DINÂMICA
I
Cd de Referência
Jorge Knirsch
Introdução
A dinâmica no áudio é realmente um dos assuntos
mais controvertidos que existem. Penso que a maioria dos audiófilos ainda não teve
a oportunidade de ouvir, de fato, uma alta dinâmica e alguns, embora falem dela, na
realidade ainda estão por conhecê-la. Vamos aproveitar esta oportunidade para
falar sobre este assunto de forma mais detalhada. Em primeiro lugar,
veremos qual é a sua importância relativa que a dinâmica tem entre os parâmetros da percepção
musical. Em seguida, mostraremos os fatores que
mais a influenciam e, finalmente, apresentaremos um primeiro cd de referência
neste quesito.
© 2004-2008 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os direitos reservados
http://www.byknirsch.com.br
QUAL A IMPORTÂNCIA DA
DINÂMICA
A dinâmica é a vida da música. É a diferença da
intensidade sonora entre o som mais alto e o som mais baixo que ouvimos,
por exemplo, em um concerto. Ela mostra os altos e baixos do
acontecimento musical e assim traz vida e calor à música. Evidentemente
que,
ao vivo, a dinâmica pode passar do limite de pressão sonora tolerável e
agredir nossos ouvidos. Ela é medida em dB e, a cada 3dB, a
intensidade sonora é dobrada.
Na reprodução sonora ela também é muito importante,
porém, para podermos apreciar uma boa dinâmica reproduzida, alguns outros parâmetros devem ser satisfeitos antes
deste. O parâmetro mais importante da reprodução eletrônica é o
equilíbrio tonal, também
chamado de neutralidade. Sem ele realmente fica muito difícil qualquer
reprodução, sob qualquer aspecto. Os graves, médios e agudos devem estar bem equilibrados. Os
graves não devem ser retumbantes, mas secos e definidos. Os médios
não devem ser duros e proeminentes, nem recuados, mas agradáveis e com uma composição harmônica correta, e finalmente os
agudos não devem ser metálicos nem ardidos, mas sim aveludados e com
extensão.
O corpo harmônico vem em segundo lugar, pois na verdade este
parâmetro está
ligado com o equilíbrio tonal. Ele deve estar presente e ser compatível com a
sala. Mas o corpo harmônico não deve ser confundido com as ressonâncias do
grave. Um grave retumbante atrapalha muito a audição correta, pois altera a
reprodução e não nos permite perceber o corpo harmônico correto dos
instrumentos/vozes da gravação. Para
que o corpo harmônico esteja correto, é essencial que os graves estejam
tratados acusticamente e estejam bem secos.
Em seguida a estes dois
parâmetros relevantes, vem a dinâmica: os altos e baixos da música. Ao contrário ao pensamento corrente, a dinâmica depende
mais da acústica e do volume da sala do que dos equipamentos em si. Por exemplo, salas
ditas nas medidas de ouros, ou seja, construídas na relação de 1 : 1,618 : 2,618,
conforme vários estudos na AES (Audio Engineering Society),
possuem uma forte atenuação em freqüências abaixo de 35Hz e ressonâncias
muito fortes entre 60 e 70 Hz, prejudicando de sobremaneira o equilíbrio
tonal e o corpo
harmônico e em conseqüência a dinâmica. E, quanto menor o volume da sala pior fica a reprodução. Nestes casos,
a dinâmica também fica realmente muito
prejudicada. Além disto, existem dimensões de salas com proporções
inadequadas para o som, que apresentam pobre dinâmica na
reprodução devido a relação de suas medidas. Inclusive, o posicionamento
correto das caixas acústicas, na sala, influi de sobremaneira o resultado
da dinâmica da reprodução. Portanto, é muito importante que a sala, com suas
dimensões relativas e seu
volume, permita uma reprodução plana e seca que não seja nem viva e nem
morta. Em salas mortas a dinâmica será percebida com muitas distorções.
O segundo fator que traz grande influência à dinâmica é a correta
instalação da energia elétrica e o seu adequado tratamento, que não deve tornar os agudos
estridentes. Mas mais importante ainda, para não engordar os médios baixos,
casos
tão comuns no nosso meio, é estar de sobreaviso com os aparelhos que usam transformadores sub-dimensionados.
O terceiro fator que influencia a dinâmica são os
equipamentos, pois normalmente atendem a dinâmica muito melhor do que os
outros fatores anteriormente mencionados. Não são raros os julgamentos
equivocados da dinâmica de
equipamentos, quando a acústica e a elétrica da sala não estão em ordem,
pois é exatamente aí
onde realmente se dá o problema da reprodução.
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Tenho notado também, ultimamente,
em sistemas do topo do pinheiro uma influência muito grande dos cabos de
interconexão. Existem cabos que não permitem
uma boa reprodução da dinâmica enquanto alguns outros, poucos, são muito
mais rápidos e
transmitem grande vivacidade à reprodução musical.
Além de tudo isso que mencionamos, precisamos ainda analisar a mídia gravada,
principalmente os cd´s. Este fator, em conjunto com a acústica, é talvez
a
parte mais triste da dinâmica. Os cd´s, de forma geral, hoje mais do que
no passado, são muito comprimidos. A maioria deles, principalmente os de rock, não possuem mais do que 3dB de dinâmica, o que
realmente é pouquíssimo! Enquanto que um concerto ao vivo pode chegar a
algo em torno de 100 a 120dB de intensidade sonora, a melhor gravação
poderá, na prática, não passar de, no máximo, algo em torno de 60dB! Esta é uma
entre várias razões porque um cd reproduzido não chega nem ao menos
perto de uma reprodução ao vivo. A dinâmica ao vivo é muito maior e, com
isto, a transmissão musical ao vivo é muito mais real.
Se os cd´s de rock possuem algo em torno
de 3dB, como falamos, pasmem, os cd´s ditos audiófilos, de forma geral, não
vão além de 6 a 10dB de dinâmica. Isto é muito pouco! Agora vejam,
o cd que estamos apresentando aqui é comercial e chega
a algo em torno de uns 20dB. Possuo alguns cd´s especiais que chegam até
60dB, porém não são comerciais e vocês não conseguirão achá-los: são os cd´s da revista AUDIO alemã.
Esta revista trouxe várias matérias sobre este
assunto como sendo o "Pé de Aquiles" das gravações modernas.
Na gravação o que limita a dinâmica gravada é a
compressão do sinal de áudio na captação deste sinal. Em cd´s de
rock chega-se a usar o "limiter" para não passar do limite máximo
do nível possível de gravação. Gravações mais antigas apresentam menor uso de
compressão e, com isto, tocam mais baixo em um dado volume. Isto quer
dizer que, se você tem um cd que toca baixo, significa que ele foi pouco
comprimido e terá provavelmente passagens mais altas. Estes cd´s normalmente são
melhores e colocados a reproduzir em um volume adequado e correto
transmitem uma vivacidade maior do acontecimento musical. Cd´s muito
comprimidos, em salas de audição crítica, não reproduzem com muita
naturalidade. A reprodução não fica mesmo muito natural. Ou seja, em outras
palavras, em uma sala de audição crítica, a percepção da dinâmica gravada
é muito forte e, com o tempo, sua audição começa a dar preferência para cd´s com maior
dinâmica.
HUGH MASEKELA: HOPE
Os dados são:
Título
: hope
Gravadora
: TRILOKA Records 2002;
Principais Artistas : Hugh Masekela;
Código de Barras : 7-93018-52152-9;
Eng. Gravação : Dave
Hewitt;
Eng. Mixagem :
Bernie Kirsch;
Data Gravação :
30/31/Julho;01/Agosto/1993;
Local
: Blues Alley, Washington, DC.
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A melhor faixa deste cd é a
última, a faixa 12: Stimela (The Coal Train) muito famosa. É usada por diversas empresas como
faixa de demonstração. Por exemplo, a Burmester e a B&W,
usaram esta faixa em seus cd´s de referência. No entanto, a gravação do original é
melhor do que nestes cd´s remasterizados, onde a dinâmica é reduzida. Ouça a
primeira vez com volume moderado para você se familiarizar com o cd, e depois
aumente o volume com bom senso. Seu sistema não pode distorcer nas passagens
mais altas! Outra faixa muito boa é a faixa 3: Mandela. Este cd é
interessante porque também é
muito bom no quesito de palco sonoro. Recomendo o cd mais antigo, usado, copiado
do original, que vocês poderão encontrar na Amazon ou no Second Spin. Vale a pena conferir!
Boas
audições!
Aquele abraço a todos!!
Até a próxima!!
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