Número 16
Mídia Gravada
Flávio
Adami
A Forma em Discussão
Eu costumo dizer que aqueles que são
músicos profissionais e também os amadores como é meu caso, na sua grande
maioria raramente são audiófilos, devido ao fato de que o grande interesse é
simplesmente absorver a música em si, e não a forma como ela é reproduzida.
Existem obviamente exceções e eu conheço várias onde me incluo e para citar mais
um exemplo, o amigo violinista da OSESP César Miranda, que além de ser um
excelente profissional, também é um audiófilo de prato cheio.
Ao longo desses anos, venho colhendo
informações que vivem na minha memória e relembrando alguns exemplos de músicos
não audiófilos, aqueles que tem no máximo um sisteminha simples de entrada,
entretanto possuem uma sensibilidade incrível para distinguir aquilo que é certo
ou errado, em termos de reprodução sonora.
Com relação ao vinil se contrapondo ao
cd, a coisa fica ainda mais curiosa. Citando alguns exemplos, certa vez num
encontro com César Camargo Mariano, onde aproveitei o ensejo, para que
ele me autografasse um vinil da década de sessenta do conjunto Sambalanço
Trio, recordo que ele disse que a reprodução do piano através do vinil, era
nitidamente superior em corpo e harmonia, com relação a versão em cd. O mesmo
ocorreu com Paulinho Nogueira, meu mestre e grande violonista, que também
dizia que as suas gravações em vinil eram superiores em termos de reprodução,
dando ao violão um corpo e timbre mais corretos.
Antonio Meneses, através do seu
livro "Arquitetura da Emoção", relatou o seguinte após uma gravação com
Karajan. O disco foi lançado em vinil e também na versão cd, no início da
mudança para a mídia digital. Ele relatou que estava ouvindo gravações que
existem nos dois formatos. ”Não sei o que é, tem alguma coisa mais humana na
gravação de vinil, apesar do som mais ruidoso, tem mais profundidade,
perspectiva, no digital tudo parece mais flat. Aliás, não gosto de ouvir
musica comprimida nos novos formatos digitais. Não aceito conferir as provas de
um novo cd em Mp3. Tenho a impressão que está tudo errado, que não foi aquilo
que você tocou”. Esta certo que Mp3 sem duvida é horroroso e concordo em gênero
e grau com a opinião do grande violoncelista Antonio Meneses.
Entretanto a realidade hoje é outra e
aqui saio em defesa dos cds. Existem gravações atuais espetaculares, sem
compressão, onde se percebe que ouve uma tremenda evolução, não só nos processos
de gravação, como também nos equipamentos de reprodução. O grande problema na
minha opinião, são as velhas gravações analógicas em vinil que foram
transformadas para mídia digital, onde se percebe claramente que ouve um
assassinato na qualidade sonora. Pior ainda são os vinis da época maravilhosa
das gravações Direct Cut e repetindo o que disse Antonio Meneses
quando ouço as versões em cd, tenho a impressão que está tudo errado, que não
foi aquilo que gravaram originalmente, apesar dos novos processos de
remasterização e outras inventices digitais.
Já que o vinil voltou com força total,
o meu conselho é que convivamos com os dois sistema vivendo em paz e harmonia.
Na minha opinião, um sistema High End que seja realmente completo além de
um excelente cd player, necessita também de um bom toca discos, para que ele
possa mostrar toda sua capacidade de reprodução sonora.
Boas audições
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