Nos Audiophile News 50 e 52, Flávio
Adami falou sobre o timbre dos instrumentos. Neste artigo, pretendo completar a
informação que ele nos trouxe, dando uma definição mais técnica daquilo que vem a
ser o timbre de um tom.
Muitos falam de timbre e, normalmente, o
associam à decomposição da onda sonora complexa, através da soma da sua
fundamental e de seus harmônicos, como resulta da série de Fourier. Porém
o timbre de um instrumento é algo bem mais complexo, como vamos mostrar a
seguir.
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O Formante
Quando decompomos um tom, na fundamental e
em seus harmônicos, como podemos ver no gráfico abaixo, colocamos no eixo vertical, das
ordenadas, a intensidade sonora de cada componente, expressa em dB. E
registramos, no eixo horizontal, das abscissas, a grandeza das freqüências,
tanto da
fundamental como de cada um dos seus harmônicos. Observem que os
harmônicos são sempre múltiplos inteiros da fundamental, como dita a
série de Fourier.
Vamos tomar como exemplo uma nota qualquer
de um determinado instrumento. Como podemos ver, no gráfico ao lado, no
eixo das abscissas, o
número 1 representa a freqüência da fundamental desta nota, com certa amplitude em
dB. Em seguida, o número dois representa a
freqüência do primeiro harmônico, cujo valor é o dobro do valor da fundamental,
com uma certa amplitude, normalmente inferior à da fundamental. E, assim por
diante, temos os vários harmônicos que formam a nota. Neste exemplo,
podemos também notar que o quarto harmônico é mais forte do que o
terceiro, e isto realmente acontece em alguns instrumentos como veremos mais adiante.
À curva que une as amplitudes máximas, da fundamental e de seus
respectivos harmônicos,
chamamos de Formante. Cada
instrumento musical possui um tipo de formante característico. Portanto,
o formante varia de instrumento para instrumento. Podemos verificar,
através de alguns exemplos práticos, colocados abaixo, que o formante é uma
característica própria de um instrumento, pois se repete para qualquer nota
tocada por ele, ou seja,
o formante é uma parâmetro marcante de um instrumento.
Assim, como a figura ao lado mostra, o
formante do clarinete é bem diferente do formante do piano que, por sua
vez, é bem diferente do formante do
violino. Observem como o formante pode subir e descer, apresentando
formas bastante diferenciadas. No exemplo
dado, o clarinete possui, após a fundamental, um forte decréscimo nos
harmônicos e, mais para a frente, volta a ter harmônicos com maior
intensidade. É um instrumento que não possui grande corpo harmônico. Já
o piano tem um formante rico em harmônicos, apresentando um corpo
harmônico bem mais presente. O violino possui o formante na forma como
normalmente conhecemos e apresenta um pequeno corpo harmônico.
O Envelope
Acontece que o timbre,
além do formante,
possui mais um elemento importante, para que a sua definição fique completa,
como o Flávio Adami já havia nos mostrado: a duração do som da nota. A
fundamental e cada harmônico possuem um tempo onde são gerados,
sustentados e extinguidos. Para representarmos este tempo num gráfico,
teremos que acrescentar mais um eixo, que deverá ser perpendicular aos
dois outros eixos mostrados anteriormente. Portanto, na realidade, o
timbre possui três eixos, X/Y/Z. O eixo X, das abscissas, representa
o eixo das freqüências, onde estão a fundamental e os harmônicos, de onde
obtemos o formante. O eixo
Y, das ordenadas, é onde registramos a intensidade da mesma fundamental e dos
seus
harmônicos. E, agora, acrescentamos o eixo Z, que é o eixo do tempo, de
onde resulta o envelope da nota musical.
Cada uma das freqüências que compõem o timbre, possui um início, um meio
e um fim e, no gráfico, estes tempos recebem nomes específicos. Vejamos, abaixo,
na representação esquemática à esquerda, como variam, no tempo, as amplitudes da
fundamental e dos harmônicos. As quatro divisões do tempo:
ataque, decaimento, sustentação e relaxamento já foram apresentadas no
Audiophile News 52. Este tipo de envelope que aqui estamos
observando é o mais comum de se encontrar, apesar de
que existem muitas outras variações.
Assim, concluindo, o timbre de um tom pode ser representado em uma figura
esquemática X/Y/Z, como agora mostramos na figura à direta.
Podemos observar que
tanto a fundamental como cada harmônico tem o seu próprio envelope, com
suas variações. O formante é formado pelas tensões eficazes de cada
envelope, que, porém, não foi representado na figura.
Resumindo, o timbre é
algo muito complexo. É por isso que é muito difícil, para um sistema de som, reproduzir cada detalhe da
nota musical,
sua fundamental, os harmônicos, o formante e os envelopes precisos de cada
harmônico. Não conheço nenhuma reprodução eletrônica
que tenha verdadeiramente conseguido alcançar o som ao vivo, com a
necessária fidelidade
para ser com ele confundida. É verdade que cada vez nos aproximamos mais
do real e estamos nos aprimorando a cada dia! Sejamos otimistas, o
avanço tecnológico tem nos surpreendido mais e mais! Ânimo, amigos, a
esperança é a última que morre!!
Aquele abraço!!
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