Dicas de Áudio
Bi-amplificação
Elétrica
Jorge
Knirsch
Introdução
Temos recebido
inúmeros e-mails de amigos e clientes, colocando questões e perguntas
sobre os mais diversos assuntos correlatos ao áudio, à acústica, à elétrica
e aos equipamentos, tanto a respeito de aspectos técnicos, como também
quanto às várias sinergias entre todos estes parâmetros que influenciam
na percepção musical final de um sistema de áudio. Muitas das perguntas
são gerais e bem interessantes e, por isto, suponho que devam interessar
a muitos audiófilos, melômanos e amantes do som e da imagem. Assim, no
sentido de dar uma divulgação maior a estes e-mails, sempre com a
permissão de quem tem colocado a pergunta e o questionamento, pretendo
publicá-los com as respectivas respostas, em uma série de comentários que irei chamar de
Dicas de Áudio, as quais poderão sair nas diversas seções dos
Artigos, dependendo da área a que são pertinentes. Nossas
explicações
estarão sempre dentro do texto enviado.
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Bi-amplificação
E-mail enviado por: Marcus Gabriello
Caro Jorge
Como vai você, tudo bem? Gostaria de lhe pedir uma informação sobre
bi-amplificação.OK!
Tenho um amplificador estéreo Krell 400cx. Esse
amplificador, como é sabido, possui um só transformador
para alimentar ambas as placas
laterais, responsáveis pelos canais esquerdo e direito.
OK!
No caso
de um amplificador monobloco, há um único transformador que alimenta somente uma
placa lateral, o que, acredito, dá a essa placa mais reserva de energia,
pois esse transformador não tem de dividir sua energia com outra placa
lateral, situada no mesmo gabinete, como é o caso de amplificadores
estéreos.
Jorge Knirsch comenta:
Isto não ocorre necessariamente, pois
depende do projeto do autotransformador, quanto à reserva de potência
com a qual foi projetado. Se a potência do único transformador for
adequada para tocar os dois canais juntos, não haverá problemas neste
sentido. Porém, na eletrônica, em circuitos amplificados, existe uma
distorção,
chamado de distorção por intermodulação, que é maior
no amplificador que usa um transformador comum para ambos os canais. Mas
Marcus, este é uma distorção praticamente inaudível. O sistema terá que ser
de elevadíssimo nível para que possamos, subjetivamente, ouvir alguma
diferença.
A minha dúvida é quanto à bi-amplificação com o uso de dois
amplificadores estéreo - um para o canal esquerdo e outro para o
canal direito. Visto que cada amplificador estéreo possui um
transformador que alimenta duas placas, ao mesmo tempo, em cada gabinete,
não haveria, nessa situação, menor reserva de energia para cada placa (se
compararmos com a bi-amplificação por meio de monoblocos dedicados)?
Jorge Knirsch
comenta: Você pode realizar esta
pseudobi-amplificação de duas formas diferentes. Com um amplificador
estéreo alimentando, por exemplo, o woofer do canal direito e com
a outra placa do mesmo amplificador, alimentando o woofer do
canal esquerdo. Aí então, com o outro amplificador estéreo, alimentaria
o médio/agudo do canal direito e com a outra placa deste segundo
amplificador alimentaria o médio/agudo do canal esquerdo.
Ou da forma
sugerida por você, como entendi, usando um
amplificador estéreo para cada canal, (pseudo) bi-amplificando cada caixa
acústica, o problema é
menor ainda. Imagine que um canal de um amplificador estéreo alimente o
woofer e, a outra placa do mesmo amplificador, a caixa satélite, onde estão o médio e o agudo da mesma caixa
acústica. Acontece que na distribuição de potência, em uma caixa acústica,
temos algo em torno de 70% do valor total de potência fornecida que irá
alimentar o
woofer e o restante irá para o médio e o agudo. Anteriormente, cada amplificador
alimentava uma caixa inteira, ou seja, 100% da potência era requerida por
cada
caixa, agora, na nova situação, um amplificador deve dispor de 70% da
potência da caixa para o woofer e o outro amplificador apenas 30%
para o médio e o agudo da mesma caixa. Portanto, na situação (pseudo) bi-amplificada, os
amplificadores, individualmente, são menos requisitados e a reserva de
potência torna-se maior, que
infelizmente, não se reverte, na maioria dos casos, em melhor qualidade
sonora.
Em outras palavras, o resumo do esquema é este:
Bi-amplificação com
amplificadores estéreos
Amplificador estéreo direito ---- --- um transformador para duas placas
laterais no mesmo gabinete
Amplificador estéreo esquerdo ----- um transformador para duas placas
laterais no mesmo gabinete
Bi-amplificação com
dois monoblocos
Monobloco direito ----- um transformador exclusivo para uma placa
lateral
Monobloco esquerdo ----- um transformador exclusivo para uma placa
lateral
Jorge Knirsch
comenta:
Esta colocação agora é um pouco diferente!
Na realidade os monoblocos não permitem uma bi-amplificação da forma que
você está propondo. A bi-amplificação consiste em alimentar o woofer
com um amplificador e os médios e agudos, da mesma caixa acústica, com
o outro amplificador. Na realidade, em uma bi-amplificação, os
amplificadores são colocados após o crossover e antes dos
alto-falantes. Portanto aqui estamos falando de uma
pseudobi-amplificação, ou seja, colocando os amplificadores antes dos crossovers das caixas
acústicas.
Todas as experiências que
fiz, com bi-amplificação ou até tri-amplificação, pseudo ou real, não resultaram em
apreciável ganho sonoro, que faça valer a pena o maior investimento. A dinâmica
aumenta, porém as regiões de crossover normalmente ficam
comprometidas, degradando o equilíbrio tonal, que se torna menos plano. De forma que,
prefiro os sistemas passivos. Assim, a alimentação das caixas acústicas
com dois monoblocos dará um resultado superior.
No amplificador
estéreo, ocorrem pequenas diferenças sonoras entre ambos os
amplificadores internos que, quando alimentam duas caixas acústicas, não são
tão perceptíveis. Porém, quando alimentam somente uma caixa acústica, bi-amplificando-a, podemos
perceber leves alterações sonoras nas
regiões de crossover das caixas.
É importante ressaltar aqui que estas diferenças, que são muito
pequenas, só serão percebidas em sistemas de altíssimo nível sonoro, em
salas adequadamente tratadas. Em salas com RT(s) maiores, não haverá
diferenças sonoras perceptíveis.
Outro
aspecto importante a considerar, caso você venha a fazer uma bi-amplificação: evite, de
todas as maneiras, usar amplificadores diferentes entre si (diferentes modelos
ou até diferentes marcas) para a amplificação
dos graves e dos médios/agudos. Neste caso, as distorções que, com
alta probabilidade, irão aparecer, na região de crossover, tornarão o
resultado sonoro bastante debilitado.
Um abraço
Marcus Antônio Gabriello - Ribeirão Preto - SP
Uma
excelente audição a todos, aquele abraço e até a próxima!!
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