezoito anos. O que vejo,
nos dias de hoje, com muita tristeza, são os jovens escutando um
sistema JBL, não aquelas caixas maravilhosas, mas sim um mini
Dock Station, com um iPod encaixado em cima, sem graves,
apenas um som estridente e rachado, e ainda discutindo que aquilo
é o futuro, pela praticidade e pelo número de músicas que pode
armazenar. Aquele som gostoso que ouvia, curtindo as músicas
daquela época, nas festas, hoje é substituído por um DJ, que não
tem a mínima noção de áudio, gerando um som insuportavelmente
alto e distorcido, que chamamos de bate-estacas, com níveis de
pressão sonora equivalente a um jato decolando.
Infelizmente, os ouvidos dessa nova geração estão se estragando,
no sentido de uma acuidade musical mais apurada. Aquilo que
poderíamos chamar de novos audiófilos, cada vez se torna mais
raro nos dias de hoje.
Mesmo na maioria das salas do Hi Fi Show, com algumas exceções, o
áudio high end se torna cada vez mais frio e cirúrgico,
faltando aquele corpo sonoro que havia no passado.(A foto ao
lado é da caixa acústica JBL Hartsfield).
No evento, encontrei um amigo audiófilo, pelos corredores, que me
disse: "Para mim, a melhor coisa que presenciei foi aquela
projeção em 3D que estava maravilhosa". Talvez ele tenha razão,
tendo em vista que vivemos a era da alta definição, com imagens
caindo em nosso colo, dentro de um novo século, onde o reino
digital acabará tomando conta de tudo.
Boas audições a todos!
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