Número 41
O QUE É IMPORTANTE PARA OS CABOS DE CAIXAS
ACÚSTICAS?
Equipamentos e Cabos
Jorge Knirsch
jorgeknirsch@byknirsch.com.br
Introdução
Não sei se é de conhecimento geral, mas os cabos
de caixas acústicas são os mais importantes dentre todos os cabos de um sistema
de áudio, ou seja, são os que maior influência
podem exercer sobre o conjunto.
Assim, vamos aqui iniciar uma nova série e estudar os cabos de caixas acústicas um pouco mais de perto. Para
analisá-los mais detalhadamente, iremos verificar alguns
parâmetros importantes:
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O Material Empregado
Qual
a importância do material condutor? A escolha do material condutor, para um cabo
de áudio, é de suma importância, principalmente para a obtenção de um resultado
final de qualidade. E, no caso dos cabos de caixas acústicas, a escolha de um
bom material condutor se reveste de uma relevância ainda maior, devido à grande
influência que eles têm sobre o sistema.
Um material
com bom índice de condutividade tem a capacidade de transportar
a corrente elétrica
com um mínimo de perdas possível. Quanto maior for o valor da condutividade, melhor a qualidade
do material empregado. Na verdade, o valor da condutibilidade expressa quantos
metros são necessários para se obter um Ohm de perdas para cada mm² de secção transversal do material. Assim,
a unidade de condutibilidade é: m/Ohm x mm². Por exemplo, em condições normais, o material que melhor condutibilidade
apresenta é a prata, cujo fio de 1mm² precisa de 62
metros para ter uma
queda de resistência de 1,0 Ohm. Em seguida vem o cobre, com um valor de 56m/Ohm x mm²,
ou seja, o cobre tem uma condutibilidade quase 10% menor que a da prata. Após o cobre
vem o ouro, com uma condutibilidade de 47,6m/Ohm x mm², ou seja, 15%
menor que a do cobre.
É
importante salientar que, tanto a prata como o ouro possuem uma característica
sônica bem marcante, peculiar e diferenciada. Enquanto que a prata tende a metalizar o resultado sonoro,
valorizando as altas freqüências, o
ouro possui a característica de valorizar os médios baixos. Dos três metais mais
empregados no áudio, o cobre
apresenta-se como o material mais neutro, do ponto de vista
sonoro, e é, sem dúvida, o mais aplicado na eletrônica analógica e digital.
Existem muitos cabos que usam uma liga feita com dois ou três destes metais, mas são
muito mais caros, considerando o seu preço por metro, e nem sempre têm uma qualidade
sonora superior que possa corresponder a esse preço.
Embora o cobre seja o metal mais empregado no áudio, ele precisa de tratamento. Acontece que o cobre normal não tem a pureza necessária, devido aos
óxidos de cobre e outras impurezas nele existentes, que fazem com que o som
se torne granulado, ou seja, com baixa resolução. O cobre normal, quando
de boa qualidade, possui em média uma pureza entre 235 a 250 PPM (ou seja, ele
contem 235
a 250 moléculas de
impurezas para cada milhão de moléculas de cobre). Assim, procura-se purificar o
cobre no seu processo de fabricação, retirando-se as impurezas e os óxidos. A este cobre,
costumamos chamar OFC (Oxygen Free Copper) ou OFHC (Oxygen Free
High Conductivity). Neste caso, o valor cai para algo entre 40 a 50 PPM, cuja
pureza é melhor do que 99,95% de cobre em peso. Alguns fabricantes também
nomeiam esse cobre de pureza mais alta como sendo 5N, 6N ou até 8N =
99,99999999% (8 digitos após a vírgula). Acontece que não existe comprovação de
que a redução de impurezas de cobre acima de 99,95% sejam audíveis em uma reprodução sonora.
Outro ponto interessante é com relação ao comprimento dos cristais de cobre. O cobre
normal possui de 4.000 a 5.000 cristais por metro. Dizem que, entre estes
cristais, criam-se indutâncias, capacitâncias e até uma certa função de diodo, que
podem deteriorar a qualidade do som. Assim, procura-se diminuir o número de
cristais por metro, aumentando o tamanho destes cristais. Sabemos que o processo
de fabricação do cobre OFC/OFHC já
reduz o número de cristais para algo em torno de 1000 cristais/metro. Mas existe um
processo que aumenta ainda mais o tamanho dos cristais, chamado de cobre - LGC (Long Grain
Copper), que reduz o volume de cristais para algo entre 200 a 300 cristais por
metro. No entanto, o processo mais avançado que
temos hoje, dizem, é o processo do Professor Ohno, chamado de UPC-OCC (Ultra
Pur Copper - Ohno Continuos Casting). Neste processo, o cobre é mais
fundido do que extrudado a frio, como se usa normalmente, obtendo-se assim um
único cristal que pode chegar ao comprimento de 200m. Este cristal fica na direção
da condução elétrica do cabo e muitos dizem que a diferença conquistada é audível, enquanto
que outros acham muita graça nestas afirmações. Não tenho conhecimento de
testes conclusivos sobre estas diferenças auditivas relacionadas ao tamanho dos cristais.
Vamos dar continuidade a este assunto nos próximos Audiophile News.
Desejo
a todos boas audições e também muito bom senso!!
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