Nosso colega Jorge Humberto Castro de
Almeida, de Salvador, e muitos outros amigos já me perguntaram o que é toe-in.
Como esta pergunta é recorrente, vamos explicá-la com um pouco mais de
detalhes.
O toe-in é uma torção no posicionamento
das caixas acústicas, direcionando-as ao ouvinte. Vamos dizer que sua sala
de áudio é simétrica e paralepipeda e que você está sentado em frente ao seu sistema de
áudio, ouvindo tranquilamente a sua música preferida. Imagine agora dois planos verticais,
paralelos entre si, cada um deles passando por uma das caixas,
indo da frente até a parte de trás de cada uma delas, cortando os alto falantes ao meio, de forma simétrica.
Vamos dizer que as caixas estão posicionadas nos seus devidos lugares, (conforme a distribuição modal otimizada para a
sua sala), e que os planos verticais do toe-in estão paralelos
às paredes laterais da sala. Nesta situação,
dizemos que as caixas acústicas estão sem toe-in (α
= 0°). Quando agora começamos a
"torcer" as caixas em sua direção, aí sentado, ouvindo a música, este plano de
toe-in começa a dar
origem a um ângulo, em relação as paredes laterais, e este ângulo é chamado de
toe-in (α).
Quanto maior este ângulo, maior é a tendência do equilíbrio tonal se
deslocar para os agudos. Se o posicionamento das caixas
acústicas e do ouvinte ficar como os vértices de um triângulo equilátero,
com os
três ângulos iguais a 60°, os alto-falantes
estarão dirigidos diretamente para o ouvinte. Neste caso, o ângulo de toe-in é
α = 30°.
Também podemos hipoteticamente imaginar que, se uma caixa acústica estiver olhando
frontalmente para a outra o toe-in será de 90°. O acerto do toe-in, após o posicionamento
correto das caixas na sala, é realizado como última etapa do acerto auditivo
do sistema. Para se atingir o equilíbrio tonal plano, é preciso ir acertando a intensidade das altas freqüências. A única
desvantagem, à medida que o toe-in aumenta, é a ocorrência de uma progressiva perda do palco sonoro.
Os fabricantes
normalmente indicam, nos
seus manuais, qual a melhor posição das caixas acústicas com relação ao toe-in.
Essa indicação do toe-in, pelo fabricante, é recomendável, pois ele
consegue verificar qual a dispersão lateral sonora dos
alto-falantes através de medições acústicas em câmera anecóica. Essa
informação nos ajudará a definir em que posição vamos obter o melhor palco sonoro
e o melhor equilíbrio tonal.
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Normalmente, os fabricantes recomendam um toe-in que pode
variar entre α = 5° e, no máximo,
α
= 30°. Nos estúdios, como as técnicas
para a mixagem costumam ter um espaço reduzido, muitas vezes o técnico de som
fica muito próximo das caixas, mais próximo
do que em um triângulo eqüilátero, (aumentando o
palco sonoro) e o toe-in pode então chegar a mais de 30°. Porém, em situações
residenciais, não é necessário se chegar a valores tão altos, devido à maior
distância do ouvinte e, com isso, provocar uma perda
de palco sonoro muito grande. Aqui, novamente a nossa regrinha de ouro vale
muito: "menos
é mais"!! Faça o mínimo toe-in necessário para obter o
melhor equilíbrio tonal desejado!