Número 19
Equipamentos e Cabos
Jorge Knirsch
CABOS DE FORÇA FAZEM DIFERENÇA? COMO
PODEREMOS AVALIÁ-LOS?
Introdução
Existe, no meio do áudio, muita discussão em torno
dos cabos de força dos equipamentos. Afinal, eles apresentam ou não diferenças
sonoras? E como poderemos avaliar se um cabo de força é melhor do que o outro?
Em muitos aparelhos de entrada, o cabo de força não
é destacável. E aí já surge outra pergunta, se vale a pena trocá-lo, caso seja
possível, por um cabo destacável.
Vamos discorrer aqui sobre esses assuntos e mostrar o que um
bom cabo de força deve apresentar em termos de resultado sonoro.
Cabos de Força
Fazem Diferença?
A resposta a esta pergunta
vai depender do sistema em que a análise estiver sendo feita. Se o sistema for um
sistema de entrada, a diferença, se houver, será apenas marginal, de pouca
relevância. Assim, aparelhos que já vêm com os cabos de força instalados, a troca
por cabos de força de melhor qualidade, em regra geral, não compensa, não vale o
custo investido. Normalmente, nos sistemas de entrada, como os equipamentos são
mais
simples, o resultado sonoro depende em muito da topologia eletrônica empregada.
Não compensa investir apenas
no cabo de força, mas sim, primeiramente, em uma melhor eletrônica, para melhorar
o som como um todo e, depois, então, nos cabos de força, quando se tornarem os elos mais fracos
do sistema. Não esqueçam que, para otimizar um sistema de áudio, devemos identificar
o próximo elo mais fraco do conjunto. Normalmente, os cabos de força não são os
primeiros itens a
serem otimizados em um sistema de entrada, nem em muitos sistemas Hi-Fi e
nem até mesmo em muitos sistemas High End. Já nos sistemas de referência, os cabos
de força podem assumir uma importância igual a qualquer um dos equipamentos e
cabos do sistema.
Assim, quando um sistema cresce, vejam bem, os aparelhos também já terão cabos
de força destacáveis e, a partir daí, quando o cabo de força for o elo mais fraco,
é de bom senso otimizá-lo para um cabo de melhor qualidade.
De Onde Vêm as
Diferenças Sonoras?
Em regra geral, toda substituição de cabos
deve trazer uma maior resolução e detalhamento, sem alterar o
equilíbrio tonal. Isso, pré-supondo que o sistema esteja equilibrado,
tanto no seu
todo quanto em cada um dos seus componente. Acontece que, normalmente,
na substituição, associado a esta maior resolução, poderá ocorrer também um desequilíbrio
tonal, que deverá, de alguma outra forma, ser corrigido. Isto acontece
com cabos e com os próprios equipamentos de áudio.
Como vocês sabem, a energia elétrica é
constituída pela freqüência fundamental, que aqui no nosso meio é 60 Hz, com uma
tensão em torno de 120V. Só que essa energia vem acompanhada de
inúmeras impurezas elétricas, que nós chamamos de harmônicos e que são em
múltiplos ímpares da freqüência fundamental. Evidentemente, estes
harmônicos possuem tensões muito mais baixas do que a fundamental. À medida que
os harmônicos aumentam de ordem, estas tensões vão caindo. E à medida que o
nosso sistema cresce em refinamento, estas impurezas da energia elétrica podem se tornar
cada vez mais audíveis e modificar a qualidade sonora
do que estamos ouvindo nas nossas caixas acústicas. Estes harmônicos, de forma
geral, limitam a formação do palco sonoro de um sistema. Vejam a
palestra que proferimos no I Seminário de Música, Ciência e
Tecnologia na USP:
Palestra: Os Harmônicos da Energia Elétrica no Áudio .
Assim, todo cabo de força não deixa de ser
um filtro, pois pode alterar o conteúdo harmônico da energia elétrica e
que pode ser audível em nossas caixas acústicas. Colocado desta forma, o
melhor cabo de força é aquele que deixa passar com a menor atenuação
possível a freqüência fundamental e atenua fortemente a passagem dos
harmônicos de ordem superior (3ª, 5ª, 7ª e assim por diante).
Vejam que o cabo de força tem uma tarefa
bem diferente da dos outros cabos de áudio. Enquanto o cabo de força deve deixar passar
apenas uma freqüência, a de 60Hz, onde está a grande parte da energia
elétrica, os outros cabos de áudio, de interconexão ou de caixas
acústicas, devem deixar passar o sinal de áudio em uma banda extensa de
20Hz a 20KHz sem alterar o sinal de entrada. A diferença é muito grande
e, portanto, por exemplo, nenhum cabo de caixas é muito adequado para ser um cabo de
força, e vice-versa. A parte construtiva, na geometria e na isolação,
assim como na parte condutora destes cabos é bem diversa. Existe muita confusão a esse respeito.
Esta base técnica pode ajudá-lo a discernir entre um cabo e outro no seu
sistema.
Um cabo de força, então, trazendo uma
maior resolução e detalhamento pode trazer um equilíbrio tonal
favorecendo os graves, pois se é um bom filtro e está corretamente
projetado, ele deve estar reduzindo os harmônicos de freqüências maiores
e com isto seu equilíbrio tonal pode tender para os graves. Agora, estes
graves podem estar excitando as ressonâncias da sala e portanto poderão
estar embolados. Aqui já entramos em outra área, que não vamos abordar
aqui.
Portanto um
bom cabo de força, com o evidente aumento da resolução e do detalhamento, pode
favorecer os graves que deverão, de alguma outra forma, serem
compensados, caso estejam em excesso, por exemplo, com os vários sistemas anti-ressonantes
possíveis na compensação das vibrações do chão para os equipamentos,
restabelecendo assim o equilíbrio tonal. O ideal era de que o cabo de
força aumentasse a resolução e o detalhamento sem perda do equilíbrio
tonal.
Assim, um cabo de força que
valoriza a região das altas freqüências não me parece apropriado, pois
está atenuando a fundamental (60Hz) e deixando passar os harmônicos de
freqüências mais altas da
energia elétrica de forma que deve ser rejeitado. Caso você, mesmo assim
continue a usá-lo, é muito provável que venha a fazer compensações para
o restabelecimento do equilíbrio tonal que deixará seu sistema em um
galho do pinheiro.
Concluindo: os melhores cabos de força
aumentam a resolução e o detalhamento do evento musical e poderão, caso não sejam totalmente
equilibrados, valorizarem os graves. Mas nunca os agudos!!
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