O
título “Otimizando um Sistema de Som”, referente à série
de artigos que tenho escrito nos últimos meses, é na verdade um título
por demais redundante. Nos últimos anos, para ser mais preciso nestes
últimos 21 anos em que abracei este apaixonante hobby, só venho
procurando otimizar o meu sistema e não tenho feito outra coisa além
disto! Tenho procurado, por todos os meios, encontrar alternativas
para melhorar a reprodução do meu som, sempre com o objetivo de
chegar a imitar o som tocado ao vivo, mas tendo como despesa o menor
custo possível. Tenho certeza de que este também não deixa de ser o
almejado objetivo da grande maioria dos nossos leitores! Assim sendo,
não tem mais sentido dar este título aos nossos artigos, pois
obviamente “otimizar um sistema de som” é a razão de
todos eles! A partir de agora, portanto, daremos diretamente o título
de que trata o artigo propriamente dito.
Nos
nossos últimos artigos sobre energia elétrica, analisamos e tratamos
das várias opções que temos para ligar os nossos equipamentos à
rede elétrica. Analisamos sete situações diferentes como, por
exemplo, quando a tensão do equipamento é diferente da tensão da
rede. Num caso destes, vimos que precisamos utilizar um
autotransformador e, a partir daí, verificamos que conseqüências
este procedimento acaba trazendo para o resultado sonoro do nosso
sistema. Vimos também outras situações que costumam ocorrer com
maior freqüência na nossa vida real.
Após
ter escrito aqueles artigos, um amigo de Aracajú me ligou falando a
respeito de outras duas situações que eu não havia considerado.
Algum tempo depois, outros leitores também mencionaram estas mesmas
duas situações. Sendo assim, quero aqui tratar delas, pois é provável
que sejam duvidosas para alguns de vocês também.
© 2004-2008 Jorge Bruno Fritz Knirsch
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Oitava
Situação: Qual a melhor entrada de energia?
Vai
aqui a pergunta: vale a pena a gente puxar uma fiação exclusiva da
caixa de entrada de energia da nossa residência ou apartamento, para
alimentar o nosso sistema de som e vídeo?
A
resposta a esta pergunta é um declarado sim! Vale muito a pena! Puxar
uma fiação específica de alimentação para o nosso sistema traz
algumas vantagens muito importantes: para o som, há uma melhora no
palco sonoro, mas a principal melhora ocorre na separação dos
instrumentos e vozes, ou seja, um silêncio maior entre as notas se
torna evidente. Além disso, aparece uma melhora no foco. Há
vantagens também para a imagem do vídeo, que fica mais nítida! Com
todas estas vantagens, só posso recomendar vivamente que vocês façam
este “up grade” ! A razão técnica para isto é que, com
este procedimento, ocorre uma pequena redução do conteúdo harmônico
da energia que chega ao equipamento e é isso que traz as melhoras
descritas.
Mas
agora vocês me perguntarão: de onde devo trazer esta fiação? Da
caixa de distribuição de energia de dentro da casa ou apartamento,
ou devo trazer direto da entrada de energia da residência ou no caso
de um prédio, de lá de baixo da caixa de energia? Evidentemente, será
muito melhor trazer da entrada de energia da residência ou da entrada
de energia do prédio. Isto porque, quanto maior for a distância de
onde você trouxer a energia, melhor e maior será o efeito benéfico
sobre o som e sobre a imagem do seu sistema. Sei que, no caso de prédios
é muito difícil trazer a energia diretamente da entrada do prédio,
mas garanto-lhes que vale a pena o esforço e o trabalho que vocês vão
ter. A melhora é audível!! Aqueles que já participaram de cursos de
percepção musical, vão me entender, em razão das experiências que
lá realizamos.
Antes
de prosseguirmos nos aprofundando em como realizar esta nova entrada
de energia para o nosso sistema, vamos à nona situação, pois ela
está correlacionada à oitava. Depois voltaremos a dar mais detalhes
de como realizar esta nova fiação.
Nona
Situação: Quantas fases deve ter o sistema?
A
pergunta é: quantas fases da rede elétrica devemos utilizar para o
nosso sistema de som e vídeo? Será que, se utilizarmos mais de uma
fase, fará alguma diferença?
Aqui
a resposta é novamente um declarado sim!! Esta pergunta é atualmente
uma das que mais têm sido feitas, como por exemplo vimos fazê-la o
Indaulto de Brasília, na seção de cartas, em uma das últimas
revistas.
Bem,
a resposta teórica é que, quanto mais fases utilizarmos, melhor será
a qualidade sonora que poderemos atingir. Esta qualidade sonora fica
evidentemente restringida às três fases, que é o máximo de fases
que a concessionária coloca à disposição do usuário. Porém, a
resposta prática não é esta, mas a seguinte: na prática, o ideal
é utilizarmos duas fases e também o neutro. Isto, por três razões
muito simples:
Em
primeiro lugar, a vantagem que a segunda fase traz é muito maior do
que a vantagem acrescentada pela terceira fase. Portanto, a melhor
relação custo/benefício se atinge com a segunda fase. Em segundo
lugar, a terceira fase nem existe na maioria das residências aqui no
Brasil, de forma que, se alguém quiser utilizá-la talvez tenha que
fazer uma solicitação especial à concessionária local, para daí
puxar essa terceira fase e trazê-la à sua caixa de entrada,
evidentemente com custos adicionais. E por último, em muitas regiões
do Brasil, a terceira fase possui uma tensão diferente e mais alta do
que as outras duas e, portanto, não poderá ser utilizada.
Porém,
existe um detalhe muito importante quando se usa mais de uma fase no
sistema. É necessário se tomar muito cuidado com o neutro para não
ocorrer uma “Queima por Perda de Neutro”. Leiam o nosso
artigo “Alerta: O Perigo da Perda de Neutro”, colocado aqui
no site, para se familiarizarem com este assunto.
Através
das consultorias e instalações que estamos realizando por todo o
Brasil, tenho me deparado com um volume impressionante de entradas
ligadas de forma incorreta, quando duas ou mais fases e neutro são
utilizados nesta entrada! Este é um fato que realmente chama a atenção!!
O mercado, inclusive, tem oferecido aparelhos que apresentam um erro básico
de construção, onde este tipo de problema já aparece inerente à
sua própria constituição, como os condicionadores de energia que
utilizam duas fases e o neutro na entrada, resultando na queima aleatória
dos aparelhos ligados a ele!!
E o Aterramento : faz diferença
?!
Ocorreu-me
agora fazer uma décima pergunta (e espero que seja a derradeira!),
para completar o espectro de perguntas: vale a pena se fazer um
aterramento para o nosso sistema de som e imagem? A resposta aqui é
novamente um declarado e entusiástico sim! Sim, vale muito a pena e
por dois motivos:
A
primeira razão é devido a uma melhora audível no som. Vocês podem
achar que estou inventando, mas felizmente já fiz tantas experiências,
com e sem terra, em sistemas de som, que não há mais dúvidas: o
aterramento de um sistema de som e vídeo melhora a qualidade sonora e
também a da imagem!! Há outros poucos audiófilos e videófilos, como melômanos também, que já fizeram experiências neste
sentido, os quais também confirmam esta afirmação! Aterramento faz
diferença, sim senhor! Mas ... é incrível!!
A maioria não acredita nisso! Nós estamos falando já há
algum tempo que a acústica e a energia elétrica são os maiores
fatores de sucesso em um sistema de som e vídeo e ... a maioria dos
próprios audiófilos e videófilos não concebe nem realiza isto! Até
entendo, porque eu mesmo levei 20 anos para chegar a esta
estarrecedora conclusão! Espero que vocês levem bem menos tempo que
eu, por favor! (Desculpem o desabafo!).
Porém,
entendo porque muitos não adotam um aterramento. A primeira experiência
que fizeram trouxe muito ruído ao sistema! Isto porque fizeram um
aterramento com um “loop de terra”. Leiam nossa série de
artigos a respeito de aterramento, para saberem o que vem a ser isto.
A
segunda razão é por motivo de segurança. A existência do
aterramento evita, no caso de um mau funcionamento de algum aparelho,
a possibilidade de você vir a levar um choque elétrico, se encostar
na carcaça do equipamento. Além disso, todo sistema de proteção
que porventura você tiver no sistema (como por exemplo os
condicionadores de energia) funcionará melhor, se existir um
aterramento adequado. Isto vale também para proteção contra
transientes e raios.
Em
1997, publicamos uma série de cinco artigos sobre aterramento.
Nestes artigos, já colocados no nosso site, tratamos, com relativa
profundidade, toda a teoria e prática do aterramento. Ali você
aprenderá como realizar um terra para o seu sistema e também saberá
como e quais os equipamentos que deverão ser ligados ao terra.
Cuidado, não são todos os aparelhos que, indiscriminadamente, deverão
ser ligados ao terra!
Conclusão
Vimos
neste artigo alguns dos pontos mais importantes a serem considerados,
(entre eles os aparelhos de filtragem, os quais já tratamos no último
artigo desta série e já se encontra no site), a fim de obtermos uma
energia mais pura para o nosso equipamento, com uma conseqüente
melhora na qualidade do som e da imagem do nosso sistema, além de
aumentar consideravelmente a segurança de toda a nossa aparelhagem.
Após
a acústica, sem dúvida nenhuma, a energia elétrica é o aspecto
mais importante para a otimização de um sistema de som e imagem e já
vem sendo assim considerado por audiófilos e melômanos no Brasil
inteiro.
E
aí, a entrada de energia, o número de fases e o aterramento são os
pontos mais relevantes.
No
próximo artigo, vamos tratar destes aspectos de uma forma menos teórica
e mais detalhada. Pretendemos dar a vocês algumas sugestões práticas
de como realizar uma melhor entrada de energia, indicando os
principais produtos que poderão ser utilizados, com relação por
exemplo aos disjuntores e cabos. Também faremos um resumo dos artigos
que já publicamos sobre aterramento,
trazendo uma explicação de como realizá-lo em um apartamento
que não possui o terra central.
Desejo
a todos uma boa audição! Espero que todos venham a ter uma boa
entrada de energia e um bom terra e sem perda de neutro!! Isto fará
diferença!!
Aquele
abraço!!