Um Comentário ao Audiophile News Número 18
Mídia Gravada
Maurício Maia Clasta
Voltando ao Passado
Caro Flávio Adami,
Gostaria de comentar a pergunta que concluiu seu artigo nº 18: "Esta
gravação, da Audio Fidelity, tem mais de cinqüenta anos e às vezes me
pergunto: será que estamos realmente caminhando para frente?"
Bom, sou formado em
informática, e conheço a lógica por trás da digitalização do mundo, bem como
conheço o tamanho da imperfeição da tecnologia digital frente aos meios
analógicos. Contudo, conheço também seu potencial e sei que poderia ser muito
melhor. O que antes impunha grandes dificuldades para o aumento da resolução
digital, há uns 5 ou 7 anos, era o tamanho das mídias disponíveis, como os CDs,
que comportavam aproximadamente 650MB.
Hoje contamos com DVDs e Blue-rays, que são amplamente empregados na indústria
do cinema, mas que, surpreendentemente, não são empregados na música, que
continua tendo os CDs como mídia padrão. Quanto aos DVDs, a indústria só recorre
quando da gravação de shows e clipes, lotando a mídia com imagem e pouco
acrescentando às faixas de áudio. Talvez essa estagnação na indústria dos
estúdios ocorra pela atual configuração mundial do mercado musical, ditada pelos
MP3, CDs piratas e as discografias baixadas em redes P2P, que desestimularam
investimentos no setor.
Um outro fato é que
manter um sistema em evolução custa caro, e convenhamos, um setor voltado
somente para audiófilos, principalmente no Brasil, provavelmente morreria de
fome, pois aqui equipamentos capazes de refletir a qualidade de uma gravação
feita como no caso supracitado chegam a preços exorbitantes devido à quantidade
de atravessadores e impostos sobre as transações comerciais.
Infelizmente, o
mercado reflete seu consumidor e para nós que gostamos de qualidade, isso
implica em desastre, pois para a grande maioria das pessoas, que nunca tiveram a
oportunidade de comparar o que tem por aí com algo de boa qualidade, o som que
ouvem é perfeito e, enquanto não tivermos um público grande e exigente,
continuaremos na mesma.
Seria interessante
fazer a experiência espectral. Realizar uma gravação em formato digital com uma
resolução tal que coubessem apenas 10 músicas em um DVD de 8GB, ou ainda um
Blue-ray, e então compará-lo num sistema como o seu, com o vinil.
É como no artigo.
Muito do mundo não se pode ver, mas pode-se sentir. Então porque é que
insistimos em limitar a arte apenas às freqüências dos ouvidos humanos?
Precisamos resgatar antigos conceitos que visavam atingir um objetivo ideal:
gravar a máxima resolução com a maior gama de freqüências. Não apenas o que está
em uma faixa considerada audível.
Encerro com uma
reflexão histórica. Beethoven foi capaz de ouvir vibrações com seu corpo,
imaginando a música. Ele sabia disso e talvez por isso fosse menos surdo do que
muitos de nós somos e, com certeza, essa capacidade está em cada um de nós, só
não aprendemos a importância e a grandeza de tal sentido.
Esse foi meu ponto de vista.
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