Número 18
Mídia Gravada
Flávio
Adami
Voltando ao Passado
Em meados da década de sessenta, eu e um amigo, jazzista fanático, costumávamos
fazer longas sessões de música, regada a Duke Ellington, Count Basie,
Oscar Peterson, Bill Evans, Dave Brubeck, gravações
nacionais de Bossa Nova entre outras tantas.
O equipamento
utilizado foi o primeiro instalado por mim, quando tinha apenas 16 anos de idade.
Consistia de um par de caixas AR 3, um pré 7 e um power 8 B, ambos da Marantz,
e também um toca discos AR, com cápsula Pickering. Aquilo, a 44 anos
atrás, tocava uma barbaridade! Ainda fica na minha memória a qualidade dos
graves das AR, caixas que eu chamaria de legítimas "suspensão acústica" com um
damping fantástico.
Esse amigo já
faleceu, há mais de dezoito anos, deixando um acervo de vinis, os quais sonhava
tê-los há mais de 40 anos e, com muita emoção, vieram parar em minhas mãos, há
questão de um mês atrás, praticamente novos, inclusive com alguns autografados.
Mas o que me
chamou a atenção, nessa estória, voltando ao tema do último artigo escrito por mim,
é que alguns vinis estavam em estado de novo, como exemplo: Edson Machado
é samba novo, Baden Powel muito à vontade, Sergio Mendes e Bossa
Rio, Count Basie Kansas City 7, entre outros, cujas gravações tenho a
versão em cd, inclusive com alguns remasterizados. Após fazer uma comparação
auditiva, cheguei à conclusão que realmente ouve um assassinato na transcrição,
para a mídia digital, onde todos os responsáveis deveriam receber uma punição,
por tentar enganar os ouvidos dos pobres audiófilos que respeitam a música na
sua total plenitude. Em todas essas gravações, ficou patente um achatamento nos
extremos, principalmente nos graves, criando a sensação de um som chapado sem cor,
inodoro e sem sabor. Para vocês terem uma idéia, eu possuo uma gravação do vibrafonista Lionel Hampton, de 1959, gravado em mono, pela etiqueta
Audio Fidelity, onde as informações técnicas dizem o seguinte: “ O corte de
acetatos foi feito nos estúdios B&C de Nova Yorque, com a máxima velocidade
da agulha, compatível com o mínimo de distorção, obtendo assim o máximo em
relação sinal/ ruído conseguido até hoje. Ainda que a faixa total das
freqüências de 16 Hz a 25 kHz por segundo, encontradas neste disco, esteja além da
capacidade auditiva humana, uma inspeção em um microscópio evidenciará as
incisões das altíssimas freqüências dinâmicas."
Entretanto, é
opinião do fabricante que, se tais freqüências forem omitidas do disco, "perde-se
uma cálida tonalidade que é mais sentida do que ouvida. Por esta razão, e para
obter a última palavra em nossos estudos em som de alta fidelidade, fomos à
estas extremas medidas eletrônicas”.
Esta gravação, da Audio Fidelity, tem mais de cinqüenta anos e às vezes me
pergunto: será que estamos realmente caminhando para a frente?
Boas audições!
http://www.byknirsch.com.br/produtos-cabos-connect-indice.shtml
|