Em plena era do som digital, o vinil sobrevive “misteriosamente”. Por
que isto ocorre? Você conhece as diferenças entre o vinil analógico e
todos os demais formatos digitais, tais como o CD, DVD Áudio, SACD,
arquivos de download, etc.?
O vinil, assim como o gravador analógico de fita, são os últimos
representantes do som analógico. Neles, o sinal musical é representado
por uma réplica física do sinal musical original, na íntegra e em
pequena escala, o qual depois sofrerá amplificação. No caso do vinil, os
sulcos e ondulações físicas do disco submetem a agulha a vibrações
mecânicas sucessivas, as quais reproduzem o evento acústico original
gravado em baixa amplitude.
Já no processo digital, a grande e fundamental diferença que temos é,
primeiramente, uma partição sucessiva das intensidades do sinal original
em muitos e muitos segmentos ao longo do tempo (a chamada “freqüência de
amostragem”, no mínimo 44.000 vezes por segundo no caso do CD). Cada um
destes elementos recebe uma codificação numérica computacional
proporcional à magnitude da intensidade do sinal musical nela contida.
Esta fragmentação do sinal original assemelha-se aos quadros sucessivos
de um filme convencional de cinema, que retrata uma cena dividindo-a em
eventos menores. O sinal digital, assim dividido e codificado em cada um
de seus pequenos pedaços, posteriormente será reunido novamente, antes
de sofrer a amplificação, como ocorre com o sinal analógico do vinil. A
vantagem intrínseca de se “pulverizar” o sinal assim, no processo
digital, é que, por ser convertido em números, tudo fica muito mais
fácil, no sentido de o sinal posteriormente sofrer processamentos vários
por dispositivos computacionais, com perdas pequenas em cada estágio, em
comparação a um processo puramente analógico. Este processo também tem a
vantagem de facilitar o seu envio por meios eletrônicos, como por
exemplo, através da internet.
Já o vinil é uma mídia não transportável eletronicamente, e seu sinal é
passível de rápida degradação fora de seu ambiente próprio. Mas como
diz um conhecido técnico oriental, meu amigo, o sinal digital é como “um
bolo”, que uma vez fatiado em mil pedaços, jamais voltará a ser o mesmo
quando reunido novamente pelo conversor digital/analógico (D/A)!
Esta é, de modo simplificado, a
essência de toda a questão e a explicação de muitas das diferenças entre
o vinil e as mídias digitais. Se ouvirmos atentamente o vinil e o CD,
vamos notar algumas diferenças clássicas, que parecem revelar os
diferentes princípios empregados em cada um dos processos. Estamos
pressupondo aqui o melhor dos equipamentos de vinil em comparação com o
melhor equipamento digital. Ouvindo-os, podemos perceber que o vinil
apresenta um som mais aberto, que parece sair livre e desprendido, de
modo muito contínuo, originando-se do próprio espaço, de maneira talvez
mais solta e natural e com agudos mais frágeis e delicados. Por outro
lado, as mídias digitais apresentam um som mais incisivo, rápido e
preciso, com melhores transientes e contornos delineados no ataque dos
instrumentos, talvez mais cristalinos. Porém o timbre geralmente não se
mostra tão rico, orgânico e sedutor como o conseguido pela melhor das
cápsulas fonográficas. O som digital geralmente é, espacialmente, mais
“fechado” em relação ao vinil (embora com ótima imagem), e os graves das
mídias digitais muitas vezes soam mais sintéticos e menos naturais. Em
termos gerais, o vinil é mais orgânico, e as mídias digitais mostram-se
mais precisas.
O que é melhor: CD ou vinil? Com o estabelecimento das mídias
digitais, ficamos livres dos ruídos de superfície e de fundo dos LP’s.
Mas temos constatado também que os CD’s apresentam muitas diferenças de
prensagem, principalmente quando esta é feita em diferentes países ou
até mesmo em diferentes fábricas num mesmo país, e isto é muito
perceptível na audição, aparecendo como falta de transparência de
imagem, além de ocorrerem distorções nos agudos. Na época do vinil, os
LP’s oscilavam muito em qualidade, de forma imprevisível. Mas, em seus
melhores exemplos, são sublimes, como nos discos de corte direto, que
representaram o ponto mais alto da tecnologia fonográfica, nos quais o
som ia do microfone diretamente à mesa de corte, sem passar por
gravadores de fita intermediários, assemelhando-se à fita master.
LANÇAMENTO!!
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