Os Equipamentos de Filtragem da Energia Elétrica
Elétrica
|
No
último artigo analisamos as várias formas e possibilidades de ligarmos
o nosso equipamento à rede elétrica. Analisamos também o
transformador que, em algumas situações, se faz necessário para as
adaptações da tensão da rede às tensões dos nossos aparelhos.
Aqui neste espaço trataremos de trazer alguns esclarecimentos a
respeito da confusão generalizada que está existindo aí pela mercado
sobre os equipamentos de filtragem da energia elétrica da rede. Existem
tantas designações de aparelhos na praça que o grande público, e
inclusive o pessoal do ramo, não consegue mais discernir um aparelho do
outro. Por exemplo: o que é um filtro de linha? O que é um
estabilizador de tensão? O que é um condicionador de energia? Todos
eles têm a mesma função? Quais de fato são as funções de cada um?
Há diferenças entre eles? O que vocês acham? O que tenho visto é que
se está misturando alhos com bugalhos e a confusão tem sido geral e
total!! Temos que separar o joio do trigo e isto me proponho a fazer
neste artigo.
Vamos começar dando as principais
denominações dos aparelhos que existem no mercado:
|
a) Filtros de linha,
b) Estabilizadores de tensão,
c) Transformadores,
d) Condicionadores de energia,
e) Geradores de AC e
f) No Breaks (UPS)
Em
princípio, estes são os seis tipos de aparelhos básicos que, ligados à rede
elétrica, prometem trazer vantagens auditivas e de proteção ao nosso
equipamento de som. As marcas existentes no mercado para cada um destes
tipos são inúmeras. Neste artigo pretendo dar elementos que lhes
permitam discernir quais são os mais adequados para nós. Vamos fazer
uma lista das funções que os aparelhos de filtragem de energia elétrica
devem possuir para a nossa aplicação específica, que é a reprodução
de som e imagem em nossas salas.
É importante lembrar que nossos equipamentos de áudio e vídeo
representam cargas elétricas para os aparelhos de filtragem acima
enumerados. Como nossos equipamentos, na grande maioria, possuem
transformadores na entrada da energia elétrica, representam, portanto,
cargas elétricas indutivas para estes aparelhos de filtragem.
2004-2008 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os direitos reservados
http://www.byknirsch.com.br
As Funções dos
Aparelhos de Filtragem
As principais funções que eles precisam atender são:
1- Eliminação dos harmônicos da rede,
2- Correção do fator de potência da rede e do equipamento,
3- Eliminação de transitórios e de "spikes",
4- Proteção total contra raios e anomalias da energia elétrica e
5- Proteção contra sobretensões e subtensões.
|
Estas são as cinco características principais que precisamos nos
aparelhos de filtragem para uma boa reprodução do som. As duas
primeiras funções são de filtragem do AC, enquanto que as outras três
são de proteção de equipamentos. Alguns aparelhos podem apresentar
outras propriedades além destas, mas se você encontrar um que
apresente estes cinco pré-requisitos principais atendidos, valerá a
pena ouvi-lo no seu sistema. Comparando alguns aparelhos entre si, você
poderá escolher o melhor em termos de qualidade sonora e preço. A
escolha deverá recair sobre aquele que for mais neutro. Vamos então
analisar estes cinco itens para ajudá-lo a perceber se estarão sendo
atendidos ou não no aparelho de filtragem que você for investigar.
|
A
principal função dos aparelhos de filtragem para o áudio e vídeo é
sem dúvida a eliminação de todos os harmônicos da rede (uma tarefa
para Hércules!), isto porque os harmônicos são extremamente
prejudiciais, tanto os harmônicos de corrente, mas principalmente os
harmônicos de tensão. Estes harmônicos são a principal sujeira que
existe na energia elétrica que recebemos nas nossas
residências/apartamentos. Na música, eles tendem a "chapar" o som,
dando-nos a impressão de que todos os instrumentos estão tocando num
mesmo plano sonoro. Em outras palavras, os harmônicos não permitem a criação
do palco sonoro, o som parece qie sai das caixas acústicas. Mas quando a energia elétrica é filtrada, retirando
os harmônicos da rede, o palco sonoro (se as caixas acústicas estiverem
afastadas das paredes)
aumenta consideravelmente. Perceberemos a melhoria deste efeito positivo
nos vários parâmetros do palco sonoro: localização espacial,
profundidade, altura, recorte, focagem, respiro, ambiência, diferentes
planos sonoros e outros. Se no seu som não existir
nenhum palco sonoro, ou seja, se o som sair das caixas acústicas,
tocando em um mesmo plano, a retirada de parte dos harmônicos da rede já
permitirá criar um bom palco sonoro (mas o resto dependerá muito
mais da acústica da sua sala e já não tanto do seu equipamento). Se,
ao testar os aparelhos de filtragem da energia elétrica, você não
perceber diferença no palco sonoro, de duas uma: ou os aparelhos de
filtragem que
você escolheu não atendem este requisito, o que é bem possível, ou
existe algum equipamento no seu sistema que se apresenta como um elo
mais fraco, para a reprodução do som, do que a energia elétrica que
você recebe na sua casa.
Portanto, aqui já se tem um ponto de teste: os aparelhos de filtragem
devem criar ou aumentar o palco sonoro! Este ponto é o mais importante
da filtragem do AC.
Outra forma de interferência dos harmônicos se observa em relação
aos equipamentos de imagem. Quando se retira os harmônicos da rede, há
uma nítida melhora da imagem. A tela fica mais limpa, de forma que o
contorno dos personagens, por exemplo, fica mais definido.
Um
aspecto interessante, pouco conhecido e de importância suprema, é que
os harmônicos elevam a temperatura de funcionamento de todos os
equipamentos eletrônicos, incluindo aí os do sistema de áudio e vídeo.
Na cidade de São Paulo, em alguns bairros, a retirada dos harmônicos
da rede, já reduz em alguns graus Celsius a temperatura dos aparelhos!
Em várias outras cidades, coisas semelhantes também já têm ocorrido.
Este problema está se agravando no Brasil inteiro, devido à falta de
uma legislação sobre os limites máximos de harmônicos que,
principalmente por parte das indústrias, estão sendo injetados na rede
pública de energia!
2004-2008 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os direitos reservados
http://www.byknirsch.com.br
Infelizmente o que se vê hoje é que a grande maioria dos equipamentos
de filtragem à venda na praça não consegue retirar harmônicos da
rede. Bem ao contrário, muitos conseguem injetar ainda mais harmônicos,
face à topologia eletrônica de que se utilizam! Temos sorte que isto
é perceptível nos sistemas de nível de áudio/vídeo, tanto no som
quanto na imagem! Podemos assim tomar providências para não deixar que
os nossos aparelhos venham a esquentar excessivamente.
O
segundo parâmetro de avaliação é a questão da correção do fator
de potência. Nós já vimos em artigos anteriores o que vem a ser o fator de potência. Relembrando
rapidamente aqui, refere-se ao atraso da corrente elétrica em relação
à tensão, que ocorre devido as cargas, principalmente ao grande uso de
motores, de forma que a rede se torna fortemente indutiva. Inclusive
o nosso amplificador de potência, devido aos seus transformadores,
aumenta o fator de potência da rede, isto é, ele aumenta ainda mais o
atraso da corrente em relação à tensão. Uma defasagem muito alta
entre a corrente e a tensão, ou seja, um fator de potência muito
diferente de 1(um) do nosso sistema, afeta a dinâmica de reprodução do
som.
Existem experiências auditivas comprovadas, com uma base teórica
correlata, mostrando que o nosso sistema toca muito melhor quando a rede
elétrica é levemente capacitiva, ou seja, quando se faz uma correção
do fator de potência. A melhora é percebida principalmente pela maior
dinâmica do sistema, como também por uma maior transparência dos
agudos. Porém, atente para o aparelho que você estiver analisando e
verifique se ele possui uma correção do fator de potência pois a
maioria dos aparelhos de filtragem existentes no mercado não possui
esta correção. A grande parte dos entusiastas do áudio e vídeo desconhecem ainda as
conseqüências benéficas da correção do fator de
potência na reprodução sonora.
A
partir do terceiro parâmetro, que se refere a eliminação de transitórios
e "spikes" da rede, entramos na análise das proteções
necessárias para o seu equipamento. Este terceiro item é o mais
anunciado pelo marketing dos aparelhos de filtragem. A maioria dos
produtos à venda no mercado prometem atender a este requisito, porém
existe um senão. O resultado sonoro depende da topologia que for
utilizada no circuito elétrico para realizar esta função. Por que?
Porque conforme a topologia, consegue-se eliminar os transitórios e os
"spikes", mas pode-se acrescentar fortes harmônicos na rede,
na região dos agudos, que serão audíveis na nossa reprodução. O som fica
metalizado.
Devemos com certeza evitar estes produtos, que resolvem um problema mas
criam um outro muito pior. E normalmente a proteção anunciada não
atendem situações mais severas, de forma que poderão ocorrer danos aos
nossos aparelhos.
No artigo
intitulado "E a rede elétrica , você consegue ouvi-la?" Na
terceira parte , mostrei todas as principais topologias atualmente empregadas
para a retirada dos transitórios e "spikes", através dos
filtros eletrônicos. Por motivo de espaço aqui, não vou voltar a este
assunto. O que é importante relembrar é que existem dois tipos básicos
de filtros: os filtros com componentes em série e os com componentes em paralelo. Pois bem, existem estudos que
mostram que todos os filtros em série retiram harmônicos sim, mas
introduzem outros, em outra região do espectro de audição, portanto
estão resolvendo um problema para criar um outro, muito audível! A única
vantagem deles é que são mais baratos. Por outro lado, os filtros em
paralelo retiram harmônicos também e, quando bem construídos, não
introduzem outros, de forma que podem ser muito neutros. Mas são mais
caros. Como identificá-los na prática? Se, ao escutar o aparelho em
questão, os agudos ficarem mais presentes e "ardidos" ou metálicos,
então este aparelho está usando filtros em série. Normalmente os
agudos devem ficar mais transparentes, como se fossem ao vivo.
Infelizmente, muitos aparelhos de filtragem utilizam circuitos eletrônicos
em série para reduzir custos e criam com isto, no som, um agudo com
características metálicas. É aquele tipo de agudo que lhe dará, em
pouco tempo, fadiga auditiva. Portanto, ao analisar um produto verifique
bem como está a reprodução dos agudos.
O
quarto parâmetro refere-se à total proteção contra raios e anomalias
da rede elétrica. Os raios são fortes descargas elétricas na
atmosfera, que induzem na tensão da rede grandes transientes (picos de
altas tensões), podendo chegar a algumas centenas ou até milhares de
volts. Como os raios são fenômenos da natureza, sobre os quais não
temos ação, é muito difícil projetar um circuito de proteção que
segure todos os tipos de raios possíveis. Muitos aparelhos de filtragem
da rede são destruídos quando atingidos por raios e, muitas vezes,
permitem que componentes do nosso sistema também sejam destruídos.
Infelizmente, aqui não existe um teste antecipado, ou seja, não
destrutivo, para você saber se o aparelho em questão atenderá o
requisito. Porém, há uma forma de se reduzir o risco. Existem algumas
topologias eletrônicas nas quais o fabricante faz com que, quando o
raio for muito forte, o aparelho queime o seu próprio fusível de proteção,
separando assim o nosso sistema da rede elétrica e, também, não se
autodestruindo. Verifique então, no manual do aparelho ou com o
revendedor, qual a forma de proteção que ele oferece para este caso.
2004-2008 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os direitos reservados
http://www.byknirsch.com.br
O
quinto parâmetro (e último) é quanto à proteção de sobretensões e
subtensões. Existem regiões no Brasil onde as variações de tensão
realmente são grandes, indo além das tolerâncias máximas permitidas.
Isto ainda é um resquício das antigas concessionárias estatais, que não
adotavam proteções eficientes para evitar flutuações das tensões elétricas
da rede. Hoje, com a privatização das concessionárias, este problema
está diminuindo. Porém, como no exterior, nos países de primeiro
mundo, a existência deste problema é inconcebível, a grande maioria
dos aparelhos importados não possui proteção alguma para este
aspecto. Portanto controlar os limites da tensão da rede elétrica é
fundamental, e muito melhor, como veremos, do que estabilizar a tensão,
que acarreta outros novos problemas.
Os Aparelhos de
Filtragem
Vamos começar pelo primeiro aparelho que mencionamos na nossa lista:
os
filtros de linha. Nome hoje muito vulgar no mercado, inclusive
considerado por muitos o aparelho de filtragem. Existem basicamente dois
tipos deles na praça: o filtro de linha com um formato de uma régua de
tomadas, muito usado com computadores, e o filtro de linha com tomadas
de uso específico.
Os
filtros de linha, na verdade, têm apenas funções de proteção de
equipamentos (e não de filtragem de AC, como diz o nome) e comumente só
possuem a terceira função que definimos antes, ou seja, a eliminação
de transitórios e de "spikes" (na região de 100K a 300KHz).
Infelizmente, de forma geral, esta proteção é insuficiente para
variações mais fortes da tensão elétrica podendo atingir seus
equipamentos e danificá-los. São aparelhos menores e mais leves. Mas precisam ser escutados
atentamente, pois alguns podem metalizar os agudos. Por que? Porque
alguns desses aparelhos se utilizam de filtros eletroeletrônicos em série
(bobinas e indutores)
e com isto injetam harmônicos na rede, na região de 3K a 12KHz e
aumentando em demasia a impedância da rede elétrica! E o
que acontece? Como em seguida não há nada mais que filtre os novos
harmônicos injetados, você os ouve saindo das suas caixas acústicas!
Eles passam pelas fontes de alimentação dos aparelhos do seu sistema e
... vão parar nas suas caixas! Seu som fica metálico! Portanto,
analise bem estes filtros no seu sistema . Uma extensão simples
normalmente é melhor do que um filtro de linha!!
Existem várias histórias no áudio sobre filtros de linha. Uma delas
muito recente ocorreu no Nordeste, em Maceió. Um amigo meu, engenheiro
acústico, foi fazer uma medição em uma sala de audição. Ligado ao
sistema de áudio havia um filtro de linha com tomadas específicas.
Inclusive um filtro de linha importado, de uma renomada marca americana.
Este engenheiro acústico intercalou seu computador ao sistema de som,
para iniciar as medições acústicas, mas viu que o micro não estava
funcionando corretamente. Vai para lá, vem para cá, e nada de
descobrir a razão do mau funcionamento. Até que teve a idéia de
retirar o filtro de linha e de substituí-lo por um outro aparelho de
filtragem, foi só aí que o seu micro voltou a funcionar normalmente! O
que aconteceu? Ou este renomado filtro de linha importado não estava
retirando os harmônicos da rede, ou estava gerando novos harmônicos,
ou talvez, o que é mais provável ainda, não estava fazendo nenhuma
das duas coisas! Os harmônicos podem perturbar aparelhos eletrônicos
sofisticados, como por exemplo os lap tops. Muitos audiófilos, meus
caros amigos, utilizam filtros de linha como régua de tomadas. Que
sacrilégio!! Não sabem o que estão fazendo! Alguns ainda reclamam dos
agudos, mas não sabem o porquê deles estarem assim!! Como vocês vêem,
é uma confusão generalizada! Tem até revista de áudio recomendando
filtro de linha! Parece que não testaram nenhum deles!!
Antes de tratar agora dos estabilizadores de tensão, vamos tratar dos
transformadores, isto porque os estabilizadores se utiliza de transformadores.
Os transformadores, além de transformar os níveis de tensão, como já
vimos, também tem propriedades de filtragem, porém, ao contrário do que
o mercado acredita, não possuem nenhuma propriedade de proteção, sejam
os transformadores isoladores, como os autotransformadores. Eles conseguem retirar harmônicos
da rede apenas a partir de uns 8KHz. Porém, quando o conectamos ao sistema
de áudio, surge uma mudança sonora que pode de início ser até apreciável,
pois a primeira impressão que temos é que o som fica mais agradável:
mais limpo na parte das altas freqüências e com maior corpo harmônico
e, na parte do médio baixo, surge um volume sonoro maior. Porém, um
amigo nosso de João Pessoa, define esta mudança como "um som mais
duro". Este resultado pode variar de sistema para sistema. Mas, à
medida que os dias vão passando, vamos percebendo que os discos de
alguma forma ficaram com uma característica tonal muito semelhante
entre si e isso, com o passar do tempo, vai cansando e a gente chega a
um ponto nevrálgico, de não conseguir mais escutar. Por que? Todos os
transformadores, e principalmente os isoladores, são circuitos elétricos
em série e, portanto, introduzem harmônicos. Neste caso, em baixas freqüências, em torno de 100 a 500Hz. Aquilo que num primeiro momento
parece ser muito agradável, com o tempo, traz fadiga auditiva. O nosso
amigo de João Pessoa, como tinha que usar um transformador, colocou um
aparelho de filtragem que realmente retira os harmônicos da rede e aí
resolveu o problema, pois o seu sistema voltou a ter aquele equilíbrio
tonal necessário e indispensável.
2004-2008 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os direitos reservados
http://www.byknirsch.com.br
Pois bem, todos os estabilizadores de tensão utilizam-se de transformadores
e, portanto, sofrem dos mesmos problemas. Na verdade,
como muitos modelos se utilizam de tapes (derivações no secundário),
o volume de harmônicos é maior ainda. Existem outros que trabalham com
o assim chamado núcleo saturado, estes então são ainda piores. Os
estabilizadores de tensão são, sem dúvida, os aparelhos de filtragem
que mais harmônicos injetam na rede e não deveriam ser utilizados em
nenhum sistema de áudio/vídeo. Mas então, o que fazer? Como não
existe uma solução eletrônica para se estabilizar a tensão, que não
seja através de componentes em série com a própria rede, e que conseqüentemente
gerarão harmônicos, temos que procurar uma outra
alternativa. Uma delas é a de se ter um circuito que controle os
valores máximos e mínimos da tensão e que venha a desligar o sistema
se necessário. Por isso colocamos, como quinta função dos aparelhos
de filtragem, não a estabilização da tensão, mas sim a proteção de
nosso sistema contra sobretensões e subtensões.
Os estabilizadores de tensão, estabilizam de forma continua a tensão da
rede elétrica. Porém quanto mais rápida for a variação da rede, menor é,
de forma geral, a estabilização da tensão, chegando ao ponto, quando
houver uma variação muito brusca, como um pico, ou um transiente, ou
mesmo um raio, por exemplo, este
passará pelo estabilizador com pouca atenuação e, atingirá seus
equipamentos podendo destruí-los. Portanto o estabilizador, assim como o
transformador, não são sinônimos de proteção como muitos acreditam!!
E
aqui entramos na análise dos condicionadores de energia. Alguns destes
aparelhos podem atender às cinco funções que listamos. São
equipamentos que, de modo geral, nos oferecem a filtragem do AC e a
proteção dos nossos equipamentos. Muitos utilizam-se de circuitos em
paralelo, existindo várias topologias. Estes tipos de filtros podem ser muito potentes, permitindo
uma drástica redução dos harmônicos, principalmente daqueles de
baixas freqüências, que são os mais difíceis de serem retirados e que
trazem maior coloração para o nosso som. Os condicionadores de energia
podem reduzir os harmônicos, com um resultado sonoro muito neutro. Como
são filtros específicos para uma dada tensão da rede, não permitem bivoltagem. O que acontece também é que, para atender as três últimas
funções de proteção indicadas, de maneira correta, o condicionador
deve ser destinado a apenas uma tensão da rede. Portanto, evitem os
aparelhos que são de bivoltagem, pois não poderão atender a todas as
funções necessárias. Os condicionadores de energia podem ser muito
pesados e, quanto maiores e mais pesados forem, maior será o poder de
filtragem dos harmônicos. Algumas marcas de condicionadores de energia
possuem modelos com tomadas de uso específico. Estes aparelhos precisam
ser escutados atentamente para se verificar se, em alguma tomada,
filtros em série estejam sendo usados, criando com isso colorações,
que são harmônicos nas altas ou nas baixas freqüências. Isto porque
algumas marcas procuram com, este artifício, baratear o equipamento.
Tentam apresentar isto como um aspecto de marketing que, à primeira
vista, parece positivo, porém, no dia a dia, descobrimos que isso
engessa o manuseio do aparelho.
Alguns condicionadores de energia, apresentam uma característica que é
muito interessante aqui para o Brasil. Como vocês sabem, de vez em
quando a energia elétrica cai e, quando retorna, pode voltar no
primeiro instante com uma tensão mais alta, eventualmente queimando
algum aparelho. Estes condicionadores possuem um dispositivo interno
que, na queda da tensão da rede, se desligam automaticamente e não
religam quando a energia retorna, de forma a proteger todo o nosso
sistema. Eles religam apenas manualmente. É uma característica muito
importante e já salvou muitos sistemas por aí.
O
penúltimo aparelho de filtragem a ser analisado é o gerador de AC. Este
aparelho transforma a energia alternada da rede em energia contínua,
para então gerar uma nova energia alternada. Este processo reduz
bastante os harmônicos da rede, porém como são aparelhos com
componentes em série, geram novos harmônicos. Existem algumas marcas
porém que conseguem significativas reduções nos níveis de harmônicos.
Este processo contudo não permite a correção do fator de potência do
nosso equipamento, que é a segunda função que colocamos. Quanto aos
outros itens de proteção, eles normalmente não os possuem
incorporados, sendo necessário se verificar cada modelo. Dentre todos
os aparelhos de filtragem, são os mais caros, quando se analisa o custo
por KW de potência disponível que eles podem fornecer ao nosso
sistema.
2004-2008 Jorge Bruno Fritz Knirsch
Todos os direitos reservados
http://www.byknirsch.com.br
Como estes aparelhos geram uma nova rede, algumas marcas permitem uma
pequena variação da freqüência da nova rede elétrica, normalmente
acima da freqüência nominal. Isto traz algumas vantagens sonoras, pois
com uma freqüência de rede maior, os filtros internos dos aparelhos
retiram melhor os harmônicos da rede. Porém, muito cuidado! Alguns
conversores digitais/analógicos como também toca-discos usam a freqüência
da rede elétrica como referência interna e, nesses casos, estes
aparelhos poderão apresentar mau funcionamento.
Acrescento
aqui também o tão comentado no break. Ele está muito
falado no mercado e muitos estão usando este aparelho sem ter realmente
idéia de como ele funciona. Em poucas palavras é um aparelho também
que gera uma nova onda senoidal à partir de uma bateria. Porém a onda
gerada, na maioria destes aparelhos, é uma onda quadrada e não uma
onda senoidal, como deveria ser, com filtros agregados para reduzir um
pouco os harmônicos. Mesmo os aparelhos que dizem gerar uma onda
senoidal, ela não é pura e tem um conteúdo harmônico muito alto,
chega até a ser proibitivo seu uso. De todos os aparelhos comentados
estes apresentam o maior conteúdo harmônico. Não é relevante se os no breaks são de simples ou de dupla conversão, mas sim se a distorção
harmônica total (THD %) em tensão à plena carga é menor digamos do
que 1% (um porcento). Os aparelhos que atendem a esta condição são muito
caros e não os recomendo para nossos sistemas de áudio/vídeo,
principalmente quando geram a onda em PWM. Os únicos no breaks que
poderíamos eventualmente considerar são aqueles que geram diretamente
uma onda senoidal, com baixa distorção, custando milhares de reais, em cima de um transformador,
com todas as desvantagens que isto ainda traz consigo, como vimos nos
outros itens.
Conclusão
Espero
que os conceitos apresentados tragam maior discernimento para uma
eventual escolha e compra de um aparelho de filtragem. Toda a nossa análise
foi dirigida para o áudio e vídeo, não valendo para outros tipos de
sistemas, como por exemplo para computadores. Nossa análise foi específica.
Importante frisar que todas as percepções auditivas descritas só
serão percebidas se o seu sistema
de áudio/vídeo for de bom nível. Caso contrário, o elo mais
fraco na reprodução não será a energia elétrica, mas sim o seu
equipamento, de forma que, colocado qualquer aparelho de filtragem no
seu sistema, você não perceberá nenhuma das diferenças descritas.
Mas, à medida que o seu sistema for melhorando, aí então sim, valerá
a pena você investir em um aparelho de filtragem. Dentre todos os
aparelhos de filtragem que nós analisamos, quatro deles deverão ser
evitados. Em primeiro lugar, os no breaks. Este aparelho, via de regra,
acrescenta mais harmônicos do que retira da rede elétrica. Em segundo
lugar, os estabilizadores de tensão. Este aparelho traz mais malefícios
do que benefícios ao seu sistema. Nesta mesma categoria entram também os
transformadores, se não for absolutamente necessário, e principalmente os
transformadores de núcleos saturados. O quarto aparelho a ser evitado são
os
filtros de linha, pela razões expostas acima. Se você deseja atingir o topo
“high- end” do áudio, não utilize estes aparelhos. Não vale a
pena! Os outros componentes você deverá submeter a uma acurada audição.
Entre os outros dois aparelhos, condicionadores de
energia e geradores de energia, são os condicionadores de energia que
possuem a melhor relação custo/benefício e são tecnicamente mais
corretos, quando todos os componentes estão em paralelo com a rede elétrica.
Escolha os maiores e mais pesados. Escolha também um aparelho de
filtragem que possa atender a toda demanda de potência necessária do
seu sistema, com folga, pois não tem sentido você deixar de ligar
algum aparelho, ou deixar de fazer alguma melhoria no seu sistema por
falta de potência disponível, e também não ter proteção para estes
aparelhos.
Esperamos ter-lhes dado uma visão geral e abrangente sobre os
aparelhos de filtragem para o áudio e o vídeo. Apresentamos as
principais funções dos diversos tipos existentes no mercado, com as
características auditivas correspondentes, de forma a facilitar-lhes
uma possível aquisição. Desejo a vocês todos uma boa audição, com
um bom aparelho de filtragem!!
Até a próxima! Aquele abraço!
Voltar
-
PRODUTOS, PROJETOS E INSTALAÇÕES
|